“A censura e vigilância não são problemas de ‘outros lugares’. As pessoas no Ocidente adoram falar sobre como iranianos, chineses e norte-coreanos precisam de anonimato, de liberdade, de todas essas coisas, mas nós não as temos aqui”, analisa o criptopunk Jacob Appelbaum.
Na segunda parte da entrevista com criptopunks, desenvolvedores que também moldam políticas públicas dedicadas a manter a privacidade de dados pessoais na web, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, discute o poder dos governos em intervir no que é chamado de “guerra virtual”.
“Você apenas coloca ‘legal’ após qualquer coisa porque quem está fazendo é o Estado. Mas na verdade é a arquitetura do Estado que o permite fazer isso, no fim das contas. É a arquitetura das leis e a arquitetura da tecnologia assim como a arquitetura dos sistemas financeiros”, argumenta Appelbaum. Outro tema abordado no debate é a discussão entre o que pode ser compartilhado e baixado da internet, em contraposição com o que é considerado roubo.
“Temos a impressão, com a batalha dos direitos autorais, de que os legisladores tentam fazer com que toda a sociedade mude para se adaptar ao esquema que é definido por Hollywood. Esta não é a forma de se fazer boas políticas. Uma boa política observa o mundo e se adapta a ele, de modo a corrigir o que é errado e permitir o que é bom”, diz Jeremie Zimmerman.
Durante a conversa, Appelbaum conta que já foi detido algumas vezes em aeroportos norte-americanos e que o argumento usado pelas autoridades locais era sempre o mesmo. “Eles disseram que eu sei por que isso ocorre. Depende de quando, eles sempre me dão respostas diferentes. Mas geralmente dão uma resposta, que é a mesma em todas instâncias: ‘porque nós podemos’”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário