Um mês após o início da cobrança de estacionamento dos shoppings de Salvador, o cenário não tem sido muito animador para os lojistas; com faturamento que já mostrava sinais de queda desde fevereiro, os comerciantes dos grandes centros comerciais afirmam não ter motivo para celebrar, já que a medida que impõe uma nova tarifa ao cliente do shopping, pode ter afastado ainda mais o consumidor receoso em gastar no atual momento da economia
25 DE JULHO DE 2015 ÀS 13:46
Tribuna da Bahia - Um mês após o início da cobrança de estacionamento dos shoppings de Salvador, o cenário não tem sido muito animador para os lojistas. Com um faturamento que já mostrava sinais de queda desde fevereiro, os comerciantes dos grandes centros comerciais afirmam não ter motivo para celebrar, já que a medida que impõe uma nova tarifa ao cliente do shopping, pode ter afastado ainda mais o consumidor receoso em gastar no atual momento da economia.
E, se nos anos passados, ações de liquidação serviam para zerar estoque e render lucros, em 2015, elas serviram para amenizar os prejuízos causados pelas compras em decréscimo.
Um futuro nebuloso é o que fica na mente de gerentes e vendedores, como Patrícia Soares, que trabalha em um estabelecimento de moda íntima feminina, no Shopping da Bahia. Sua avaliação para o atual momento dificilmente envolve algum tipo de ânimo. Segundo a vendedora responsável, a dificuldade de vender desde o início do ano conseguiu acentuar-se há pouco mais de um mês.
"Calculamos uma média de 15 a 20% de queda, e não tivemos como fazer muita coisa desde então", relata ela, acrescentando que nem o período da Liquida Bahia conseguiu trazer algum conforto.
Já a atendente Marilda Almeida, que também ocupa a gerência de uma ótica no 2º piso, relatou um novo comportamento do consumidor dos shoppings baianos. A pressa excessiva. De acordo com ela, virou uma rotina muito comum, os clientes aparecerem e quererem ser atendidos bem rapidamente, demorando o mínimo que seja dentro da loja. "Dificilmente eles estão calmos, e, quando perguntamos, podemos constatar que o motivo é o mesmo: tempo calculado para não pagar o estacionamento, ou não pagar mais do que as duas horas", afirma ela.
Segundo explica a gerente, o comportamento provocado pela medida acaba sendo muito ruim. No segmento da ótica, onde é preciso experimentar as armações para ver se estas se adéquam ao rosto, ou se correspondem ao grau solicitado pelo cliente, toda a calma é necessária para que o próprio consumidor não cometa erros ao afirmar que seu produto está correto. "Já tivemos casos, nessas últimas semanas de clientes que vieram buscar os óculos, na pressa, sem experimentar direito, e horas depois, em casa, nos ligou, afirmando que não foi esse o produto que pediu".
Além da queda de 20% no faturamento, a gerente aponta que, todos os dias, após as 20h, o movimento de pessoas cai drasticamente, e quase não se realiza atendimentos nas últimas duas horas de funcionamento.
Impacto negativo
Enquanto isso, para a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), o impacto negativo inicial não surpreende. De acordo com representante da seccional baiana da entidade, Edson Piaggio, os três primeiros meses de cobrança deverão ser os mais difíceis, contudo, já se pode esperar uma melhora após o período em que o consumidor "absorver" a cobrança como parte da rotina. Para ele, a queda nas vendas não foi impactada somente pela cobrança, já que o momento econômico do país também tem contribuído para o decréscimo de faturamento.
"Após este primeiro mês de cobrança já é possível notar que o consumidor já dissolveu tranquilamente a cobrança. O público baiano já está acostumado a pagar estacionamento em outras ocasiões. A Bahia não é diferente de outros lugares. E no restante do país, a cobrança do estacionamento também teve impacto negativo no primeiro momento, voltando a estabilizar-se", relata Piaggio, acrescentando que espera melhoras após os três primeiros meses de adaptação do público
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