18/08/2015 18:40
Depois de mais de três décadas vivendo na iminência de perder tudo por enchentes
do Rio Aquidauana, Mirian Belo e família mudam para uma casa segura e já podem
sonhar com um futuro ainda melhor
Anastácio (MS), 18 – Durante mais de 30 anos, Mírian Belo da Silva, 55 anos, e sua família
viveram com medo das chuvas. A casa era simples, telhado baixo de amianto, com escoras
perfuradas por cupins e chão de piso queimado, às margens do rio Aquidauana. A cada chuva
forte, o rio avançava para dentro do lar e eles conviviam com a certeza do alagamento.
A casa foi comprada pelos seus pais, João Belo da Silva e Regina Oliveira da Silva. Mírian
chegou a contar dez grandes enchentes com água até a cintura. Já perdeu fogão, colchão
e móveis e já correu muitas vezes para as casas dos vizinhos em busca de abrigo. “Meu pai
falou que o dia em que eu quisesse sair dali, eu ia conseguir mudar para melhor. Ele não
está aqui agora para ver minha alegria de ter uma casa”, conta emocionada.
Mírian é uma das beneficiárias do Residencial Cristo Rei, inaugurado no dia 10 de agosto,
em Anastácio, município do Pantanal sul-matogrossense. Foram 809 habitações construídas
com recursos dos programas de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) e Minha Casa Minha
Vida. Além dela, outras 49 famílias ribeirinhas da cidade já se mudaram para o novo endereço,
que ainda tem quadra poliesportiva, academia, posto de saúde, creche, escola em construção,
avenida e ruas pavimentadas. Tudo com sinalização e acessibilidade.
Ubirajara Machado/MDS
Ao receber a chave da casa, começou a chorar: um misto de alegria, alívio, agradecimento e
também uma homenagem ao seu João. Sua história, de muitas dificuldades, Mírian narra de
maneira simples. “Nós fomos criados em fazenda. Meus pais tiveram cinco filhos e lá não tinha
escola. Eu comecei a estudar com 12 para 13 anos e parei de estudar na 2ª série. Comecei
a trabalhar com 15 anos. Depois casei e tive meus três filhos.”
Leia também: Desde adolescente trabalhando como faxineira, só voltou aos estudos depois que separou
do marido, há 17 anos. E, então, conseguiu concluir o ensino fundamental no programa de
Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Eu só tinha uma faxina para fazer nessa época.
Cuidava de dia da minha mãe e estudava à noite. Pagava uma pessoa para ficar com
ela para eu poder estudar.”
Mírian achava que nunca iria conseguir uma casa própria com o seu trabalho de diarista.
Ela ganha de R$ 40 a R$ 60 por faxina, que varia conforme o tamanho da residência. O
Bolsa Família complementa sua renda e é usado para pagar a água e luz e comprar gás
e material escolar para os netos.
Ubirajara Machado/MDS
Para o novo lar, vão junto a filha, Juciene Caetano da Silva, e seus dois netos. E, agora,
todos vivendo de maneira mais segura, o que permite planejar o futuro. “Meus filhos
estudaram. Dois concluíram o ensino médio. E um parou na 5ª série. Dou todo o apoio,
toda força, para os meus netos, porque eu não tive oportunidade. Quero que eles sigam
os estudos até onde eles quiserem ir.”
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