Akemi Nitahara – Repórter da Agência BrasilEdição: Denise Griesinger
A partir da zero hora de segunda-feira (1º), os motoristas que passarem pela Ponte Rio-Niterói em direção a Niterói vão pagar novo valor de pedágio. O contrato que alterou a empresa que administra a concessão estabeleceu preço de R$ 3,70, em vez dos atuais R$ 5,20.
A Ecoponte vai administrar a via pelos próximos 30 anos e tem prazo de cinco para melhorar os acessos. Em Niterói, será construído o mergulhão sob a Praça Renascença; a pista sentido Rio vai ganhar uma alça de ligação com a Linha Vermelha; e no acesso à pista sentido Niterói será implementada a Avenida Portuária.
O ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, deve acompanhar o início das operações da Ecoponte na noite de hoje, ao lado do diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos, e do secretário estadual de Transportes do Rio, Carlos Roberto Osorio.
Em evento de reinauguração da Praça dos Estivadores, ontem (30), no centro do Rio, o prefeito Eduardo Paes disse esperar que a redução não incentive as pessoas a irem de carro para o Rio de Janeiro.
“Eu espero que não venha mais carro, porque a cidade não suporta, não comporta. Eu acho que a melhor alternativa é a barca. Enfim, tem que discutir esse modelo de concessões que se faz, porque eu acho que baixar pedágio estimula carro e carro é sempre inimigo de cidade”.
*Colaborou Dylan Araújo, repórter do Radiojornalismo
Das quatro revistas semanais, Época, da Editora Globo, foi a única que não dedicou sua capa ao escândalo de corrupção que atinge o futebol mundial; na chamada da reportagem interna, a Globo, que detém os direitos de transmissão dos principais campeonatos brasileiros, é vítima do empresário J.Hawilla; "como o empresário J.Hawilla criou e alimentou um esquema internacional de pagamento de propinas, que levou à cadeia dirigentes da Fifa", diz a chamada; ora, se Hawilla comprava os torneios e os revendia imediatamente à Globo, que é sua sócia em emissoras no interior paulista, não é aplicável o chamado domínio do fato?
31 DE MAIO DE 2015 ÀS 16:25
247 – Das quatro revistas semanais brasileiras, Veja, Istoé, Carta Capital e Época, esta última foi a única que não dedicou sua capa ao escândalo de corrupção no futebol mundial, que tem como personagem central o empresário J.Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic.
Hawilla, como se sabe, compra direitos de torneios como a Copa do Brasil, e os revende imediatamente à Globo. É, portanto, apenas uma atravessador. Mais do que isso, é sócio direto dos Marinho nas emissoras que possui no interior paulista. Ou seja: tem relações umbilicais com a Globo.
No entanto, quem lê Época, que dedica sua capa a uma bizarra edição retrô ambientada em 1985, sai com a impressão de que a Globo é vítima das traquinagens de Hawilla.
"Como o empresário J.Hawilla criou e alimentou um esquema internacional de pagamento de propinas, que levou à cadeia oito dirigentes da Fifa", diz a chamada do texto.
Ora, se Hawilla pagava propinas, de onde saíam os recursos? Evidentemente, da empresa que comprava os direitos de transmissão dos torneios que ainda hoje exibe. Não por acaso, a Globo cogita demitir o executivo Marcelo Campos Pinto, que é o "rei do futebol" na emissora – ele, no entanto, ameaça colocar a boca no trombone.
Qualquer que seja o desfecho do caso, é de se questionar: não seria aplicável, neste caso, a teoria do domínio do fato?
O que é mais difícil: administrar uma empresa rural com êxito ou manter a harmonia em uma família? Difícil saber. Mas há algo ainda mais complicado: irmãos administrando uma empresa familiar. São sentimentos e discórdias misturados com balancetes e negociações. É pouco provável que dessa relação não surjam embates, pois envolve áreas problemáticas. De um lado, há uma relação com a carga emocional de uma vida inteira; do outro, uma rotina pautada pela razão, por números e resultados.
O primeiro aspecto a se levar em conta é que, de uma forma ou de outra, contratempos surgirão. O âmbito empresarial no agronegócio é muito dinâmico. Há muito em jogo: relação com clientes, atendimento de demandas, controle de produção, logística, gestão de pessoas e, principalmente, dinheiro. Com tantas responsabilidades, é natural que sócios (e mesmo demais funcionários) se confrontem. Contudo, nesse ambiente impera um respeito mútuo ao qual nos submetemos em nome da boa convivência.
Agora, imaginemos as tensões profissionais no meio familiar, em umaatmosfera em que aquele respeito orientado pelas regras do mercado dá lugar à informalidade de quem se conhece desde pequeno. Pois os irmãos-sócios estão justamente nesse contexto, permeado de conflitos racionais, naturais (em função das atribuições empresariais), com o agravante de elementos emocionais. Em primeiro lugar, é fundamental ter clareza sobre a origem dessa sociedade. São sócios porque têm afinidades ou por uma questão sucessória? No primeiro caso, temos uma escolha; no segundo, uma contingência. E é aí que pode estar a origem de seus problemas.
Os objetivos dos sócios devem ser compartilhados em uma empresa normal, quanto mais em uma familiar. Por isso, o primeiro passo para a resolução de divergências nessa espécie de negócio é definir uma visão comum sobre o tipo de empreendimento, a forma de gestão e os objetivos gerais. Com isso, os demais inconvenientes são minimizados. Mas se a sociedade foi estabelecida somente em função de sucessão, com incompatibilidade entre as partes, algumas ações acabam tornando-se absolutamente indispensáveis.
Na segunda geração de direção familiar, o aspecto emocional costuma prevalecer sobre o jurídico, diferente do que ocorre na terceira geração. Dessa forma, irmãos são mais irmãos que sócios – e primos são mais sócios que primos. Portanto, é indispensável que as ferramentas de governança corporativa sejam estabelecidas levando-se em consideração as particularidades dessa associação. É preciso estabelecer claramente as funções e responsabilidades de cada um. Esse expediente leva à resolução de uma questão central: quem exerce a liderança do negócio e de que forma o faz.
Com isso esclarecido, pode-se partir à profissionalização da administração dos negócios no campo, no sentido de orientar as análises e decisões à objetividade, minimizando os impulsos. Assim, com regras claras, respeito ao organograma e comunicação franca mas respeitosa, caminha-se rumo ao controle emocional e à evolução racional.
Cilotér Borges Iribarrem Consultor em Governança e Sucessão Familiar em Empresas Rurais E-mail: ciloter@safrasecifras.com.br
"O que não falta à mídia tupiniquim é, justamente, cara-de-pau. Desse modo, o Jornal da Band deste sábado teve a audácia quase inacreditável de insinuar que 'Prisões de dirigentes da FIFA podem ter interesses políticos e econômicos'", argumenta Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania; "será que foram Dilma, os EUA e a Record que obrigaram J. Hawilla a fazer suas traquinagens – em parceria com herdeiros da família Marinho e outros personagens menores – ou será que existe mesmo uma sujeira muito grande, e decenal, conspurcando os tais 'negócios do futebol'?"
O empresário José Hawilla, proprietário da Traffic, já vai se tornando íntimo dos que curtem – e até dos que odeiam – futebol. O “parceiro comercial” predileto dos cartolas da Fifa e das empresas de mídia – Globo à frente – que exploram (literalmente) o futebol brasileiro foi o estopim para o escândalo de corrupção que eclodiu ao longo da semana.
Graças a acordo de delação premiada do empresário com a Justiça americana, o FBI estourou escândalo que envolve dirigentes esportivos como José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), preso na última quarta-feira (27) junto com outros dirigentes de entidades das Américas do Sul, Central e do Norte.
Para que não restem dúvidas sobre a seriedade do caso, segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos o executivo foi procurado em dezembro do ano passado e aceitou as acusações de extorsão, fraude e lavagem de dinheiro e selou um acordo de “delação premiada” de US$ 151 milhões, dos quais US$ 25 milhões foram pagos à vista.
Só tendo muita cara-de-pau, portanto, para sequer insinuar que empresas de mídia que estariam “de fora” da divisão do bolo de transmissão do futebol estariam participando, em conluio com os Estados Unidos da América, de uma conspiração que poderia ter “interesses políticos e econômicos”.
Bem, o que não falta à mídia tupiniquim é, justamente, cara-de-pau. Desse modo, o Jornal da Band deste sábado teve a audácia quase inacreditável de insinuar que “Prisões de dirigentes da FIFA podem ter interesses políticos e econômicos”.
Não acredita?
A teoria da Band é a de que as prisões efetuadas pela polícia suíça ao longo da semana “Podem ter interesses políticos e econômicos”.
Quais interesses? A matéria não soube explicar. Começa dizendo que o alvo dessa conspiração ianque poderia ser “a Rússia, sede da próxima Copa”. Mas o que é, diabos, que os EUA estariam pretendendo? Será que querem tirar a Copa da Rússia para trazê-la para o território norte-americano?
E, claro, não poderia faltar alguma insinuação contra o governo Dilma Rousseff. A bela apresentadora da Band diz que, “Aqui no Brasil, o temor é que o caso leve a uma tentativa de intervenção do governo no futebol brasileiro”.
Ou seja: o governo Dilma estaria mancomunado com o FBI para, quem sabe, estatizar o futebol brasileiro. Só pode ser essa a tese. Há que especular, porque a reportagem da Band não diz que tipo de intervenção seria essa, até porque está claro que não sabe o que inventar, já que não existe uma hipótese crível para tal bobagem.
Como indício de conspiração, a reportagem cita que as prisões foram levadas a cabo “A dois dias da eleição na Fifa”, como se todo esse monte de sujeira que está brotando do caso tivesse sido inventado para influir nessa eleição. Provavelmente J. Hawilla teria sido abduzido pela conspiração comuno-capitalista que envolve o governo norte-americano e o brasileiro e quem sabe a Record, interessada em tomar de Globo e companhia a exploração das imagens dos jogos.
A Band chegou ao ridículo de colocar um gringo com sotaque carregado para conferir verossimilhança à tese maluca:
— Questões políticas e geopolíticas também estão atrás dessa ação do governo dos Estados Unidos. Com certeza (…) Um dos grandes apoiadores do que se passa é a Rússia. A Copa do Mundo vai ser realizada na Rússia. Então isso é um recado ao governo russo, que os Estados Unidos estão de olho no que está acontecendo na Fifa.
Uau! Que revelação. Mas, afinal, qual é mesmo a revelação, que “Os Estados Unidos estão de olho”? Qual é a tese, afinal? O que os EUA pretenderiam supostamente inventando um esquema de corrupção na entidade?
A reportagem ainda teve a falta de vergonha na cara de colocar uma fala do respeitável Valter Maierovitch dizendo que tem que investigar tudo mesmo e que o caso deverá despertar o interesse de autoridades brasileiras para fazer crer ao espectador desatento que o ex-desembargador concorda com a teoria da conspiração mal-ajambrada.
Palavras de Maierovitch:
— O Brasil vai ter que passar a limpo não só a CBF. Nós temos, ainda pendente, o Panamericano, que custou muito e se desviou muito, entre aspas.
Ora, o que diabos tem que ver essa fala de Maierovitch com uma reportagem intitulada “Prisões de dirigentes da FIFA podem ter interesses políticos e econômicos”? Ele está dizendo justamente o contrário, ou seja, que há motivos muito sólidos para investigar tudo, inclusive com participação do governo brasileiro.
A locução do repórter de campo da Band prossegue:
— Há setores muito preocupados com uma possível intervenção do governo na administração do futebol brasileiro…
E tome “especialistas” formulando teorias conspiratórias que não se entende quais seriam. Um tal “especialista em marketing esportivo” tirado do bolso do colete ainda tenta formular alguma coisa. O escândalo poderia “ser visto como oportunidade” para “Grupos que estão de olho nos negócios do futebol para ocupar espaços que até hoje não conseguiram”.
Segundo o tal especialista, os que não participam dos “negócios do futebol” precisariam de “uma ruptura, uma grande crise” para que esses grupos de mídia que não estão nesses “negócios” possam tirar uma parte do bolo.
O que quer dizer tudo isso? Que Globo e Band acham que a Record estaria por trás de tudo isso, juntamente com os EUA e o governo comuno-petista de Dilma Rousseff. A emissora de Edir Macedo estaria provendo informações a laranjas para desacreditarem as sacrossantas emissoras que controlam a veiculação do esporte.
Mas será que foram Dilma, os EUA e a Record que obrigaram J. Hawilla a fazer suas traquinagens – em parceria com herdeiros da família Marinho e outros personagens menores – ou será que existe mesmo uma sujeira muito grande, e decenal, conspurcando os tais “negócios do futebol”?