Mesmo na era digital, as bibliotecas não perdem sua capacidade de atrair usuários. Agradáveis, inspiradoras e estimulantes à comunicação, as bibliotecas são mais do que nunca valorizadas como locais de estudo e pesquisa.
Ao longo dos últimos séculos, a biblioteca era o único lugar onde se tinha acesso a fontes importantes de informação para pesquisas. Hoje, porém, o acesso a informações acontece cada vez mais através da internet – quase que exclusivamente, no caso das ciências naturais. Mas mesmo que estudantes e pesquisadores tenham a possibilidade de consultar confortavelmente todo o saber a partir de suas escrivaninhas, as bibliotecas científicas estão mais cheias do que nunca.p>
“Os espaços de estudo da nova biblioteca do Centro Jacob e Wilhelm Grimm da Universidade Humboldt de Berlim, por exemplo, são tão disputados que é preciso distribuir placas para marcar os lugares ocupados”, declara Petra Hauke, membro do setor Education & Training na Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) e do corpo docente do Instituto de Biblioteconomia e Ciências da Informação da Universidade Humboldt de Berlim. “Se o usuário não retorna a seu lugar dentro de um determinado tempo, os funcionários da biblioteca retiram os materiais dele de lá, para abrir espaço para outras pessoas.”
Inspiradoras, atraentes e isoladas
Apesar de estarmos na era da digitalização – ou talvez justamente por causa disso –, a biblioteca continua sendo um lugar atraente: como espaço inspirador. “Desde sua inauguração, a nova Biblioteca de Filologia da Universidade Livre de Berlim começou a ser muito frequentada – não só por filólogos, mas também por muitos estudantes de Direito que traziam seus próprios textos jurídicos”, explica Petra Hauke. Eles não estavam interessados no acervo da biblioteca, mas “apenas” no espaço belo e inspirador.
Mesmo deixando de lado os edifícios novos e espetaculares, as bibliotecas são percebidas como espaços em que as pessoas se sentem bem e estão livres de tentações e distrações, sejam ou não de natureza comercial.
Encontros reais e comunicação
Não é apenas o espaço em si que inspira os usuários das bibliotecas, mas também a proximidade de outras pessoas, de gente que tem algo em comum e quer trabalhar concentradamente ou trocar ideias e experiências. “O desejo de se encontrar com outros aumenta na proporção em que as pessoas ficam sentadas sozinhas na frente de seus computadores”, observa Hauke.
Para Hauke mostra-se, por exemplo, claramente uma tendência crescente ao “turismo de conferências”: “Quando surgiram as possibilidades de comunicação digital, muitas pessoas pensaram que as viagens para conferências iam se tornar desnecessárias. O contrário é verdadeiro: há uma oferta cada vez maior de conferências, que são bem visitadas. Mas mesmo nessas ocasiões, o intercâmbio mais importante não acontece durante as palestras, mas nas pausas, na hora do cafezinho”.
Orientação voltada ao usuário, não ao acervo
Cada vez mais bibliotecas científicas reagem a esta demanda, que tem crescido notoriamente. Um exemplo é a Biblioteca da Universidade de Constança, que reformou seu setor científico em 2011. Para isto foram anteriormente avaliadas as demandas dos estudantes e pesquisadores.
“O resultado foi o seguinte: os cientistas precisam principalmente de um acesso eletrônico direto a bancos de dados e revistas e só de vez em quando de algo que provenha do acervo impresso da biblioteca de ciências naturais”, explica Oliver Kohl-Frey, diretor adjunto da Biblioteca da Universidade de Constança. “Além do acesso aos acervos impresso e eletrônico, os estudantes precisam sobretudo de espaços de estudo individuais e para grupos com uma infraestrutura moderna.”
Em consequência, num trabalho conjunto com os setores afetados, foram removidos os acervos impressos de revistas já disponíveis em forma eletrônica através de licenças nacionais. “Apenas com esta medida, pudemos vender, doar ou reciclar cerca de 32 mil volumes”, declara Kohl-Frey, “ganhando assim espaço para um remodelamento do setor de ciências naturais da biblioteca.”
Local de estudo e lazer
Além de novos espaços de estudo individuais, também foi criado um novo espaço para trabalhos em grupo, com mesas e cadeiras de escritório. “Dentro de poucas horas, o espaço foi ocupado espontâneamente pelos estudantes. Desde lá, uma média de 75 por cento do espaço costuma estar regularmente ocupado – e, nos horários de pico, ele fica cheio. Os estudantes arrumam as mesas livremente, de acordo com suas necessidades”, explica Oliver Kohl-Frey.
Um moderno espaço de aprendizado também deve oferecer lugar para estudos informais e para o lazer. “Foi criado um espaço protegido para leitura, com sofás confortáveis, e há uma nova máquina automática de bebidas. Além disso, nós acrescentamos mais algumas poltronas para descanso, que naturalmente não são usadas só para tirar uma soneca.” Em Constança, aumentou-se assim sensivelmente a qualidade de uma visita à biblioteca em curto espaço de tempo. “E o nosso exemplo mostra que, para isso, não é necessário construir um prédio novo maravilhoso, nem um volume enorme de investimento.”
Dagmar Giersberg
é jornalista freelancer em Bonn.
é jornalista freelancer em Bonn.
Tradução: Renata Ribeiro da Silva
Copyright: Goethe-Institut e. V., Internet-Redaktion
Fevereiro de 2013
Fevereiro de 2013
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- “German libraries are also living rooms”. An Interview with Olaf Eigenbrodt (goethe.de)
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