À Carta Maior, Wallerstein diz que ‘nada’ se compara ao Fórum Social Mundial
Para o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein (à direita na foto), presente no Fórum Social Mundial da Tunísia, não há nada que esteja acontecendo que se compare ao encontro, seja em termos de visões, de inclusão ou de esforços para transformar o mundo. “Não é perfeito, é claro, mas é um sucesso”, afirmou a Maurício Hashizume, nosso enviado a Túnis.
Maurício Hashizume
Túnis – Referência internacional na abordagem de questões geopolíticas e econômicas que preocupam a humanidade, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein foi um dos “pesos-pesados” que circularam pelo campus da Universidade El Manar entre os participantes do Fórum Social Mundial (FSM) 2013.
Entre uma discussão e outra – algumas delas, aliás, em que o renomado formulador da teoria do “sistema-mundo” esteve apenas como ouvinte para captar a manifestação de movimentos e organizações sociais –, Carta Maiorconseguiu uma entrevista exclusiva com Wallerstein.
Para o sociólogo, não há nada que esteja acontecendo que se compare ao FSM, seja em termos de visões, de inclusão ou de esforços para transformar o mundo. “Não é perfeito, é claro, mas é um sucesso”. Leia a entrevista:
Carta Maior – O que o senhor pensa que sejam as principais questões que estão sendo discutidas neste Fórum Social Mundial?
Immanuel Wallerstein – Estamos aqui discutindo o mundo! Estamos discutindo os problemas do mundo e como podemos transformá-lo, pois "outro mundo é possível". Acreditamos nisso. E cada vez mais gente acredita nisso. Desde a primeira vez que fui ao Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em 2002, todos os encontros seguintes têm sido melhores: melhores porque envolvem mais gente, por conta da estruturas das reuniões. E as pessoas continuam querendo comparecer. Poderiam querer vir ou não. Ou até se juntar a outra coisa qualquer. Mas no presente momento, não existe alternativa ao Fórum Social Mundial. Não há nada que esteja acontecendo que se compare a isso. Seja em termos de visões, de inclusão ou de esforços para transformar o mundo. Não é perfeito, é claro, mas é um sucesso.
CM – Mas ainda assim, como se vê em uma quantidade enorme de painéis aqui apresentados, as forcas ligadas ao capital seguem vencendo os embates contra os mais diferentes povos.
IW – Eles não vão desistir fácil. Afinal, têm os seus interesses. Eles estão defendendo a si mesmos e essa e uma coisa que eles sempre tiveram que fazer. E eles podem ganhar. Eu não sou daqueles que dizem que o futuro está garantido. Sempre disse que as chances são de 50%. Podemos ganhar ou perder. E se perdemos será pior, é claro. Eles defendem os interesses deles e não há nada de anormal nisso.
CM – E o que podemos aprender com a situação aqui da Tunísia?
IW – Em Tunis, um dos principais problemas é a questão da "Irmandade Muçulmana", do governo e até da sua possível ligação com os salafistas. Há uma grande divisão de opinião aqui. Alguns dizem que o Ennahda é o demônio, que é apenas um fascismo que esconde o seu rosto. Outros dizem que é uma realidade das presenças sociais. É um debate não resolvido. E este Fórum é um dos lugares em que este debate está se dando.
Entre uma discussão e outra – algumas delas, aliás, em que o renomado formulador da teoria do “sistema-mundo” esteve apenas como ouvinte para captar a manifestação de movimentos e organizações sociais –, Carta Maiorconseguiu uma entrevista exclusiva com Wallerstein.
Para o sociólogo, não há nada que esteja acontecendo que se compare ao FSM, seja em termos de visões, de inclusão ou de esforços para transformar o mundo. “Não é perfeito, é claro, mas é um sucesso”. Leia a entrevista:
Carta Maior – O que o senhor pensa que sejam as principais questões que estão sendo discutidas neste Fórum Social Mundial?
Immanuel Wallerstein – Estamos aqui discutindo o mundo! Estamos discutindo os problemas do mundo e como podemos transformá-lo, pois "outro mundo é possível". Acreditamos nisso. E cada vez mais gente acredita nisso. Desde a primeira vez que fui ao Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em 2002, todos os encontros seguintes têm sido melhores: melhores porque envolvem mais gente, por conta da estruturas das reuniões. E as pessoas continuam querendo comparecer. Poderiam querer vir ou não. Ou até se juntar a outra coisa qualquer. Mas no presente momento, não existe alternativa ao Fórum Social Mundial. Não há nada que esteja acontecendo que se compare a isso. Seja em termos de visões, de inclusão ou de esforços para transformar o mundo. Não é perfeito, é claro, mas é um sucesso.
CM – Mas ainda assim, como se vê em uma quantidade enorme de painéis aqui apresentados, as forcas ligadas ao capital seguem vencendo os embates contra os mais diferentes povos.
IW – Eles não vão desistir fácil. Afinal, têm os seus interesses. Eles estão defendendo a si mesmos e essa e uma coisa que eles sempre tiveram que fazer. E eles podem ganhar. Eu não sou daqueles que dizem que o futuro está garantido. Sempre disse que as chances são de 50%. Podemos ganhar ou perder. E se perdemos será pior, é claro. Eles defendem os interesses deles e não há nada de anormal nisso.
CM – E o que podemos aprender com a situação aqui da Tunísia?
IW – Em Tunis, um dos principais problemas é a questão da "Irmandade Muçulmana", do governo e até da sua possível ligação com os salafistas. Há uma grande divisão de opinião aqui. Alguns dizem que o Ennahda é o demônio, que é apenas um fascismo que esconde o seu rosto. Outros dizem que é uma realidade das presenças sociais. É um debate não resolvido. E este Fórum é um dos lugares em que este debate está se dando.
Fotos: Maurício Hashizume
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