Seriam as garotas meras oprimidas nos bailes? Exerceriam, ao contrário, o papel de novas feministas? Uma pesquisadora do Rio acha que é preciso desfazer os dois mitos
Por Gabriela Leite
O estudo do funk, estilo musical muito popular e que sofre grande preconceito no Brasil, já existe nas faculdades de antropologia desde a década de 80. Mas faltam pesquisas sobre o papel da mulher neste ambiente. É o que diz Mariana Gomes, estudante de mestrado da Universidade Federal Fluminense em seu projeto “My pussy é o poder: A representação feminina através do funk no Rio de Janeiro: Identidade, feminismo e indústria cultural”. Para ela, que se diz fã do ritmo em seu blog, o funk pode ser responsável pela liberação sexual da mulher, mas é preciso compreender seus limites.
Tratado na mídia de forma sensacionalista (destacou-se sua suposta apologia a uma das cantoras), o projeto de Mariana deixa bem claro: precisamos compreender com mais profundidade o fenômeno. No funk carioca, a mulher não costuma ocupar papel de protagonista, mas de objeto de desejo — o que a coloca como ser passivo. Quando cantoras ganham destaque no gênero (como ocorre com Tati Quebra Barraco, Valesca Popozuda e outras MCs), elas de certa forma invertem os papeis e passam a expressar sua sexualidade de forma aberta e irreverente. Porém, Mariana questiona a forma como são recebidas pela sociedade, e se fazem mais que reafirmar esteriótipos machistas. As funkeiras subvertem ou seguem a lógica do mercado? Tais perguntas pretendem guiar o estudo.
Mariana quer quebrar esteriótipos — tanto os que dizem que as mulheres são apenas oprimidas no funk quanto os que as colocam como as novas feministas. É preciso compreender a fundo as questões envolvidas, deixando de lado o preconceito que considera que funk não é cultura, reconhecendo sua enorme importância no Rio de Janeiro, no Brasil e sua influência internacional.
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