quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Agricultoras familiares inovam na produção de artesanato com fibra de bananeira



03/01/2013 03:58

Agricultoras familiares inovam na produção de artesanato com fibra de bananeira
Mandalas, cumbucas, bolsas, fruteiras e outros objetos decorativos fabricados com a fibra da bananeira se tornaram uma alternativa de renda para mulheres do município de Iconha, no Espírito Santo.  Fundada em setembro de 2001, a Associação de Artesãs do Município de Iconha (Assoarti) colocou em prática a ideia que vinha sendo construída desde 1999 para resolver o problema da desvalorização da banana. O cultivo da fruta é uma das principais atividades econômicas da cidade desde a década de 1960. 
As oito artesãs, que hoje integram a Assoarti, cresceram produzindo banana. A responsável pela associação, Elisabeth Bianchini Rovetta, 42 anos, conta que o preço da fruta estava fraco, o que desanimou os agricultores. Eles, então, procuraram novas formas para agregar valor à renda familiar. “Procuramos alternativas de valorização do produto, como doces, mas ainda não era o ideal”, lembra. 
Depois de várias tentativas e conversas na comunidade, Elizabeth e um grupo de 150 pessoas encontraram um curso que ensinava a fazer artesanato da fibra da bananeira. Após um ano de estudo, aprenderam uma técnica elaborada em laboratório. “Foi o pontapé inicial para desenvolvermos a nossa própria técnica. Continuamos o que aprendemos e, aos poucos, fomos evoluindo”, relata. 
Unindo o útil ao agradável, o artesanato foi ganhando forma e beleza. Da bananeira é possível conseguir, além do fruto, oito tipos de fibras com texturas variadas. As fibras se transformam em linha, renda, papel e peças de artesanato em geral. Nas mãos das artesãs da Assoarti elas viram produtos de decoração e utilidades. “Fazemos trançados, bolsas, certarias, quadros”, destaca. 
Confecção De acordo com Elizabeth, o processo de confecção dos produtos varia de acordo com o tamanho, mas a extração da fibra é feita em cerca de 20 minutos. Toda a matéria-prima é cultivada pelas próprias artesãs e suas famílias. Com a família, Elizabeth cultiva vários tipos de frutas. Para melhorar sua produção, a agricultora adquiriu uma das linhas de credito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O que facilitou ainda mais seu trabalho artesanal. “Cada uma das mulheres da associação tem um Pronaf diferente, mas que influencia muito na nossa produção. Já que cultivamos a matéria-prima do nosso artesanato”, explica. 
Hoje, as mulheres da Assoarti têm um local próprio para o processo de confecção de suas peças. São mais de 15 tipos de produtos com utilidades diferentes. Elas vendem principalmente em feiras e arrecadam de R$ 30 mil a R$ 40 mil por ano. “Participamos de várias feiras do MDA, como a Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária”, conta. 
Para a artesã, o trabalho que desempenha junto à associação só vem evoluindo nos últimos anos. A valorização de um produto cultivado em abundância no estado do Espírito Santo é mostrada pelas mulheres da Assoarti de maneira inusitada. “Houve uma época em que estagnamos, mas agora encontramos o caminho certo e conseguimos inovar”, enfatiza. 

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