Da Redação
Por Jean Wyllys
O charlatanismo travestido de fé é uma grave ameaça à saúde pública, e os órgãos públicos de saúde jamais se posicionam contra a ação destas pessoas. É preocupante perceber que o próprio Ministério da Saúde sequer tenha empreendido uma campanha de conscientização contra a oferta destes tipos de tratamento que exigem a interrupção do tratamento médico.
Recentemente vimos, também, o Legislativo tentando legalizar os tratamentos de reversão da homossexualidade empreendidos por grupos religiosos. Tratamentos que já provocaram grandes escândalos no exterior e que são diretamente responsáveis por vários suicídios e episódios de exploração sexual.
Há, também, comunidades terapêuticas ligadas às instituições religiosas que recebem, do Governo Federal, recursos destinados ao tratamento compulsório de usuários de drogas. Estas instituições não oferecem qualquer suporte à saúde mental, não são fiscalizadas e muito menos contam com acompanhamento médico, oferecendo um tipo de tratamento laboral que, muitas vezes, coloca pacientes em situação análoga à escravidão.
Ainda que estas instituições tenham total liberdade de oferecer tratamentos à base da fé, capitalizar financeiramente com o sofrimento alheio e impedir que uma pessoa busque tratamento médico não pode ser entendido como um ato de menor importância. Há pessoas morrendo à míngua por conta das promessas de cura inclusive em redes sociais! O Estado também precisa ser responsabilizado por não conscientizar estas pessoas sobre a importância de jamais abandonar os tratamentos médicos.
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