Artigo/Assocafé
João Lopes Araújo, presidente da Assocafé
Nos últimos anos, o café tem experimentado dias de glória na mídia por conta das descobertas científicas indicando propriedades essenciais ao organismo humano. Foi vilão no passado e esta redenção, enfim, lhe faz justiça. A bebida está associada ao prazer, é reconhecida como energético natural, alimento, virou cosmético e medicamento. Isto tem impulsionando o consumo mundial e levado grandes empresas a investir em lojas sofisticadas e no desenvolvimento de máquinas modernas para o preparo com qualidade em hotéis, restaurantes e nas residências.
A paixão do brasileiro pelo café só faz aumentar. Este ano, deveremos consumir em torno de 21 milhões de sacas no mercado interno. Isso quer dizer, aproximadamente, 5 quilos de café em grão torrado per capta, ou 83 litros de café tomados por cada brasileiro, em média.
O consumidor vem sofisticando seus hábitos e buscando cafés com melhor qualidade. Povos consumidores de chá, como os japoneses, por exemplo, migraram para o prático café solúvel e deste, rapidamente, para os cafés finos. No Brasil, maior produtor e segundo maior consumidor de café do mundo, com crescimento superior a 4% ao ano, o avanço foi fantástico. Hoje, já se encontram bons cafés até em postos de gasolina.
Atentos a esta demanda, os produtores sofisticaram o preparo do café nas fazendas, organizadas para produzir cafés finos, especiais, gourmets e orgânicos. Os investimentos foram enormes e cafeicultores organizados e profissionais passaram a criar suas próprias marcas de café torrado e moído.
Contudo, existe no caso brasileiro um enigma não decifrado, ou uma incompetência na gestão da cadeia. Em 2002, o preço ao produtor foi ao chão: US$ 42 a saca, o pior valor da história de 286 anos do café no Brasil. Ao se recuperar, o café enfrentou a valorização do real em 108% no governo passado, o que anulou o aumento em dólar e impediu a chegada da renda às fazendas. Em 2011, o preço teve uma substancial elevação, com a saca do café fino alcançando R$ 520 no final do ano. Durou pouco. Mesmo com o real desvalorizado em 2012, o preço não parou mais de cair, chegando, em março de 2013, a R$ 320. Os cafés inferiores estão por volta de R$ 270, não cobrindo sequer os custos de produção.
Mesmo com uma história de quase três séculos de aprendizado, com o setor dispondo de um fundo de R$ 4 bilhões, o Funcafé, tendo cerca de 40% de sua produção processados e comercializados em grandes cooperativas, dispondo de importantes lideranças e de uma bancada forte na Câmara Federal, não se encontram meios de melhorar a renda no campo. Isto tem levado milhares de produtores ao endividamento e até ao abandono da atividade. Eis porque temos muito a discutir no 14º Agrocafé, que acontece de 11 a 13 de março, no Bahia Othon Palace, em Salvador.
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Nos últimos anos, o café tem experimentado dias de glória na mídia por conta das descobertas científicas indicando propriedades essenciais ao organismo humano. Foi vilão no passado e esta redenção, enfim, lhe faz justiça. A bebida está associada ao prazer, é reconhecida como energético natural, alimento, virou cosmético e medicamento. Isto tem impulsionando o consumo mundial e levado grandes empresas a investir em lojas sofisticadas e no desenvolvimento de máquinas modernas para o preparo com qualidade em hotéis, restaurantes e nas residências.
A paixão do brasileiro pelo café só faz aumentar. Este ano, deveremos consumir em torno de 21 milhões de sacas no mercado interno. Isso quer dizer, aproximadamente, 5 quilos de café em grão torrado per capta, ou 83 litros de café tomados por cada brasileiro, em média.
O consumidor vem sofisticando seus hábitos e buscando cafés com melhor qualidade. Povos consumidores de chá, como os japoneses, por exemplo, migraram para o prático café solúvel e deste, rapidamente, para os cafés finos. No Brasil, maior produtor e segundo maior consumidor de café do mundo, com crescimento superior a 4% ao ano, o avanço foi fantástico. Hoje, já se encontram bons cafés até em postos de gasolina.
Atentos a esta demanda, os produtores sofisticaram o preparo do café nas fazendas, organizadas para produzir cafés finos, especiais, gourmets e orgânicos. Os investimentos foram enormes e cafeicultores organizados e profissionais passaram a criar suas próprias marcas de café torrado e moído.
Contudo, existe no caso brasileiro um enigma não decifrado, ou uma incompetência na gestão da cadeia. Em 2002, o preço ao produtor foi ao chão: US$ 42 a saca, o pior valor da história de 286 anos do café no Brasil. Ao se recuperar, o café enfrentou a valorização do real em 108% no governo passado, o que anulou o aumento em dólar e impediu a chegada da renda às fazendas. Em 2011, o preço teve uma substancial elevação, com a saca do café fino alcançando R$ 520 no final do ano. Durou pouco. Mesmo com o real desvalorizado em 2012, o preço não parou mais de cair, chegando, em março de 2013, a R$ 320. Os cafés inferiores estão por volta de R$ 270, não cobrindo sequer os custos de produção.
Mesmo com uma história de quase três séculos de aprendizado, com o setor dispondo de um fundo de R$ 4 bilhões, o Funcafé, tendo cerca de 40% de sua produção processados e comercializados em grandes cooperativas, dispondo de importantes lideranças e de uma bancada forte na Câmara Federal, não se encontram meios de melhorar a renda no campo. Isto tem levado milhares de produtores ao endividamento e até ao abandono da atividade. Eis porque temos muito a discutir no 14º Agrocafé, que acontece de 11 a 13 de março, no Bahia Othon Palace, em Salvador.
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