domingo, 7 de abril de 2013

Democratização da comunicação: tema do dia nas Américas


Adital
Reunidos em Montevidéu, Uruguai, para a Conferência "Democratização da Comunicação nas Américas”, os dirigentes sindicais e assessores de 12 países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai) reafirmaram a defesa da liberdade de expressão como um elemento central na política da CSA (Confederação Sindical de Trabalhadores/as das Américas) para o período seguinte.O propósito da reunião, que começou na quarta-feira (3), é definir um plano de ação para por em prática as decisões do II Congresso da organização, que já havia definido a democratização das comunicações, "com o enfrentamento os monopólios e oligopólios no setor”, como uma ferramenta para assegurar a liberdade e a democracia no continente.
Para o Secretário Geral da CSA, Víctor Báez, o "latifúndio midiático” nas mãos de uns poucos grupos privados proporciona à eles um poder real. "Este poder lhes dá a capacidade de concentrar-se nos ambientes políticos e sociais e influi na vida cotidiana dos trabalhadores. Quer dizer, esta concentração impede, entre outras coisas, a consolidação da liberdade de organização sindical e a ação para a defesa dos direitos dos trabalhadores”, disse.
Na análise do especialista Gustavo Gómez – um dos principais responsáveis pela redação do projeto da nova lei de telecomunicações no Uruguai, a atual concentração dos meios de comunicação se soma à propriedade cruzada, na qual os jornais, as revistas, a rádio e a televisão agora pertencem a um mesmo proprietário, como os banqueiros e latifundiários. Gustavo acredita que a decisão política por uma maior diversidade e uma menor concentração dos meios se tomaram desde a época na qual o movimento sindical afiliado à CSA incluiu o assunto em suas pautas de reivindicação. "Não podemos deixar este tema somente nas mãos dos governos, porque são mudanças a longo prazo que requerem o movimento social organizado”, destacou.
Os recursos e a luta pela mudança legislativa
A luta por novos marcos regulatórios para o setor deveria ser uma das prioridades dos movimentos sociais e sindicais, disse o coordenador de Comunicação da FES (Fundação Friedrich Ebert), Omar Rincón. Para ele é necessário democratizar os fundos da publicidade oficial, para que novos atores surjam: "Os meios de comunicação comunitários, cidadãos e não comerciais necessitam de recursos públicos. Os grandes meios continuam sendo financiados – inclusive por governos progressistas – e continua a batalha pelo relato da hegemonia política. Deste modo existe uma luta desigual pelo mercado da opinião pública” (para ver a apresentação completa, clique aqui).
Coordenador da Agência Latino-americana de Informação (ALAI), o equatoriano Oswaldo León disse que o movimento sindical já conta com uma grande arma, que são seus meios de comunicação. Ainda, "eles necessitam estar coordenados por uma agenda comum, que vai mais além das agendas corporativas”. "Se conseguimos isso, não teremos que pedir favor para ninguém”, completou.
A Secretaria Nacional de Comunicação da CUT Brasil e coordenadora do Fórum Nacional para a Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, ressaltou que no Brasil existe uma campanha com o propósito de recolher 1,8 milhão assinaturas para apoiar o projeto de emenda popular para a constituição brasileira que define um novo marco regulatório para o setor. Rosane lembrou que trata-se de uma pauta que deve ser permanente no discurso de cada dirigente sindical. E sugeriu: "Por que ainda não fizemos uma marcha nacional pela democratização da comunicação, de forma similar ao que fizemos na defesa de uma política de valorização do salário mínimo e da redução da jornada laboral? Esta é uma necessidade urgente”.
Inovar, conectar e dialogar com toda a sociedade
O líder da União de Trabalhadores da Construção da República Argentina (UOCRA), Gerardo Martínez, compartilhou a experiência do canal de televisão "Construir TV”, mantido pelo sindicato da categoria (afiliado à CGT) e transmitido pela televisão digital argentina, distribuído gratuitamente em todo o país. Gerardo mostrou a inovação de "Construir TV” na linguagem e no enfoque, colocando o mundo do trabalho no centro, sem se atar ao jargão sindical.
A notícia é de CSA, por Stella Borzilo, Isaías Dalle e Leonardo Severo

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