O equivalente a 5.000 – 7.000 piscinas olímpicas: esse é o volume de terra e entulho que as máquinas da futura obra do Grand Paris Express, o supermetrô da ilha de Île-de-France, cuja construção foi confirmada pelo governo no dia 6 de março, deverá extrair das entranhas da região entre 2015 e 2030. Ou seja, entre 15 e 20 milhões de metros cúbicos de resíduos inertes (que não sofrem modificações químicas, físicas ou biológicas com o tempo) e de terras contaminadas que irão se somar àqueles já produzidos pelo setor da construção civil.
Gilles Van Kote
Gilles Van Kote
"Caminhos de evacuação"
Na região parisiense, o setor da construção civil produz 32 milhões de toneladas de resíduos por ano. Os volumes extraídos para construir os 200 km de vias --em sua maior parte subterrâneas-- e as 72 estações do Grand Paris Express até 2030 deverão pesar entre 30 e 40 milhões de toneladas, segundo a Société du Grand Paris (SGP). Um total subestimado, segundo a associação Île-de-France Environnement, que o situaria na verdade entre 50 e 60 milhões de toneladas.
Não foi a opção escolhida pela SGP. Seu plano diretor de evacuação dos entulhos, em processo de finalização, privilegia o tratamento de terras contaminadas no local, a reciclagem e o reaproveitamento dos entulhos em outros projetos, bem como o transporte por via fluvial dos resíduos inertes para ISDIs ou pedreiras que poderão se situar fora da Île-de-France.
"Nosso objetivo é antecipar ao máximo essa questão muitas vezes negligenciada a fim de minimizar os incômodos para os moradores e ter condições de trabalhar desde o início com os representantes nos caminhos de evacuação", afirma Florence Castel, diretora de engenharia ambiental na SGP. "Nós fizemos já em 2010 um inventário das instalações de tratamento e de armazenamento que possam receber nosso entulho na Île-de-France, mas também em suas fronteiras".
Os 5 a 6 milhões de metros cúbicos de entulho que deverão ser produzidos a partir de 2015 pela construção do trecho do Grand Paris Express que liga as estações de Pont-de-Sèvres (Hauts-de-Seine) e de Noisy-Champs (Seine-Saint-Denis) serão em parte evacuados por duas plataformas de transbordamento fluvial situadas no Sena, em Sèvres e em Vitry-sur-Seine (Val-de-Marne).
Esses entulhos poderiam ir para as pedreiras situadas em Yvelines e em Seine-Maritime, mas também servir de dique no caso de uma possível construção de um lago-reservatório destinado a proteger a região parisiense de cheias em La Bassée (Seine-et-Marne). De 700 mil a 800 mil metros cúbicos de entulho seriam necessários para esse projeto, que poderá ser realizado até o fim desta década.
Grande impacto
"O Grand Paris Express deve ser uma alavanca desse reequilíbrio com um tratamento mais local possível, assim como ele deve permitir que seja desenvolvida a reciclagem dos resíduos de construção civil na região", afirma Geneviève Wortham, vereadora (Partido Socialista) do departamento de Seine-et-Marne.
A Autoridade Ambiental lembrava em outubro de 2012 que o tratamento dos entulhos seria "um dos grandes impactos" do Grand Paris Express.
Tradutor: Lana Lim
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