O setor público gastou R$ 217 bilhões com pagamento de juros aos investidores nos últimos 12 meses, segundo o Banco Central. Um ano antes, no período de abril de 2011 a março de 2012, o gasto havia sido de R$ 237 bilhões. A diferença, R$ 20 bilhões, é praticamente o orçamento do programa Bolsa Família em 2012 (R$ 21 bilhões).
Sílvio Guedes Crespo
Sílvio Guedes Crespo
Ainda, essa trajetória de redução nas despesas com juros pode não se manter no médio prazo, pois ela ocorreu ao mesmo tempo em que a inflação acelerou.
Inflação
O BC reduziu a taxa básica de juros (a chamada Selic) de 12,5% ao ano, em julho de 2011, para 7,25%, em outubro do ano passado, nível que foi mantido até o dia 18 de abril. Com essa queda, caíram também os juros ao consumidor, levando a um aumento da demanda por bens de consumo.
Como a produção de bens não aumentou na mesma proporção, a inflação acelerou, até atingir 6,59% nos 12 meses encerrados em março.
Mas também tiveram uma alta considerável os preços de bens de consumo como roupas (6,8%) e móveis (4,4%) – mercadorias, essas sim, que muitas vezes são parceladas.
Gastos com juros
Há duas semanas, o BC voltou a subir a taxa básica de juros, para 7,5% ao ano, e provavelmente a elevará a 8,25% até o fim do ano, segundo projeções de instituições financeiras.
De onde o governo vai tirar dinheiro para continuar alimentando os ricos e os pobres? Se as empresas voltarem a aumentar investimentos, há chance de termos melhora na atividade econômica e, consequentemente, mais geração de impostos. Caso contrário, o governo provavelmente terá que escolher entre conter gastos, retomar a arrecadação ou deixar a dívida subir. A sorte, vamos dizer assim, é que ainda há gordura para queimar nas despesas públicas.
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