terça-feira, 26 de março de 2013

Café tem preço mais baixo em 4 anos




Crise no mercado internacional e excesso de estoques derrubaram valores pagos aos cafeicultores em toda a região

Tisa Moraes

A crise no mercado internacional e o excesso de estoques derrubaram o preço do café vendido pelo produtor no Brasil. Se, há 15 meses, a saca de 60 quilos era comercializada a R$ 500,00, hoje este valor não ultrapassa os R$ 300,00.
A situação é considerada tão grave que especialistas do setor afirmam que somente com intervenção governamental é que será possível encontrar uma solução para o problema. Caso contrário, produtores acreditam que poderá acontecer com o café o que ocorreu em setembro do ano passado com a laranja, quando muitos citricultores desistiram de colher a fruta, que acabou apodrecendo no pé.
“A única diferença, neste caso, é que o café não é um produto tão perecível quanto a laranja”, pondera Maurício Lima Verde, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) e representante dos produtores brasileiros do setor privado na Organização Internacional do Café (OIC).
O período de colheita dos grãos começa em maio e se estende até setembro. Antes disso, de acordo com Lima Verde, o governo federal terá de intervir para que os produtores não sejam duramente penalizados. “A solução é o governo começar a comprar o café do produtor, ao menos uma parte suficiente para que o produtor tenha condições de cumprir seus compromissos neste ano. Caso contrário, muitos vão deixar de colher”, frisa.
Segundo ele, o produtor gasta, em média, R$ 450,00 para produzir cada saca de café, sendo que metade deste valor corresponde apenas ao processo de colheita. Maior do que o preço de venda, o custo de produção só vem sendo viável até agora porque os cafeicultores contam com financiamentos governamentais.
Crise e estoque
Entre os principais fatores que explicam a queda de preços – a pior desde outubro de 2009 – estão a crise no mercado internacional, principalmente o europeu, que ainda está com excesso de estoques. “O mercado ainda está abastecido. Antes, a compra era feita com certa antecedência. Agora, eles compram num prazo curto, para até 15 dias, até porque encontram café no mundo inteiro”, observa.
Associada à redução do consumo nestes mercados, a estimativa de aumento da produção brasileira para a próxima safra – que deve chegar a 50 milhões de sacas – também não traça cenário favorável à recuperação das cotações. E o mesmo aumento de oferta deve ser verificado no restante do mundo, que deve colher 130 milhões de sacas neste ano.
“Caso nenhuma medida for adotada,  o prejuízo será enorme. No Brasil, são 15 milhões de pessoas ligadas à atividade e que serão direta ou indiretamente afetadas”, frisa.
Já para o consumidor, pelo menos momentaneamente, o cenário crítico não deve provocar grande impacto no preço final do café. Isso porque, de acordo com Lima Verde, a matéria-prima corresponde a apenas 20% do preço do produto no varejo, que também é influenciado por outros custos como torrefação, embalagem, impostos, publicidade e especulação.

JCnet

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