domingo, 8 de janeiro de 2012

VOLTEI, EU FUI LÁ ENCONTRAR OS BRIMOS

25 de setembro, bem cedo eu já estava na sede do Clube Atlético Monte Líbano, cidade de São Paulo. Lá fui encontrar com os brimos da Confelibra - Confederação das Entidades Líbano-Brasileiras, que estão na luta para o fortalecimento da entidade. Já havia participado de um encontro em Belo Horizonte. Um reencontro de bons amigos.
Como bons negociantes os brimos debateram com vontade a chapa formada para dirigir a Confelibra. Quem não conhece a nossa alma diria que não chegaríamos a nenhum resultado positivo. Mas era apenas um confronto de forças verbais, porque ali estavam todos na busca de uma entidade forte e com responsabilidade para com a nossa Pátria Mãe, o Líbano. Todos possuem a noção de que nós descendentes dos imigrantes podemos dar um grande apoio para evitar novas guerras entre nossos irmãos que ficaram. O peso é em função de que o sangue libanês corre em milhões de pessoas por este Brasil afora. É a realidade que temos de enfrentar. Costumo dizer que se fosse fácil já estaria tudo certo, pronto e resolvido. Aproveitei e li um texto publicado neste espaço – EU VOU LÁ, no dia 10 de setembro, onde relatei que iria a São Paulo no encontro da Confelibra.
A cada brimo entreguei um texto depoimento de Pedro José Aboudib onde relata sua vinda Zgharta no Líbano para o Brasil em 1889, com 16 anos. Como sempre, sucesso. Aproveitei a ocasião e afirmei que muitos que ali estavam ou seus pais e/ou avós haviam passado por dificuldades como Aboudib. Fiz um convite para que registrassem a vida dos que nos antecederam, como prova de amor ao Líbano. O incansável Charles Lotffi passou a direção da Confelibra para o patrício de Goiania, Habib Tamer Merhi, que definiu a meta a atingir.
-interação das entidades libanesas no território nacional através da Internet. Transformar a Confelibra numa alavanca de apoio aos libaneses e descendentes que queiram retornar a pátria mãe, o Líbano. Manter viva a memória da emigração.
Como ninguém é de ferro, fomos a Rua 25 de Março sentir o sangue libanês no comércio, ver na prática do trabalho a garra dos brimos. O objetivo, a Rua Comendador Afonso Kherlakiam, 57, Ponto Árabe encontrar o brimo Paul Sarkis Mouawad. No meio de quibes e esfirras feitos à moda libanesa, Paul logo que nos viu, eu e minha esposa, veio conversar. Ele é da mesma cidade do meu avô, Zgharta. Nós nos conhecemos há três anos, mas nós nos conhecíamos há muitas gerações, nossas famílias conviveram e convivem nas montanhas milenares do Líbano. Somos brimos e irmãos, sem a necessidade de dizer que somos. Por várias vezes nos emocionamos e os olhos ficaram cheios de lágrimas. São Paulo para mim é a região da Rua 25 de Março.
Quem tem o privilégio de conviver com brimos e brimas e ouvir histórias de suas vidas, saberá porque somos um povo diferente. No livro Os Primos – Crônica de uma família libanesa na Bahia, de Lidivaldo Reaiche Raimundo de Britto, no prefácio de Nizan Mansur de Carvalho Guanaes Gomes diz que “é por isso que ando em bando, que tenho alma de Kombi, e que vivo cheio e cercado de gente.” Mais adiante “é por isso que eu adoro agradar e receber meus amigos, e não descanso para que eles descansem sob minha tenda.” e ainda “porque eu sou Nizan. Eu sou Guanaes. Mas também, e sobretudo, sou Mansur. Sou árabe.” Por isto que sempre digo: Líbano, minha alma veio de lá.
publicado em A GAZETA- ESPIRITO SANTO 29/01/2011       

Um comentário:

  1. Ronald sem palavras para a emoção que o texto nos passa! Essa sua frase é linda: "Líbano, minha alma veio de lá". E é impressionante mesmo como sempre que converso com um primo ou prima sinto isso em casa gesto, em cada palavra e, em cada olhar. Estou indo à Iriri-ES essa semana para mais uma entrevista emocionada! Parabéns pelo trabalho!

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