O relatório do estudo “Demografia Médica no Brasil”, elaborado por pesquisadores da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP, mostra que apesar do número de médicos ter crescido 557% nos últimos 40 anos no País, chegando a dois profissionais para cada 1.000 habitantes, sua distribuição pelo território nacional é cada vez mais irregular, concentrando-se principalmente nas capitais das regiões sudeste e sul. O levantamento, divulgado em 18 de fevereiro na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, também descreve o perfil e a distribuição dos médicos especialistas.
Júlio Bernardes
Júlio Bernardes
Região sudeste do Brasil possui média de 2,7 médicos para cada 1.000 habitantes
A região sudeste alcança 2,7 médicos por 1.000 habitantes. Quem mora na região sul e sudeste conta com duas vezes mais médicos que os habitantes do norte, nordeste e centro oeste (excluindo o Distrito Federal). “Quem vive em alguma capital conta com duas vezes mais médicos que os que moram em outras regiões do mesmo estado”, conta Scheffer. “A diferença entre os extremos, morador do interior de um estado do norte, nordeste, e centro oeste, e o residente de uma capital do sul ou sudeste, é de quatro vezes, no mínimo”.
Quem tem plano de saúde no Brasil conta com pelo menos quatro vezes mais médicos à disposição do que quem depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). “A persistência e a intensidade das desigualdades de distribuição demonstram que apenas o aumento global do quantitativo de médicos pode não garantir a disponibilidade de médicos nos locais, nas especialidades e nas circunstâncias em que hoje há carência de profissionais”, enfatiza o professor. “Há necessidade de mudanças substantivas nos rumos do sistema de saúde, a começar pela solução do subfinanciamento público, pelo balanço crítico do processo de privatização da gestão do SUS e de seu impacto sobre os recursos humanos, e pela regulação mais eficiente do mercado de planos de saúde.”
“A configuração das estruturas e dos equipamentos de saúde, o atrativo das condições coletivas de exercício profissional, a oferta de emprego e renda, jogam a favor da instalação dos profissionais de saúde nos grandes centros”, ressalta o professsor. “O levantamento lança novo olhar sobre as especialidades médicas ao cruzar bases de dados antes incomunicáveis e ao incorporar a segunda e a terceira escolha dos especialistas”. O foi patrocinado pelo CFM e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP). O estudo na íntegra pode ser acessado no site www.portalmedico.org.br.
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