Coreia do Norte: aperte o cinto de segurança
Antes de nos preocuparmos com o caminho das possibilidades apocalípticas, vale a pena notar o que não aconteceu. Para um país que está tecnicamente em estado de guerra com seu vizinho, é estranho, para dizer o mínimo, que ele continue permitindo 123 companhias do inimigo de operar numa zona industrial transfronteiriça empregando mais de 50 mil de seus trabalhadores. A análise é do 'The Guardian'
The Guardian - Editorial
Nos dois dias passados, a Coreia do Norte rasgou o armistício que assinou com Seul em 1953, o conselheiro de segurança de Obama avisou Pyongyang que se houvesse ataque nuclear, enfrentaria "todo o alcance de nossas capacidades", e a China anunciou que mandará um grupo para examinar algumas ilhas inabitadas que pertencem ao Japão. Enquanto a Coreia do Norte revogou o armistício pelo menos sete vezes antes, e muito do drama norte-oriental asiático trata-se de pura retórica, existem medos genuínos neste estopim de hostilidades.
Primeiro, isso já aconteceu antes. Os acontecimentos de agora podem ser meramente uma retomada das tensões de quatro anos atrás, quando sanções sobre testes nucleares e de mísseis acabaram num conflito em mar, o qual Seul diz ser vitorioso. Quatro meses depois, a Coreia do Norte atingiu e afundou um navio de guerra sul-coreano, matando 46 pessoas, e mais tarde, no mesmo ano, bombardeou uma ilha depois de a Coreia do Sul ter ignorado o aviso para cancelar um teste com artilharia. O então presidente sul-coreano Lee Myung-bak foi esmagado pelo que foi visto internamente como uma resposta fraca e atrasada. Tal opinião não está disponível para seu sucessor Park Geun-hye. Se o mesmo acontecer novamente na disputa pelas águas do mar Amarelo, a promessa sul-coreana é de revidar com força.
Segundo, testes nucleares e mísseis bem sucedidos podem ter dado vazão a generais norte-coreanos pensarem que a Coreia do Norte não se atreverá a responder outra provocação. Um analista comparou isso ao "efeito cinto de segurança". Depois dos cintos serem incorporados aos carros, um economista da Universidade de Chicago, Sam Peltzman, notou que muitos motoristas usaram este adicional de segurança provido pelo cinto para, então, dirigirem de maneira mais inconsequente. Ele o chamou de "substituição de risco". O mesmo parece estar por acontecer agora. Quando o comando superior do exército norte-coreano disse em cinco de março que fariam "um ataque justiceiro a qualquer alvo a qualquer momento que quisessem, sem limite", pode ser que seja sério.
Antes de nos preocuparmos com o caminho das possibilidades apocalípticas, vale a pena notar o que não aconteceu. Para um país que está tecnicamente em estado de guerra com seu vizinho, é estranho, para dizer o mínimo, que ele continue permitindo 123 companhias do inimigo de operar numa zona industrial transfronteiriça empregando mais de 50 mil de seus trabalhadores. A produção pode ter parado de operar na segunda-feira, mas o fluxo de sul-coreanos se agrupando pela fronteira de Kaesong não teve entraves naquele dia. O Norte ameaçou fechar este experimento transfronteiriço, mas até agora não o fez. Mais importante, a China parou de apoiar o controverso país. Foi um dos responsáveis na resolução do Conselho de Segurança em atualizar as sanções de uma solicitação para uma imposição. Isto é ao mesmo tempo frustrante e irritadiço no desafio norte-coreano, e - embora a China continue a expressar a falta de influência do Japão sobre a Coreia do Norte - existe ainda muito mais a ser feito para se ver seu desagrado.
Se algum poderoso país nuclear pode ter êxito em mudar o curso de Kim Jong-un, será a China. O que se explica, porque debates públicos na Coreia do Sul e Japão sobre se armarem com armas nucleares são contraproducentes. A chave para a resolução desta crise norte-coreana continua sendo Beijing. Não será encorajando uma corrida armamentista nuclear em sua porta que se resolverá. É também por isso que o custo real de disputas cada vez mais acirradas da ilha, entre potências regionais China, Japão e Coreia do Sul, vai urgindo. Além de infinitamente repetido os argumentos históricos sobre a soberania, que é um jogo de soma zero, uma nova abordagem apoiada pela ONU precisa de ser encontrada que escamoteie a questão da propriedade e se concentre em vez disso na partilha e no policiamento de conservação do mar em torno deles.
No meio dessa turbulência regional, quem tem a melhor solução é Taiwan - da qual a cadeia de ilhas disputadas, conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyutai em Taipei, está mais próximo e está geologicamente ligada. O presidente Ma Ying-jeou propôs uma abordagem em duas etapas para resolver a disputa entre os três requerentes, sobre a qual a China ainda tem que responder. Deveria responder. Existem peixes maiores para fritar.
Primeiro, isso já aconteceu antes. Os acontecimentos de agora podem ser meramente uma retomada das tensões de quatro anos atrás, quando sanções sobre testes nucleares e de mísseis acabaram num conflito em mar, o qual Seul diz ser vitorioso. Quatro meses depois, a Coreia do Norte atingiu e afundou um navio de guerra sul-coreano, matando 46 pessoas, e mais tarde, no mesmo ano, bombardeou uma ilha depois de a Coreia do Sul ter ignorado o aviso para cancelar um teste com artilharia. O então presidente sul-coreano Lee Myung-bak foi esmagado pelo que foi visto internamente como uma resposta fraca e atrasada. Tal opinião não está disponível para seu sucessor Park Geun-hye. Se o mesmo acontecer novamente na disputa pelas águas do mar Amarelo, a promessa sul-coreana é de revidar com força.
Segundo, testes nucleares e mísseis bem sucedidos podem ter dado vazão a generais norte-coreanos pensarem que a Coreia do Norte não se atreverá a responder outra provocação. Um analista comparou isso ao "efeito cinto de segurança". Depois dos cintos serem incorporados aos carros, um economista da Universidade de Chicago, Sam Peltzman, notou que muitos motoristas usaram este adicional de segurança provido pelo cinto para, então, dirigirem de maneira mais inconsequente. Ele o chamou de "substituição de risco". O mesmo parece estar por acontecer agora. Quando o comando superior do exército norte-coreano disse em cinco de março que fariam "um ataque justiceiro a qualquer alvo a qualquer momento que quisessem, sem limite", pode ser que seja sério.
Antes de nos preocuparmos com o caminho das possibilidades apocalípticas, vale a pena notar o que não aconteceu. Para um país que está tecnicamente em estado de guerra com seu vizinho, é estranho, para dizer o mínimo, que ele continue permitindo 123 companhias do inimigo de operar numa zona industrial transfronteiriça empregando mais de 50 mil de seus trabalhadores. A produção pode ter parado de operar na segunda-feira, mas o fluxo de sul-coreanos se agrupando pela fronteira de Kaesong não teve entraves naquele dia. O Norte ameaçou fechar este experimento transfronteiriço, mas até agora não o fez. Mais importante, a China parou de apoiar o controverso país. Foi um dos responsáveis na resolução do Conselho de Segurança em atualizar as sanções de uma solicitação para uma imposição. Isto é ao mesmo tempo frustrante e irritadiço no desafio norte-coreano, e - embora a China continue a expressar a falta de influência do Japão sobre a Coreia do Norte - existe ainda muito mais a ser feito para se ver seu desagrado.
Se algum poderoso país nuclear pode ter êxito em mudar o curso de Kim Jong-un, será a China. O que se explica, porque debates públicos na Coreia do Sul e Japão sobre se armarem com armas nucleares são contraproducentes. A chave para a resolução desta crise norte-coreana continua sendo Beijing. Não será encorajando uma corrida armamentista nuclear em sua porta que se resolverá. É também por isso que o custo real de disputas cada vez mais acirradas da ilha, entre potências regionais China, Japão e Coreia do Sul, vai urgindo. Além de infinitamente repetido os argumentos históricos sobre a soberania, que é um jogo de soma zero, uma nova abordagem apoiada pela ONU precisa de ser encontrada que escamoteie a questão da propriedade e se concentre em vez disso na partilha e no policiamento de conservação do mar em torno deles.
No meio dessa turbulência regional, quem tem a melhor solução é Taiwan - da qual a cadeia de ilhas disputadas, conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyutai em Taipei, está mais próximo e está geologicamente ligada. O presidente Ma Ying-jeou propôs uma abordagem em duas etapas para resolver a disputa entre os três requerentes, sobre a qual a China ainda tem que responder. Deveria responder. Existem peixes maiores para fritar.
Fotos: http://www.korea-dpr.com/
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