sexta-feira, 1 de março de 2013

Representantes dos cafeicultores buscam audiência com Dilma Rousseff



postado há 22 horas e 26 minutos atrás

Cooperativas de café e sindicatos de produtores rurais aprovaram esta semana, em Varginha, uma pauta de medidas emergenciais que o setor apresentará oficialmente ao Governo Federal. Tendo como base o documento originado em reunião de sindicatos em São Sebastião do Paraíso, na sede da Cooparaiso, no dia 18 de março (confira mais a respeito), o setor cobra medidas que julga fundamentais para a recuperação e sustentação de renda do produtor - que está asfixiado com a venda de seu produto abaixo do custo de produção - como segue: revisão do preço mínimo para R$ 340,00 por saca, prorrogação dos créditos do setor até que o preço de comercialização do café no mercado interno atinja o preço mínimo acrescido dos juros, a liberação imediata de uma linha de crédito de R$ 900 milhões (o que equivale a cerca de 3 milhões de sacas) com recursos do Funcafé, retorno do programa de opção de venda ao governo federal que garanta renda, que poderá criar um estoque regulador mínimo de 9 milhões de sacas; a liberação de um Prêmio Equalizador Pago ao Produtor – Pepro, para um volume de oito milhões de sacas com prêmio de R$ 60,00 para preço de gatilho de R$ 380,00. (Veja integra do documento abaixo)

As lideranças dos cooperativas e sindicatos afinaram o discurso, formando uma aliança programática e estão iniciando esta nova negociação em função da apatia do governo federal, responsável direto pela política nacional do produto. Para se ter uma ideia da dimensão do problema econômico e social que o país vem enfrentando, por conta da falta de uma política consistente para o café, somente nas duas últimas safras o Brasil teve um prejuízo de 10 bilhões de reais.

Presentes ao encontro na sede da Cocamig, os presidentes da Comissão Nacional de Café da CNA, Breno Mesquita, e do Conselho Nacional do Café – CNC, Silas Brasileiro, assumiram o compromisso de formalizar as solicitações dos cafeicultores à presidente Dilma Rousseff, para tanto, no prazo máximo de 10 dias deverão acontecer reuniões preparatórias com autoridades de peso, entre os quais, o entendimento é buscar apoio político para agendar audiências com o vice-presidente da República, Michel Temer, com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Foi também citado o nome do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Parlamentares da Frente Parlamentar do Café, entre os quais, os deputados Diego Andrade e Geraldo Tadeu – presentes ao encontro se comprometeram em somar forças e buscar apoio do Congresso Nacional (confira aqui nota de confirmação de reunião em Brasília para esta quinta-feira à tarde).

Na semana passada, o presidente da Cooparaiso, deputado Carlos Melles, esteve reunido em Brasília com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, e com o secretário de Produção e Agroenergia, Gerardo Fontelles, quando reforçou o teor do documento formulado pelos sindicatos rurais. Melles foi o autor do artigo “Por que não reagimos” (confira aqui), quando prega justamente a união de forças políticas e classistas para uma negociação de resultados com o governo.

Além das audiências em nível federal, em paralelo, o setor pretende ainda uma audiência com o governador Antonio Anastasia, já que Minas Gerais produz cerca da metade da safra nacional de café. O vice governador, Alberto Pinto Coelho, e o presidente da comissão de Agricultura da Assembleia, deputado Antônio Carlos Arantes, foram lembrados como forças para buscar esta audiência. A Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB, Faemg e Organização das Cooperativas de Minas Gerais – Ocemg, também terão papel importante neste processo de negociação.

O encontro em Varginha contou com a presença de dirigentes e membros da Cocamig, Cooxupé, Cocatrel, Cooparaiso, Cocapec, Caarg, além de duas dezenas de sindicatos, sob a liderança da Associação dos Sindicatos do Sul e Sudoeste de Minas – Assul, representado pelo presidente da entidade, Leonilton Moreira.

Confira abaixo o documento na íntegra:

A recuperação do Brasil como agente ativo no mercado mundial de café
Os Sindicatos de produtores de café abaixo assinados, inconformados com a passividade do Brasil frente à perda de R$ 10 BILHÕES da renda do segmento nas duas últimas safras, período em que todos os agentes ligados a atividade ressaltavam que a vigorosa elevação do consumo mundial poderia ser limitada por falta de abastecimento, levando inclusive o Ministério da Agricultura a iniciar plano estratégico contemplando a elevação da produção brasileira de café, propõem que:

a) O preço mínimo do café seja revisto imediatamente para R$ 340,00 por saca, representando o último preço mínimo em vigor, ajustado de acordo com o custo de produção.

b) Todos os créditos em aberto do setor tenham seu vencimento prorrogado até que o preço de comercialização do café no mercado interno atinja ao preço mínimo acima acrescido da taxa de juros transcorrida do momento da pactuação do crédito até a sua efetiva liquidação.

c) Seja liberada imediatamente linha de crédito de R$ 900 milhões, equivalente a cerca de três milhões de sacas, com origem nos recursos do Fundo de Defesa da Cafeicultura - FUNCAFÉ para que os produtores e suas Cooperativas possam carregar café com base no mecanismo descrito no item (b) acima.

d) Retorno do Programa de Opção de Venda ao Governo, visando volume mínimo de até nove milhões de sacas em período de três ano. Esse estoque regulador poderá ficar armazenado nos armazéns credenciados da BM&F e da CONAB.

e) Seja liberado PEPRO para volume de oito milhões de sacas com prêmio de R$ 60,00 por saca para preço de gatilho R$ 380,00 por saca, prevendo-se o primeiro leilão em agosto de 2013.

O conjunto das medidas acima, além de demonstrar aos agentes do mercado o efetivo retorno do Brasil a uma clara política para o café em quadro conjuntural flagrantemente favorável, dará ao mercado uma referencia de preço para acesso aos estoques brasileiros do produto.

No presente quadro, o que em muito explica a queda do preço do café nos últimos meses, o mercado mundial vem postergando compras do Brasil esperando o vencimento dos financiamentos e a pressão do fluxo de caixa dos milhares de produtores.

Como o café é produto não perecível, a rede de armazenagem brasileira a mais avançada do mundo, o risco país do Brasil é baixo, os agentes mundiais ficam na espera e espreita do enfraquecimento do produtor frente aos seus compromissos de custeio.

O Brasil continuará a ser a principal fonte de abastecimento de café do mundo de forma justa e profissional, ao preço em que a atividade é sustentável. Não podemos assistir conformados ao fato do café brasileiro estar sendo vendido com desconto de R$ 60,00 por saca enquanto outros países vendem suas produções com R$ 60,00 de PRÊMIO. De quem é a responsabilidade dessa diferença de R$ 120,00 por saca?

18 de Fevereiro de 2013, São Sebastião do Paraíso-MG e ajustado em 25 de fevereiro de 2013, Varginha – MG.

Sindicato dos Produtores Rurais de São Sebastião do Paraíso – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Cássia – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Ibiraci – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Monte Santo de Minas – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Boa Esperança – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Muzambinho – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Guaranésia – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Altinópolis - SP
Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Três Pontas – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Jacuí – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Itamogi - MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Pratápolis - MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Piumhi – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Guaxupé – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Monte Belo – MG
Sindicato dos Produtores Rurais de Nova Rezende – MG

A matéria é do CoffeeBreak, adaptada pelo CaféPoint.

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