segunda-feira, 9 de abril de 2012

MEU CARO CARIÊ. A CRISE DOS ANOS 90.


Ninguém sabe o que vem pela frente e onde nos levará o amanhã o passo dado hoje. Boris Yeltsin.
A vida das pessoas responsáveis é sempre guiada pelas palavras acima. Palavras retiradas do livro Os Rumos da Perestroika. Embora o livro citado aborde uma conjuntura política de um país distante, mas que o nosso dia a dia da comunicação nos aproxima de tal forma que às vezes achamos que somos íntimos dos assuntos. Geralmente é pura ilusão. A gente às vezes não sabe o que vai dentro da gente mesmo, imagine mergulharmos num ambiente distinto.
O peso da frase de Yeltsin aumenta na proporção direta de nossa responsabilidade de comunicador, de jornalista, de dirigente de empresa e principalmente quando se tem sensibilidade para com a vida, a nossa e a dos outros.
Meu caro Cariê, costumo dizer que todo ignorante é feliz. Longe do dualismo do sim ou do não, ou mesmo do grande dogma de anos e anos: esquerda e direita. Poderíamos citar outros opostos, como o bem e o mal e assim por diante. Mas se pensarmos um pouco, veremos que estamos no mesmo barco, neste imenso Planeta Terra. Vamos descendo a porções e pedaços menores (continente, país, raça, cor, credo religioso e quantas divisões queiramos determinar).
Hoje podemos nos fixar no nosso trabalho; estamos na mesma rota, do acionista até o encarregado de apagar as luzes e fazer a faxina no final do expediente, temos plena consciência de que vivemos uma grande crise, mas que está crise não surgiu do nada e nem mesmo tem como vetor principal o Plano Brasil Novo. Ela vem de longe e somente agora aparece para todos. Se não estivéssemos no estágio atual, com estaríamos com uma inflação galopante e catastrófica. Seria um quadro muito pior, mais desolador e mais violento. Isto mesmo, teríamos já entrado no caos.
Cariê, nós da Rede Gazeta somos ignorantes diante do nosso potencial produtivo e do que somos capazes. Mesmo num pequeno Estado temos uma presença maior do que muitos Estados. Como empresa de comunicação a nossa produção local é bem maior do que as co-irmãs de outros Estados. Mas saiba que a maioria dos nossos colegas de trabalho desconhece esta situação. Não sabemos o que somos de uma maneira geral.
Hoje a Rede Gazeta tem um prestígio muito grande, mas não o usa de forma a uma tradução em dividendos. A potencialidade individual de cada um não é explorada e em conseqüência o rendimento é baixo. Não conhecemos o nosso Espírito Santo e quando o conhecermos vamos ver que temos muito caminho a percorrer.
Meu caro Cariê, no que estiver dentro de minha possibilidade, você poderá contar comigo. Pelo princípio de que o espírito de camaradagem deve prevalecer entre as pessoas e entre companheiros de trabalho, espero poder dar a minha contribuição, porque sei que estarei também tendo retorno, aliás, como toda família Gazeta.
Por não desconhecer a gravidade da situação atual que vivemos, estou tornando registro escrito o comportamento que tenho diante de você, da empresa e da família Monteiro Lindenberg, a quem nestes anos de convívio aprendi a admirar.
Que a angústia que sei que você convive com ela nesta fase, seja em breve transformada em determinação para os próximos passos.
Voltando a Boris Yesltsin, ninguém sabe o que vem pela frente e onde nos levará o amanhã o passo dado hoje, mas certamente o passo da Gazeta será sempre no sentido da honestidade, correção e da competência.
Em frente meu caro amigo, 19 de abril de 1990.
HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS QUE OUVI, VIVI E PASSO ADIANTE.
JORNAL DO CAMPO 25 ANOS. AQUI FALA QUEM FAZ. RONALD MANSUR. 31

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