Imagine você confortavelmente instalado numa imensa sala bem arejada e com ótima luminosidade tomando conhecimento de histórias e fatos sobre a imigração italiana no Espírito Santo. Foi assim que me senti outro dia logo após receber o livro Nomes e Raízes Italianas de Luiz Busatto.
Um trabalho primoroso e detalhado que foge aos padrões dos livros tradicionais, na forma e na maneira como Busatto mostra situações que passam batidas normalmente. São 114 páginas de puro e valioso conteúdo. São mais de cem documentos e fotografias que ilustram o texto sempre tranqüilo e que nos leva a seguir sempre em frente. É começar a ler e mergulhar nas histórias e fatos, mas é um não querer parar, tamanha a doçura. Luiz Busatto mostra a importância da História na vida de cada um.
A primeira fotografia é imensa, cobre duas páginas do livro, ela não tem data, mas tem o registro de dezenas e dezenas de pessoas num dia de festa em Barra do Triunfo, Ibiraçu. Na foto vemos uma predominância da cor clara, uma banda de música e o relato de Busatto “a capela ainda não tinha torres e os sinos aparecem à parte. No pasto, resto de um tronco carbonizado”.
Daí para frente é uma imensa viagem no tempo. Na apresentação Busatto nos lembra que “o imigrante ítalo-veneto que veio para o Espírito Santo na década 70 do século dezenove se encaixava no perfil de trabalhador de que o Brasil Império precisava. Havia uma recomendação de que não se trouxessem ou aceitassem, no Brasil, trabalhadores artesãos ou possíveis desocupados das cidades. O Brasil de então precisava de pequenos proprietários agrícolas que não só substituíssem os escravos em via de serem emancipados mas que também ocupassem as vastas regiões desertas e desabitadas do seu território.”
Luiz Busatto fala sobre passaporte, certidão de casamento, o dote, a correspondência e títulos de terras tudo com fotos de documentos que já passam de bem mais de 100 anos, que ajudam a reconstruir e recontar a luta dos imigrantes. Até a página 39 o autor nos levou a um agradável passeio mais geral na imigração. Da página 40 em diante entramos numa fase, que imagino mais intimista, porque vai falar de seu entorno familiar. Aqui prossegue um grande número de fotografias de alta qualidade que mostram famílias inteiras que vieram em busca de um futuro.
Um capítulo sobre o imigrante Luigi Varnier, que retorna a Itália no ano de 1908, consome 21 páginas com relatos emocionantes. Registra o reencontro desta família com grande numero de fotografias e correspondência. Aqui a gente pode imaginar a dura vida do imigrante. Mas Luiz Busatto vai mais longe e nos entrega informações e histórias de Luigi, Modesto, Antonio (todos Zuccolotto e Giuseppe Pellizzon. Aqui também o registro fotográfico é de primeira qualidade e de imenso valor histórico, não somente para as famílias, mas para nos ajudar a fazer um retrato do povo capixaba.
Sempre digo que quem não conhece a sua História, é como se tivesse deixado o seu futuro no passado. Luiz Busatto mostra a realidade da imigração e a sua relação com o nosso tempo de hoje, de forma simples e envolvente. Que venham outros livros do calibre e precisão de Nossas Raízes Italianas, para preencher o vazio da nossa memória. Luiz Busatto, obrigado.
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