Cristiano Morsolin
Adital
Tradução: ADITAL
O movimento Kuña Pyrendá, através de um comunicado à imprensa, declarou que o Partido Colorado tem uma dívida histórica com os paraguaios e lamentou que o Poder Executivo fique nas mãos de um setor com uma "ética questionável”.
"Eles têm uma dívida histórica com o povo paraguaio e exigiremos que a paguem. Se os resultados se confirmam, o Poder Executivo ficará em mãos dos setores mais conservadores de nossa sociedade e com as trajetórias éticas mais questionáveis”, destaca o comunicado de Kuña Pyrendá, divulgado à imprensa.
Nesse momento, é importante romper o muro midiático com o qual tentar encerrar o Paraguai. O periódico francês "Le Monde” faz eco de Kuña Pyrenda com o artigo "Em Paraguay, uma dupla presidencial quiere disminuir El machismo”.
Liz Torres, Ministra da Infância e Adolescência do governo Lugo e chefe de campanha do movimento Kuña Pyrenda (KP) comenta que "o artigo ‘Parlamentares espanhois rechaçam visita de Franco’, é digno de ser partilhado. Gracias Morsolin por essa nota que nos aproxima e divulga a resistência além de nossas fronteiras, bem como a coerência de parlamentares e sindicalistas europeus”.
Por essa razão, entrevistei a Magui Balbuena, candidata à Vice Presidência da República por Kuña Pyrenda. Ela começou militando na Juventude Agrária Católica, em 1971, quando tinha 21 anos, em Misiones, Departamento situado ao sul do território paraguaio. Nesse tempo, a luta era contra a ditadura e pela organização dos camponeses. Sua incursão nessa organização a levou ao exílio; porém, não perdeu o contato com as bases e continuou trabalhando. Um tempo após regressar ao Paraguai, em 1980, fundou com outros companheiros o Movimento camponês Paraguaio (MCP); depois, em 1985, impulsionou a Coordenação de Mulheres Camponesas do Paraguai, que, posteriormente fundou a Coordenadora Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas (Conamuri); em 2005, foi premiada entre as "Mil Mulheres pela Paz”, partilhando essa distinção com Gladys Marín, do Chile; e Domitila Chungara, da Bolívia.
Semente para uma nova semeadura
No libro-entrevista "Magui Balbuena. Semilla para una nueva siembra” (Trompo Ediciones), a investigadora Elisabeth Roig narra a vida da líder paraguaia, integrante de Conamuri (www.conamuri.org.py) e, paralelamente, recupera uma história oral do campesinato no Paraguai.
O livro de Elisabeth Roig é uma história de vida, que se inscreve e contribui para um novo historicismo crítico latino-americano, que já conta com textos relevantes como os de Elisabet Burgos, Me llamo Rigoberta Menchú y así me nació la conciencia (2000); Raquel Rodas Morales, Dolores Cacuango, grande líder do povo indígena (2005); Guiomar Rovira, Mujeres de maíz (2000); Cecilia Miño Grijalva, Tránsito Amaguaña, heroína indígena (2006).
Não por acaso são histórias de mulheres camponesas e indígenas, pois, como diz Elisabeth Roig, "é a criatividade do feminino que a partir de sua diferença questiona o poder –sempre fálico- lá onde nada parece modificável” (pág. 32). Vale destacar que o jurado internacional do Prêmio Libertador al Pensamiento Crítico 2009 (instituído pelo Ministério do Poder Popular para a Cultura da República Bolivariana da Venezuela), integrado por Judith Valencia, Theotonio dos Santos, Renán Veja Cantor, Bernard Duterme e J. A. Calzadilla Arreaza, decidiu outorgar uma Menção Honrosa ao livro de Elisabeth Roig por sua significativa contribuição ao pensamento crítico.
O Prólogo do livro é de Adolfo Pérez Esquivel, que qualifica o texto de "alentador” e considera que "Há histórias transmitidas de boca em boca, de olhar em olhar e de silêncio em silêncio, onde a palavra caminha e vai semeando sementes de dignidade humana, de resistência no amor. E na esperança de que outro mundo é possível, mais justo e fraterno para todxs. Assim é a vida e o caminhar de Magui Balbuena, mulher Guarani, consciente e lutadora pela dignidade da mulher e do povo. A terra fértil é parte essencial da vida e vale à pena defendê-la da voragem daqueles que privilegiam o capital financeiro sobre o capital humano”.
Para que as mulheres, fazendo frente ao patriarcado, revalorizem seu papel na sociedade e na família, potenciem seus saberes e sua cultura, que no caso de Magui Balbuena é a cultura do povo Guarani, tão rica na busca da "Terra Sem Males”. (pág. 13).
Um exemplo de lutadora para todo o mundo
Magui Balbuena pode inscrever-se em uma longa lista de mulheres que lutaram e lutam anonimamente em defesa de seu povo. Aprecio muito seu carisma, sua mística e militância porque representa a construção de Outro Paraguai Possível e sonho que um dia –esperamos que seja o quanto antes- possa governar esse país como responsável ministerial e presidencial juntamente com outras grandes lutadoras, como Liz Torres, Ministra da Infância e Adolescência e como Mercedes Canese, Vice-Ministra de Energia no governo do presidente Lugo.
Confira a entrevista:
P: Qual é a dívida social do Paraguai ante a qual teu compromisso social e político se inspira?
R: As dívidas históricas, a dívida social se acumulam. Ao longo dos séculos e décadas, nosso povo sofreu os embates do escravagismo, do feudalismo e há uns séculos também do capitalismo, sempre selvagens para manter seu sistema de dominação. Somos os povos de nossa querida América morena.As dívidas sociais e políticas são enormes porque, além de empobrecer o povo, vieram acompanhadas de políticas repressivas que, no Paraguai, nós, lutadorxs sociais sofremos em carne própria.
P: O que aprendeste no movimento Kuña Pyrenda - MKP? Que perspectiva tu consideras para agregar os movimentos sociais e feministas daqui para frente?
R: A experiência com o MKP é muito interessante. Creio que é único no Paraguai e no exterior, porque desde o início nos propusemos a fazer política de maneira diferente da que conhecemos: não utilizar os mecanismos usados pela direita para atormentar, confundir, mentir e aprisionar o eleitorado pobre, que é uma consequência de sua política de décadas.
Creio que o desenvolvimento dos movimentos sociais é muito importante como também a autonomia dos partidos e dos movimentos políticos de maneira a que não seja utilizada por nenhum setor para fins alheios às suas reivindicações. No entanto, sua formação e orientação é muito importante para a toma de decisões em momentos eleitorais, para uma acertada análise, posicionamento e tomada de decisões sem que sejam manipulados.
P: Qual sua opinião sobre o novo presidente eleito, Cartes?
R: É o novo presidente com velhos esquemas de dominação…
P: Esse novo presidente representa as multinacionais? Que impacto terá no campo e na criminalização da resistência social?
R: Ficamos mal; ainda não podemos conceber tanto poder como o da máfia, porque acreditávamos que esses cinco anos passados bastariam para mudar de pensamento; porém, há outros aspectos, como te dizia, para neutralizar a consciência.
De fato, ele representa as multinacionais; é um megaempresário que fez fortuna através do comércio ilícito. Entendemos que as perseguições continuarão e, sem dúvida, o setor popular organizado será alvo das repressões.
P: Em âmbito internacional e, em particular, para a Europa, que chamado fazes? Como se pode acompanhar o Paraguai para fazer controle cidadão?
R: O chamado de alerta e a solidariedade é tão importante em momentos difíceis! Creio que ao divulgar as obscuras intenções do Partido Colorado com um narco-delinquente à cabeça, seria um apoio forte à nossa luta de resistência.
Devemos sempre forçar o controle, mesmo que seja difícil e não seja fácil destravar decisões nos âmbitos de poder.
Logo, esses cidadãos perceberão que votaram mal devido ao desespero e que nada vai mudar em suas vidas e muito menos em seu futuro.
P: Frente a esse desespero de quem votou Colorado, que esperança esses lutadores que votaram em ti podem representar, agora que a esquerda é a terceira força do país?
R: Bom, é importante as pessoas que votaram em nós; isso significa que há um eleitorado consciente, que entende nossa proposta de governo, uma das melhores entre a esquerda e isso nos dá muita confiança para continuar construindo esse movimento que aposta na igualdade, na honestidade e na transparência. O mais importante para o MKP é o capital humano que temos e o interesse em continuar avançando.
Comentário do Europarlamentar Jürgen Klute
Os temas principais analisados por Magui Balbuena abrem o debate também no Europarlamento.
Jürgen Klute, Eurodeputado Alemão, do bloco GUE-NGL (www.guengl.eu), Membro da Delegação para as Relações com os países do Mercosul, acaba de fazer a mim essa declaração, diretamente de Bruxelas:
"O retorno do governo às mãos do Partido Colorado, que governou o Paraguai por mais de 6 décadas, incluindo os anos mais sangrentos da ditadura militar, nos deixam sérias dúvidas quanto à sua capacidade para resolver os principais desafios do país.
Por um lado, está o iniludível problema da repartição da terra. Hoje, o Paraguai é o país com a maior concentração da terra na América Latina. É a principal causa de conflito social no país, que desembocou no Massacre de Curuguaty, no qual camponeses reclamavam a um político Colorado, e na qual se organizou o julgamento político contra o presidente Lugo. A te hoje não foram encontrados os responsáveis pelo massacre e a Comissão de Direitos Humanos da ONU juntamente com várias ONGs denunciaram a parcialidade com a qual o caso foi manejado.
Esperamos ver que na vontade política do novo governo esteja a de levar o julgamento a instâncias internacionais, que poderiam ser as mais aptas e imparciais para resolver esse fato que fraturou seriamente a democracia. Continuaremos vigilantes sobre esse ponto.
O outro grande desafio que tem o presidente Cartes é o de devolver a credibilidade ao Poder Executivo que, após o golpe institucional, ficou fortemente questionado em âmbito nacional e internacional, ao ponto de ser impedido de participar nos órgãos regionais. No entanto, as acusações que pesam sobre Cartes quanto ao contrabando, narcotráfico, evasão de impostos, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, inevitavelmente, dificultarão essa tarefa”.
Vários europarlamentares estão preocupados com as acusações sobre narcotráfico no processo político do Paraguai.
O diário EL MUNDO (Madri, Espanha) faz referência à entrevista de Cristiano Morsolin ao euro parlamentar Klute Jurgen (GUE-NGL) publicado na agência EA de Asunción, no artigo "Acusan al candidato presidencial 'colorado' de narcotráfico y lavado de dinero”, publicado na quinta-feira, 18 de abril, pelo jornalista Dino Capelli, desde Montevidéu (http://www.elmundo.es/america/2013/04/18/noticias/1366287236.html).
[Cristiano Morsolin, Operador de redes internacionais para a defesa dos direitos humanos na América Latina. Co-fundador do Observatorio sobre Latinoamérica SELVAS. Trabalha na A. Latina desde 2001, com experiências no Paraguai, Guatemala, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Brasil. Investigador, painelista e autor de vários livros].
23.04.2013.
O movimento Kuña Pyrendá, através de um comunicado à imprensa, declarou que o Partido Colorado tem uma dívida histórica com os paraguaios e lamentou que o Poder Executivo fique nas mãos de um setor com uma "ética questionável”.
"Eles têm uma dívida histórica com o povo paraguaio e exigiremos que a paguem. Se os resultados se confirmam, o Poder Executivo ficará em mãos dos setores mais conservadores de nossa sociedade e com as trajetórias éticas mais questionáveis”, destaca o comunicado de Kuña Pyrendá, divulgado à imprensa.
Nesse momento, é importante romper o muro midiático com o qual tentar encerrar o Paraguai. O periódico francês "Le Monde” faz eco de Kuña Pyrenda com o artigo "Em Paraguay, uma dupla presidencial quiere disminuir El machismo”.
Liz Torres, Ministra da Infância e Adolescência do governo Lugo e chefe de campanha do movimento Kuña Pyrenda (KP) comenta que "o artigo ‘Parlamentares espanhois rechaçam visita de Franco’, é digno de ser partilhado. Gracias Morsolin por essa nota que nos aproxima e divulga a resistência além de nossas fronteiras, bem como a coerência de parlamentares e sindicalistas europeus”.
Por essa razão, entrevistei a Magui Balbuena, candidata à Vice Presidência da República por Kuña Pyrenda. Ela começou militando na Juventude Agrária Católica, em 1971, quando tinha 21 anos, em Misiones, Departamento situado ao sul do território paraguaio. Nesse tempo, a luta era contra a ditadura e pela organização dos camponeses. Sua incursão nessa organização a levou ao exílio; porém, não perdeu o contato com as bases e continuou trabalhando. Um tempo após regressar ao Paraguai, em 1980, fundou com outros companheiros o Movimento camponês Paraguaio (MCP); depois, em 1985, impulsionou a Coordenação de Mulheres Camponesas do Paraguai, que, posteriormente fundou a Coordenadora Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas (Conamuri); em 2005, foi premiada entre as "Mil Mulheres pela Paz”, partilhando essa distinção com Gladys Marín, do Chile; e Domitila Chungara, da Bolívia.
Semente para uma nova semeadura
No libro-entrevista "Magui Balbuena. Semilla para una nueva siembra” (Trompo Ediciones), a investigadora Elisabeth Roig narra a vida da líder paraguaia, integrante de Conamuri (www.conamuri.org.py) e, paralelamente, recupera uma história oral do campesinato no Paraguai.
O livro de Elisabeth Roig é uma história de vida, que se inscreve e contribui para um novo historicismo crítico latino-americano, que já conta com textos relevantes como os de Elisabet Burgos, Me llamo Rigoberta Menchú y así me nació la conciencia (2000); Raquel Rodas Morales, Dolores Cacuango, grande líder do povo indígena (2005); Guiomar Rovira, Mujeres de maíz (2000); Cecilia Miño Grijalva, Tránsito Amaguaña, heroína indígena (2006).
Não por acaso são histórias de mulheres camponesas e indígenas, pois, como diz Elisabeth Roig, "é a criatividade do feminino que a partir de sua diferença questiona o poder –sempre fálico- lá onde nada parece modificável” (pág. 32). Vale destacar que o jurado internacional do Prêmio Libertador al Pensamiento Crítico 2009 (instituído pelo Ministério do Poder Popular para a Cultura da República Bolivariana da Venezuela), integrado por Judith Valencia, Theotonio dos Santos, Renán Veja Cantor, Bernard Duterme e J. A. Calzadilla Arreaza, decidiu outorgar uma Menção Honrosa ao livro de Elisabeth Roig por sua significativa contribuição ao pensamento crítico.
O Prólogo do livro é de Adolfo Pérez Esquivel, que qualifica o texto de "alentador” e considera que "Há histórias transmitidas de boca em boca, de olhar em olhar e de silêncio em silêncio, onde a palavra caminha e vai semeando sementes de dignidade humana, de resistência no amor. E na esperança de que outro mundo é possível, mais justo e fraterno para todxs. Assim é a vida e o caminhar de Magui Balbuena, mulher Guarani, consciente e lutadora pela dignidade da mulher e do povo. A terra fértil é parte essencial da vida e vale à pena defendê-la da voragem daqueles que privilegiam o capital financeiro sobre o capital humano”.
Para que as mulheres, fazendo frente ao patriarcado, revalorizem seu papel na sociedade e na família, potenciem seus saberes e sua cultura, que no caso de Magui Balbuena é a cultura do povo Guarani, tão rica na busca da "Terra Sem Males”. (pág. 13).
Um exemplo de lutadora para todo o mundo
Magui Balbuena pode inscrever-se em uma longa lista de mulheres que lutaram e lutam anonimamente em defesa de seu povo. Aprecio muito seu carisma, sua mística e militância porque representa a construção de Outro Paraguai Possível e sonho que um dia –esperamos que seja o quanto antes- possa governar esse país como responsável ministerial e presidencial juntamente com outras grandes lutadoras, como Liz Torres, Ministra da Infância e Adolescência e como Mercedes Canese, Vice-Ministra de Energia no governo do presidente Lugo.
Confira a entrevista:
P: Qual é a dívida social do Paraguai ante a qual teu compromisso social e político se inspira?
R: As dívidas históricas, a dívida social se acumulam. Ao longo dos séculos e décadas, nosso povo sofreu os embates do escravagismo, do feudalismo e há uns séculos também do capitalismo, sempre selvagens para manter seu sistema de dominação. Somos os povos de nossa querida América morena.As dívidas sociais e políticas são enormes porque, além de empobrecer o povo, vieram acompanhadas de políticas repressivas que, no Paraguai, nós, lutadorxs sociais sofremos em carne própria.
P: O que aprendeste no movimento Kuña Pyrenda - MKP? Que perspectiva tu consideras para agregar os movimentos sociais e feministas daqui para frente?
R: A experiência com o MKP é muito interessante. Creio que é único no Paraguai e no exterior, porque desde o início nos propusemos a fazer política de maneira diferente da que conhecemos: não utilizar os mecanismos usados pela direita para atormentar, confundir, mentir e aprisionar o eleitorado pobre, que é uma consequência de sua política de décadas.
Creio que o desenvolvimento dos movimentos sociais é muito importante como também a autonomia dos partidos e dos movimentos políticos de maneira a que não seja utilizada por nenhum setor para fins alheios às suas reivindicações. No entanto, sua formação e orientação é muito importante para a toma de decisões em momentos eleitorais, para uma acertada análise, posicionamento e tomada de decisões sem que sejam manipulados.
P: Qual sua opinião sobre o novo presidente eleito, Cartes?
R: É o novo presidente com velhos esquemas de dominação…
P: Esse novo presidente representa as multinacionais? Que impacto terá no campo e na criminalização da resistência social?
R: Ficamos mal; ainda não podemos conceber tanto poder como o da máfia, porque acreditávamos que esses cinco anos passados bastariam para mudar de pensamento; porém, há outros aspectos, como te dizia, para neutralizar a consciência.
De fato, ele representa as multinacionais; é um megaempresário que fez fortuna através do comércio ilícito. Entendemos que as perseguições continuarão e, sem dúvida, o setor popular organizado será alvo das repressões.
P: Em âmbito internacional e, em particular, para a Europa, que chamado fazes? Como se pode acompanhar o Paraguai para fazer controle cidadão?
R: O chamado de alerta e a solidariedade é tão importante em momentos difíceis! Creio que ao divulgar as obscuras intenções do Partido Colorado com um narco-delinquente à cabeça, seria um apoio forte à nossa luta de resistência.
Devemos sempre forçar o controle, mesmo que seja difícil e não seja fácil destravar decisões nos âmbitos de poder.
Logo, esses cidadãos perceberão que votaram mal devido ao desespero e que nada vai mudar em suas vidas e muito menos em seu futuro.
P: Frente a esse desespero de quem votou Colorado, que esperança esses lutadores que votaram em ti podem representar, agora que a esquerda é a terceira força do país?
R: Bom, é importante as pessoas que votaram em nós; isso significa que há um eleitorado consciente, que entende nossa proposta de governo, uma das melhores entre a esquerda e isso nos dá muita confiança para continuar construindo esse movimento que aposta na igualdade, na honestidade e na transparência. O mais importante para o MKP é o capital humano que temos e o interesse em continuar avançando.
Comentário do Europarlamentar Jürgen Klute
Os temas principais analisados por Magui Balbuena abrem o debate também no Europarlamento.
Jürgen Klute, Eurodeputado Alemão, do bloco GUE-NGL (www.guengl.eu), Membro da Delegação para as Relações com os países do Mercosul, acaba de fazer a mim essa declaração, diretamente de Bruxelas:
"O retorno do governo às mãos do Partido Colorado, que governou o Paraguai por mais de 6 décadas, incluindo os anos mais sangrentos da ditadura militar, nos deixam sérias dúvidas quanto à sua capacidade para resolver os principais desafios do país.
Por um lado, está o iniludível problema da repartição da terra. Hoje, o Paraguai é o país com a maior concentração da terra na América Latina. É a principal causa de conflito social no país, que desembocou no Massacre de Curuguaty, no qual camponeses reclamavam a um político Colorado, e na qual se organizou o julgamento político contra o presidente Lugo. A te hoje não foram encontrados os responsáveis pelo massacre e a Comissão de Direitos Humanos da ONU juntamente com várias ONGs denunciaram a parcialidade com a qual o caso foi manejado.
Esperamos ver que na vontade política do novo governo esteja a de levar o julgamento a instâncias internacionais, que poderiam ser as mais aptas e imparciais para resolver esse fato que fraturou seriamente a democracia. Continuaremos vigilantes sobre esse ponto.
O outro grande desafio que tem o presidente Cartes é o de devolver a credibilidade ao Poder Executivo que, após o golpe institucional, ficou fortemente questionado em âmbito nacional e internacional, ao ponto de ser impedido de participar nos órgãos regionais. No entanto, as acusações que pesam sobre Cartes quanto ao contrabando, narcotráfico, evasão de impostos, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, inevitavelmente, dificultarão essa tarefa”.
Vários europarlamentares estão preocupados com as acusações sobre narcotráfico no processo político do Paraguai.
O diário EL MUNDO (Madri, Espanha) faz referência à entrevista de Cristiano Morsolin ao euro parlamentar Klute Jurgen (GUE-NGL) publicado na agência EA de Asunción, no artigo "Acusan al candidato presidencial 'colorado' de narcotráfico y lavado de dinero”, publicado na quinta-feira, 18 de abril, pelo jornalista Dino Capelli, desde Montevidéu (http://www.elmundo.es/america/2013/04/18/noticias/1366287236.html).
[Cristiano Morsolin, Operador de redes internacionais para a defesa dos direitos humanos na América Latina. Co-fundador do Observatorio sobre Latinoamérica SELVAS. Trabalha na A. Latina desde 2001, com experiências no Paraguai, Guatemala, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Brasil. Investigador, painelista e autor de vários livros].
23.04.2013.
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