Valor
Carine Ferreira
Além das medidas emergenciais à cafeicultura que estão em estudo pelo governo, como o reajuste do preço mínimo do produto e reescalonamento das dívidas, consideradas “emergenciais” pelo setor e com expectativa de serem aprovadas ainda nesta semana, o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) aguarda as definições da nova composição do Ministério da Agricultura para levar adiante um plano para “salvar” a cafeicultura de montanha. A atividade representa 70% da produção de café em Minas Gerais, o maior Estado produtor do grão, e 50% do país, segundo Breno de Mesquita, presidente da Comissão de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Este tipo de cafeicultura praticada em áreas montanhosas, predominantemente de arábica, enfrenta aumento dos custos, principalmente com as despesas cada vez mais altas da mão de obra — responsável por 52% do custo de produção da atividade em algumas regiões — e preços baixos recebidos pelo produto. O custo operacional efetivo (COE), medido pela Comissão de Café, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (MG), é de R$ 380 a saca, enquanto o produto é comercializado por cerca de R$ 300.
Conforme Mesquita, um estudo sobre a cafeicultura de montanha feito por várias instituições, entre elas, a Embrapa, foi apresentado no mês passado na reunião do CDPC, que reúne representantes do governo e de toda a cadeia produtiva. A política a ser discutida tem três linhas principais: a modernização da atividade, porém sem novos plantios; compensação para erradicar de forma gradual os plantios em alguns casos e compensação sobre encargos trabalhistas. “É a salvação da cafeicultura”.
Será pedida uma nova reunião para debater o tema com o governo e apresentar estratégia e cronograma. A contrapartida, observa Mesquita, é melhorar a gestão das propriedades por meio de cursos, utilizar variedades mais resistentes e profissionalizar o setor.
Enquanto os preços seguem baixos para o café arábica e aumentam os custos de produção, a situação está mais favorável para os produtores de café robusta (conilon).
Tradicionalmente com custo mais baixo, pois a planta tem maior potencial de produção e é mais resistente à seca e doenças, o café robusta apresenta custo até inferior a R$ 140 por saca, enquanto o preço de venda está em torno de R$ 250, segundo Mesquita.
No Espírito Santo, maior produtor nacional de café robusta, o custo varia de R$ 150 a R$ 220 por saca, segundo Romário Gava Ferrão, coordenador do Programa de Café do Estado. De acordo com ele, os custos da safra 2013/14 tiveram reajustes, principalmente em função da mão de obra e defensivos.
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