quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O terremoto tropicalista e sua monstruosidade barroca



Marco da cultura nacional brasileira, o último movimento vanguardista representou uma transição para o pós-modernismo, acentua Eduardo Guerreiro Brito Losso. Há 30 anos não surge algo tão expressivo

Márcia Junges e Thamiris Magalhães
Um mito de origem que fez a indústria cultural brasileira ingressar na fase pós-moderna. Assim Eduardo Guerreiro Brito Losso caracteriza o “terremoto tropicalista”, que unificou a “eureca da antropofagia com uma entrada simultaneamente simpática e subversiva na indústria cultural”. Em seu ponto de vista, o movimento “foi tão (in) fielmente oswaldiano que redimensionou e levou a antropofagia às últimas consequências”, disse na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Para os estrangeiros, complementa, a bossa nova é mais palatável, clássica e compacta do que “a monstruosidade barroca do tropicalismo”. Expoente máximo dessa vertente, Caetano Veloso “soube fazer de sua vida a epopeia de um herói brasileiro, um semideus macunaímico”, algo como um Goethe verde amarelo: “Não acho exagero dizer que o que Goethe foi para a Alemanha Caetano está sendo para o Brasil, desde o tropicalismo”. Losso fala, também, sobre o direito ao silêncio e o dever de se fornecer boa música: “A meu ver, o problema de cuidar do que o cidadão comum ouve todo dia é tão importante quanto o que ele come”.
Eduardo Guerreiro Brito Losso é mestre e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e Universität Leipzig, Alemanha, orientado por Christoph Türcke, com a tese Teologia negativa e Theodor Adorno. A secularização da mística na arte moderna. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ cursou pós-doutorado. Leciona na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ e é um dos autores de O carnaval carioca de Mario de Andrade (Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2011). Conheça seu site http://www.eduardoguerreirolosso.com/.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual é o contexto de surgimento e qual era o objetivo do tropicalismo?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Não sou especialista em tropicalismo (e hoje não existem poucos), mas posso dizer que sou o primeiro e um dos únicos a escrever academicamente sobre uma de suas maiores realizações estritamente musicais: os Mutantes . Mas se escrevi esse artigo sobre eles foi justamente porque já havia muita gente estudando os expoentes principais, Gilberto Gil  e, principalmente, Caetano Veloso .
A pergunta leva a uma questão mais grave: o que dizer do tropicalismo? Se tanto já foi dito, devemos ser didáticos? Porém, não é da natureza de um movimento modernista ser antiprofessoral? Por outro lado, esse não é justamente um movimento literário-musical e um movimento de massa? E tanto a arte quanto a cultura de massa precisam ser devidamente mastigadas por nós, os introdutores didáticos do que um dia foi escândalo espetacular?
Antes de entrar na questão do início do terremoto tropicalista, é preciso observar o caráter mítico de um movimento artístico que virou marco histórico de uma cultura nacional. É uma história que de tão repetida e recontada virou mito: ascensão (relação com Terra em transe, Oiticica , Zé Celso ), feitos heroicos (festivais, discurso É proibido proibir, Divino maravilhoso), sacrifício (prisão e exílio) e retorno. Já era mito em meados dos anos 1970. Virou obsessão tanto na imprensa e livros de jornalistas, quanto na universidade, já nos anos 1980. Quando o livro Verdade tropical (São Paulo: Companhia das Letras, 1997), de Caetano, surgiu, o mito se confrontou com um texto autobiográfico e literário de peso que o inflou ainda mais. O destino da história que tem a felicidade de ser relembrada é se tornar mito. E o tropicalismo é, digamos assim, um mito de origem: a entrada de uma nova fase da indústria cultural, a fase pós-moderna. E para ser breve: o contexto foram os festivais – inédita abertura da indústria cultural para experimentações – e a ditadura – inédito aprisionamento político da liberdade. O objetivo foi reposicionar a síntese modelar da bossa nova  para um campo bem mais ampliado da música popular brasileira e das guitarras elétricas.
IHU On-Line – Quais eram as raízes culturais desse movimento?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Essas que acabei de mencionar, e mais: juntar a eureca da antropofagia com uma entrada simultaneamente simpática e subversiva na indústria cultural. Tornar a antropofagia pós-moderna, evidenciando a raiz antropofágica do próprio pós-modernismo. Por um lado, o tropicalismo foi muito preciso e determinado: teve de lidar com a oposição entre os defensores conservadores da tradição nacional e a mera aceitação reprodutora da influência internacional e, no meio disso, retomou a fórmula de pré-solução da bossa nova para o problema de reunião de avanços brasileiros e americanos (samba + jazz) que, por conseguinte, aplicado à nova configuração, não deixou de se opor ao ethos da bossa nova, aderindo às gritarias, estridências e surrealismos do rock  lisérgico.
Por outro lado, ele foi tão pluralista em sua palavra de ordem de manifesto, que se tornou forçadamente universalista: ele abarcou o Brasil em si e soube abarcar o mundo em sua imagem do Brasil. A solução antropofágica, somada ao internacionalismo intelectual dos concretos e a sabedoria de reunião local e internacional, bem como erudita e popular da bossa nova, cada uma dessas manifestações musicais e literárias foi exponenciada pelo tropicalismo: o movimento que trouxe todas elas para o âmbito de uma configuração definitivamente hegemônica e estável da cultura de massa que, a partir daí, tornou-se paradigmática até hoje: o pós-modernismo, o chamado hibridismo cultural, em termos tropicalistas, a geleia geral. Por isso, o tropicalismo foi aquele tipo de acontecimento cultural que soube fazer de sua especificidade uma negação determinada de seus próprios limites, extraindo forças, antropofagicamente, de outros movimentos poderosos (como a própria antropofagia!) e impondo-se naquele lugar que, precisamente no momento de seu surgimento, tornar-se-á o fundamento da massificação para as próximas décadas. 
IHU On-Line – Em termos gerais, como você avalia o tropicalismo?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Ele foi tão (in) fielmente oswaldiano que redimensionou e levou a antropofagia às últimas consequências, conseguindo com isso, retrospectivamente, tornar mesmo a bossa nova ofuscada pelo seu alcance que, deveras, foi muito maior. Inclusive sublinho o fato de a bossa nova, para o estrangeiro, ser mais clássica, compacta e compreensível que a monstruosidade barroca do tropicalismo. 
A tropicália não foi só o último movimento vanguardista determinante do Brasil: foi já, em si mesmo, uma transição para o pós-modernismo e a resultante predominante de todos os outros movimentos. Mas, se estou incorporando a sua grandiloquência para caracterizá-lo, não posso deixar de dizer que sua predominância não “incorpora” nem apaga o diferencial dos movimentos afins, muito menos deve ser motivo de descaso, desprezo e, pior, desconhecimento das tendências a ele divergentes ou, simplesmente, diversas. 
É fato que foi o trabalho de conexão posterior de seus pivôs, Gil e Caetano, com os acontecimentos culturais e políticos os mais diversos, isto é, a prática estético-política progressiva da pluralidade do movimento numa integração crescente dos mais diversos fenômenos artísticos e pops, intelectuais e célebres, fez com que Gil e, principalmente, Caetano se tornassem, paulatinamente, epicentro de um oceano variável de debates e questões, bem como relações de poder e prestígio.
Precisamente porque a importância dessas figuras não deve diminuir a de outros integrantes do tropicalismo nem outros artistas que nada tem a ver com o mesmo, vale a pena entender o porquê do sucesso de seu maior expoente. A raríssima e feliz conjunção alquímica de Caetano ser ao mesmo tempo um poeta e pensador de primeira grandeza; uma celebridade marcante, cativante, carismática; um polemista constante, atento, impetuoso e corajoso; um observador certeiro do que ocorreu, ocorre e está para ocorrer; enfim, o caráter de homem apaixonado pela vida concreta e presente, logo, pelas complicações e aventuras da vida pública mais intensa, às vezes alegre, de sorriso leve e aberto, às vezes feroz (na sua incontrolável ira contra as mentiras jornalísticas), barrocamente disperso, prolixo, mas veloz e agudo, fez dele uma entidade apaixonante. Seu modo de gostar de ser elogiado obtém profundos elogios, seu narcisismo declarado e autocrítico instiga a devoção alheia, por mais irritante que possa ser a outros olhos; sua mãe, suas mulheres e amantes compõem a continuação épica do mito de origem que é o tropicalismo no mito homérico que é a vida de Caetano.
Semideus macunaímico
Sim, ele soube fazer de sua vida a epopeia de um herói brasileiro, um semideus macunaímico. E como todo herói grego tem de ser aristocrático, o menino de Santo Amaro se tornou pivô essencial da pós-moderna aristocracia da celebridade. O “sol nas bancas de revista” é o rei Sol do mundo da celebridade e da cultura e, sinceramente, por mais que Pelé seja Pelé, a persona pública do craque do futebol não é páreo para o craque da arte de ser artista, intelectual e estrela. Ele retira declarações de amor bem diretas de músicos, atores, modelos, jornalistas, esportistas, políticos, bem como outras não tão indiretas, mas não menos emocionadas e sideradas, de antropólogos, críticos literários, colunistas, poetas, filósofos. Ele fez muito para se ligar a muita coisa – o que deriva de sua própria versatilidade de assimilar e dialogar com diversas instâncias – e, por conseguinte, uma multidão profusa anseia por estar ligada a ele. A tentação de se querer ser pai, filho, neto do tropicalismo é grande e, particularmente, do Superbacana.
Assim, o impacto, constância do “tempo tempo tempo tempo”, expansão e aprofundamento da influência de Caetano nos setores mais diversos (universidade, mídia, política e, como não poderia deixar de ser, música) fez dele, consequentemente, alvo de grosseira vituperação. Contudo, como seus adoradores são, em grande parte, muito finos e valorosos, em geral a defesa e contra-ataque, dele e dos seus, vence de longe as pedras e tomates, os quais, aliás, desde o discurso de “É proibido proibir”, fazem parte do show. 
Porém, há também adversários de maior estatura, como Roberto Schwarz , que terminam por se sentir extremamente incomodados com o alcance de seu domínio num setor que, em outros países, não poderia ser o dele (isso se ele não passa de um cantor de rádio), e resolvem escrever ensaios longos reconhecendo, por um lado, a grandeza literária de seu livro (o que é, na verdade, um tremendo dum troféu, vindo de quem vem) e, por outro, demarcando claramente território ideológico ao reforçar uma condenação antiga de condescendência com a ditadura. Em seguida, uma coluna de José Miguel Wisnik , outra de Francisco Bosco, botam o pingo dos is e revelam que o calcanhar de aquiles de um dos maiores intelectuais de mundo, outrora difícil de focar, ficou à mostra numa condenação completamente despropositada. E anuncio de antemão: chegará o dia em que João Camillo Penna, um dos maiores nomes da ensaísmo teórico no Brasil hoje, apresentará uma senhora resposta devidamente fundamentada em forma de livro a vir. Em outras palavras: quando um Hércules resolve afrontar o leonino, sai perdendo no seu próprio território. 
Há uma palavra interessante para se referir à história da cultura alemã: Goethezeit. A “época de Goethe ” foi o período – longo e glorioso – de vida de Goethe, que abarcou Kant , revolução francesa, Schiller , pré-romantismo e idealismo alemão. Não acho exagero dizer que o que Goethe foi para a Alemanha Caetano está sendo para o Brasil, desde o tropicalismo. 
IHU On-Line – Qual a diferença do termo “tropicália” para “tropicalismo”?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Quase não há. Os dois termos são usados com o mesmo sentido alternadamente. Título de uma instalação de Hélio Oiticica sugerido por Luis Carlos Barreto a Caetano, o nome “tropicália” é da impactante canção do grandiosíssimo álbum de 1967 com o primoroso arranjo de Julio Medaglia . Devido à força de representatividade do movimento, tornou-se parte do nome do disco Tropicalia ou Panis et Circencis, que é sua grande produção e tem explícita função de manifesto.
O “ismo” veio de um texto de Nelson Motta , que inaugurou a sua abundante fortuna crítica. Toda a questão da centralidade de Caetano no tropicalismo – por mais que isso seja discutível e problemático – foi antecipada no famoso trecho da letra: “Eu organizo o movimento / Eu oriento o carnaval / Eu inauguro o monumento no planalto central / Do país”. 
IHU On-Line – Por que Caetano Veloso, no documentário Tropicália, diz que o movimento do tropicalismo não existe mais?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Se aguçarmos o nosso ouvido, perceberemos que ele já dá a resposta a essa pergunta na mesma ocasião da declaração: eles resolveram “sepultar” o movimento para não manter o compromisso de uma constante coerência entre eles, o que é muito sensato, pois eram figuras necessariamente diferentes (todo bom artista deve ser único), que se reuniram naquele momento por força das afinidades e do contexto, mas que estavam destinados a seguir cada um o seu caminho. Foi a decisão certa para, ao sacrificar a integração do movimento, imortalizá-lo para a história e, com um golpe de mestre, torná-lo mito.
IHU On-Line – Quais são as diferenças do tropicalismo em relação a outros movimentos, como a Jovem Guarda ? Qual foi a sua principal peculiaridade?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – A diferença em relação à Jovem Guarda é grande: esta era uma manifestação completamente atrelada à indústria cultural, devedora do lado mais inofensivo do rock americano; não tinha nenhum pensamento vanguardista nem o nível de complexidade de questões e conexões do tropicalismo. Porém, eles representavam uma abertura para internacionalização num ambiente nacionalista redutor e conquistaram simpatia até dos concretos. Para os tropicalistas, a relação com a Jovem Guarda foi essencial, pois era uma maneira de se opor aos entraves que eles queriam demolir.
É claro que as canções de Roberto Carlos  são exemplares no seu gênero, o que levanta uma questão que discuti em detalhes num artigo intitulado “Aspectos teológicos da teoria da cultura de massa...”. Umberto Eco  foi, a meu ver, um dos primeiros teóricos que apresentou um argumento favorável ao valor não necessariamente elevado, mas genuíno, das diversas manifestações da cultura de massa, por lidarem com diferentes camadas de fruição, umas mais modestas, outras mais exigentes, e que não faz sentido julgar uma com base no critério de outra. Além disso, a efervescência constante da música pop apresenta, mesmo em seus produtos mais gritantemente apelativos, um material estético que, em vez de ser recusado pelo erudito sisudo, sempre pode ser apreciado e aproveitado de diferentes maneiras. Por exemplo, podemos rir às gargalhadas com as letras do funk carioca. Além disso, há coisas que despertam nosso gosto e não são, de fato, nada de mais, e outras que podem demonstrar grande esforço artístico, porém não nos conquistam. 
Policiamento de escolhas
No entanto, acho que, ainda que haja toda uma oscilação relativizante que tem sua razão em contestar os defensores da pureza da alta cultura, o debate deve sair dessa etapa e passar para outra. Roberto Carlos pode ser muito bom em seu gênero e dentro de seus limites, e, por isso mesmo, tem todo o direito de ser ovacionado e adorado pela multidão ao longo de décadas, enfim, de ter marcado profundamente a alma de tantos ouvintes. E isso justifica o fato de Caetano já ter declarado que não gosta de Led Zeppelin , por achar “cafona”, mas adorar Daniela Mercury, Sandy e Júnior e etc. Logo, Roberto Carlos, que ainda é interessante, se tornou o primeiro de uma série de ternos acolhimentos que artistas de alto calibre, como Caetano e Gil, mas não só eles, Chico Buarque  também, fizeram de gente de estrondoso sucesso e nenhuma qualidade. Devemos condená-los por isso? Não, discordo daqueles que se acham no direito de policiar escolhas afetivas de quem quer que seja.
Contudo, uma das lutas mais difíceis do surto criativo do rock dessa época e do tropicalismo foi a de romper com a separação de alta e baixa cultura, de modo a produzir obras de grande valor que não devem nada à chamada alta cultura, antecipando, até mesmo, a crítica a um preconceito europeizante tradicionalista ligado à hierarquização de formas e gêneros, que o modernismo iniciou o ataque, mas somente nessa época que foi decisivamente abalado. Foi isso que permitiu a artistas com grandes ambições estéticas conquistarem o território hegemônico da indústria musical.
Pró-caetanismo suspeito
Uma vez que, primeiramente, o jazz  e a bossa nova, depois o tropicalismo e o rock psicodélico e progressivo em geral, tenham feito uma conquista dessa dimensão, é contraditório e lamentável, depois, diluir essa mesma conquista e abraçar celebridades que nada contribuem para o valor intrínseco da obra de arte. E toda a crítica da opressão racista em torno da alta cultura, por mais importante que seja e por mais que devamos assimilá-la, não deve pulverizar a necessidade de se discutir o que é bom e o que não é na indústria musical de massa – só deve ser um fator de complexificação. Sempre me pergunto uma coisa: se não admitimos, na literatura, essa confusão, se continua sendo claro para todos que Paulo Coelho  não é igual a Clarice Lispector , porque na música pop teóricos dos mais respeitáveis insistem em ver uma linha tão natural de evolução e afinidades entre tropicalismo e o lixo de todo dia?
Eu não posso deixar de me pronunciar: a cafonice de Led Zeppelin é infinitamente superior à de Daniela Mercury. Ainda que Caetano seja exemplar na maioria de suas atitudes (é o que acho), neste ponto ele não pode ser justificado, por mais malabarismos argumentativos que inventem. Peço aos seus fãs intelectuais que poupem tinta nesse caso e admitam que ele não será uma boa referência para introduzirmos um critério estético do que é bom e o que não é na indústria cultural. E não adianta evitar: isso é uma tarefa que todos estão adiando, mas que deve ser feita, por mais que haja fatores relativizantes a se interpor no caminho. A mania dos pró-caetanistas de se mobilizarem em justificar tudo o que ele diz e faz acaba se tornando suspeita.
Como figuras do porte de Caetano e Chico Buarque se tornaram profundamente influentes na universidade, entre os mais qualificados pesquisadores, aquilo que eles fazem com o direito de sua liberdade e com os motivos que, mesmo involuntariamente, podem ser, por que não?, o de se manterem na posição de celebridade, torna-se modelo para o juízo estético de pessoas como historiadores da música popular e críticos sérios. É evidente que eles não se sustentariam numa posição de visibilidade se se relacionassem somente com escritores de vanguarda; já que ocupam esse lugar de ambivalência, não penso que se deve condená-los por isso. No entanto, também não se deve aceitar tal atitude como boa em si. O que não pode ser “moralizado” também não deve virar motivo para a pura e simples inversão da necessidade de uma ética da crítica estética no terreno da cultura de massa. Por causa disso, aquilo que um dia, no auge do florescimento da melhor combinação de cultura pop e erudita, foi canonizado na história da MPB é posto ao lado de manifestações claramente ordinárias. 
IHU On-Line – Em que sentido o tropicalismo teve papel importante durante a ditadura militar, sobretudo na década de 1960?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Penso que a atitude dos seus integrantes no momento da ditadura foi exemplar e considero a crítica de Roberto Schwarz completamente equivocada. Essa é uma questão que exigiria análises sociopolíticas específicas nas quais não me deterei por achar que não tenho algo relevante a acrescentar. Recomendo o ensaio de João Camillo Penna sobre o assunto que está para sair. Vou me ater à dimensão do valor estético, e Schwarz, que deveria estar tão preocupado com o problema quanto eu, não toca no assunto em seu ensaio; no entanto, penso que ele é bem mais importante para o que ocorre hoje do que acusações ideológicas a favor ou contra posicionamentos políticos. 
O tropicalismo foi um dos principais esforços que abriram o uso da indústria cultural para realizações estéticas de alto calibre e, especialmente, para a irreverência vanguardista. De fato, o auge da boa relação entre a melhor arte e indústria cultural ocorreu mundialmente na época do nascimento do tropicalismo, com o rock psicodélico, de 1967 em diante, desmembrando-se em mananciais de boa música em torno de vários subgêneros, como jazz fusion. Aquele que se tornou abrigo para as mais criativas e ousadas realizações foi o rock progressivo, cujo período preponderante durou de 1970 a 1977. Ele levou a inovação e ruptura com a estrutura da canção a seus limites; enfim, houve vários desmembramentos de um princípio de aliança entre vanguarda e rock juvenil. Contudo, depois do movimento puramente destruidor que foi o punk, fruto da depressão econômica da crise do petróleo, a partir de meados de 1978 a indústria fonográfica iniciou um período de censura explícita de toda música que tenha alguma pretensão experimental e instaurou a ditadura da superficialidade. Se a ditadura militar foi política e estatal, abrangendo todos os países da América Latina, a ditadura mercadológica dos anos 1980 foi especificamente estética e mundial. A primeira ruiu, a segunda nasceu, cresceu e prosperou, determinando a mentalidade e o cotidiano da população como nunca, isto é, a segunda é o fruto oculto vencedor da primeira.
Produtores, rádios e camisas de força
Contudo, como muitos artistas, nessa época foram criados num ambiente mercadológico de recepção de ousadias, embora alguns tenham sido pegos de surpresa, outros souberam adaptar sua linguagem aos novos tempos. Alguns aderiram abertamente ao sucesso pelo sucesso, outros conseguiram conciliar resultados estéticos interessantes reformulando estilos estabelecidos ou dialogando com os novos; outros, da nova geração pós-punk, procuraram produzir algo singular a partir da nova linguagem. Dos integrantes do tropicalismo, aqueles que passaram a se chamar Doces Bárbaros, Caetano, Gil, Betania , Gal  e, entre os ex-Mutantes, Rita Lee , foram os que se tornaram bem sucedidos nessa virada. Gil e especialmente Caetano fizeram essa passagem muito bem. As canções de Caetano desse período são clássicos, há grandes letras e composições. Mas não podemos deixar de observar que, no plano instrumental, especificamente o musical, todos saíram perdendo em comparação com a sonoridade dos anos 1970. Os timbres são todos pobres, infantilizados, e os arranjos, mesmo os que pretendem ser mais elaborados, dão a impressão de total artificialidade diante da genialidade de Rogério Duprat  e do tipo de instrumentista que surgiu de 1968 em diante. Esse clima mediocrizante dos anos 1980 foi decisivo para uma canonização mortuária do rock psicodélico como algo a que o lado mais experimental da cena pós-punk pretendia se filiar e uma depreciação cínica do rock progressivo, por ser algumas manifestações dele mais arredias ao entendimento fácil do público e não caber na camisa de força dos produtores e das rádios. Críticos que fizeram trabalhos importantes para a música brasileira, como Carlos Calado, cuja biografia dos Mutantes é referência obrigatória, da qual sou apreciador entusiasta, e Ezequiel Neves, movidos pela corrente determinante da indústria cultural, fizeram o deplorável papel de seus fieis soldados justificando o injustificável e prestaram um desserviço para a opinião e formação auditiva de milhões de pessoas. 
Cadeia ininterrupta de mediocridade 
Ainda assim, um fenômeno milagroso como a Vanguarda Paulistana de Arrigo Barnabé  tornou-se, a meu ver, um fruto tardio do espírito de liberdade dos anos 1970 (não é à toa que parte do álbum Clara crocodilo tinha sido concebida ainda em meados dos anos 1970). Caetano apoiou milagres como esse e outros, como Hermeto Pascoal , que teve seu auge nessa época.
Onde eu quero chegar é que a ditadura do mercado dos anos 1980 foi criando muitos sucessos, a grande maioria ruins, que por sua vez foram se tornando clássicos, que influenciaram outros piores ainda, de modo que se criou uma cadeia ininterrupta de mediocridade. Já se passaram mais de 30 anos sem que um movimento forte tenha conseguido criar um contexto de realizações potentes e aparecido com força nas rádios. Algo um pouco melhor que, por vezes, surge é sempre rara exceção. Ao mesmo tempo, os historiadores e críticos não pontuam a factualidade do mal e colocam maravilhas do passado ao lado de nomes insossos.
Francamente, acho que falta um movimento sério de pressão contra o império absoluto da banalização no espaço nobre da indústria cultural, já que, depois dos anos 1970, ficou provado que esse pode ser um espaço de cultivo da sensibilidade estética para boa música e poesia. Se a luta do tropicalismo foi contra o ufanismo e a separação entre alta e baixa cultura, e eles venceram; falta agora, uma vez conquistado o direito de poder fazer grande arte na indústria cultural, inserir trabalhos criativos e elaborados nela. E, por mais abertos e sensíveis que sejamos às diferentes camadas de gosto e valores, falta politizar a indústria de massa para fins de formação cultural cultivada. Considero isso um dever político de primeira mão, muito maior do que a politiquice de todo dia.
A meu ver, o problema de cuidar do que o cidadão comum ouve todo dia é tão importante quanto o que ele come. Pode ainda faltar, mesmo depois do Bolsa Família, comida no prato de muitos no Brasil, mas não falta rádio, TV e alto falantes berrantes invadindo nosso espaço auditivo a todo instante, o que podemos tranquilamente chamar de poluição sonora. É imprescindível, portanto, politizar o direito ao silêncio, em primeiro lugar, e o dever de fornecer boa música, em segundo.
IHU On-Line – Por que este movimento, ao menos no início, sofreu grande rejeição por parte dos acadêmicos e jovens da época?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Justamente porque havia uma esquerda tacanha que via na guitarra um inimigo, isto é, via o inimigo exatamente no lugar errado; e acadêmicos que não estavam preparados para aceitar que um movimento ligado à cultura de massa era capaz de uma proposta estética sofisticada. Comprovar no plano teórico, poético e musical que isso era possível foi a grande conquista, nos EUA, da associação do drop out rebelde dos beatniks  com os roqueiros; na Inglaterra, um grupo de jovens de sucesso garantido, os Beatles , resolveram simplesmente revolucionar a história unindo o mais extremo carisma com o mais extremo bom gosto experimental; no Brasil, entusiasmados pelo estopim dado pelos Beatles, os tropicalistas sofisticaram ainda mais a aventura com a nova síntese de bossa nova, diferentes tradições populares musicais e teorias antropofágicas e concretistas. O gênio intuitivo e poético de Caetano, cujo disco de 1967 tornou-se o grandioso pontapé inicial, foi seguido disco do Gilberto Gil de 1968, junto com os Mutantes. Logo em seguida, apareceu o primeiro disco dos Mutantes, que, em termos de experimentação e trabalho formal musical, superou os dois anteriores e iniciou a carreira da maior realização artística da indústria musical de massa da história do Brasil. Um disco de Gil, o Cérebro eletrônico, de 1969, e todos os álbums d’Os Mutantes são, a meu ver, a melhor e maior realização artística do tropicalismo e sustento que são, também, de toda a história da música popular brasileira, sendo ombreados somente pelo Chico Buarque de Construção, o Walter Franco de Ou não e, anos depois, pelo Arrigo Barnabé de Clara crocodilo. É claro que, se eu considero esses álbuns os melhores, não quero diminuir, muito menos apagar, o peso de Jorge Ben , Milton Nascimento  e alguns outros, que devem ser mencionados como figuras simpáticas ao tropicalismo, porém essencialmente diferenciadas em termos de mundivisão estética.
Isso que faço agora – tomar posição para elencar o que é o melhor – é infinitamente problemático. Eu mesmo não acredito, em certo sentido, nesse gesto, principalmente no campo da historiografia da literatura. Mas, no campo da música popular, ele é necessário, pelo menos para pontuar uma posição dentro da discussão do cânone em construção, que não vai deixar de existir com argumentos relativizantes.
Toque de Midas
Depois do tropicalismo, vários outros cantores e grupos se beneficiaram da porta que eles abriram, influenciados ou não. Não há dúvida da grandeza de Secos e Molhados , Novos Baianos , João Bosco e, especialmente, Raul Seixas . Percebe-se até que tudo o que o tropicalista Rogério Duprat tocava, como o primeiro álbum de João Bosco, Ou não, entre outros, virava ouro. Certos grupos, conhecidos só por aficcionados, foram extremamente criativos, como o Módulo 1000.
Nos anos 1980, período que, como já disse, foi triste, embora quem tenha assimilado a mediocridade como uma grande coisa ache ser maravilhoso, produziu, sim, trabalhos interessantes, especialmente em letras de teor poético e crítico como as de Lobão , Renato Russo , Titãs  e Cazuza , e o clima cômico e leve de Blitz, Eduardo Duzek, Fausto Fawcett, entre outros. Insisto, porém, que todos esses nomes são bem menores do que a grandeza das melhores realizações dos anos 1970, ficando Arrigo como o herói, realizador do grande disco da época.
Se houve uma primeira ruptura no ano de 1967 na indústria musical, que podemos chamar de um surto vanguardista criativo e contestador no interior da cultura juvenil, e uma segunda, em 1978, introdutora da ditadura da superficialidade e do espírito conservador, na segunda metade dos anos 1990, com o advento da internet, ocorreu uma pulverização da centralização hegemônica da mídia, o que permitiu um novo surto criativo descentralizador, porém muito menor do que o dos anos 1960-1970, é preciso ressaltar. O esgarçamento da estrutura da canção introduzido pelo rock progressivo com fins experimentais, que nos anos 1980 foi recusado, nesse momento tornou-se inteiramente bem sucedido e motivou a crise chamada de morte da canção, que não é morte, sem dúvida, mas abalo, com certeza, feito pelo hip hop e pela música eletrônica. Esta última foi responsável pelas melhores tentativas de experimentação rítmica e timbrística, mas perdeu a vitalidade instrumental da banda de rock, embora algumas bandas tenham encontrado a sensatez de conciliar o melhor das duas coisas. No Brasil, eu destaco, nesse período, o grande instrumentista e compositor que é Guinga, o fervor rítmico e potencial poético de Chico Science e Nação Zumbi  e a ironia grotesca de Zumbi do Mato (que fez mais esforço para não aparecer na mídia que Os Racionais MCs) como os melhores trabalhos que conheço. 
IHU On-Line – A seu ver, poderia haver um tropicalismo do século XXI? Em que sentido?
Eduardo Guerreiro Brito Losso – Sim e em diferentes sentidos. Há um aspecto importante que eu preciso mencionar: o tropicalismo, especialmente Caetano, seguiu uma tradição de afirmar e pensar o Brasil que se iniciou com Gilberto Freyre  e se coloca como uma alternativa decisiva a uma postura depreciante do país. Se muitos grandes pensadores brasileiros tendem a incorporar valores europeus de juízo da cultura, outros procuraram entender, em caracterizações teóricas peculiares, como a cordialidade de Sergio Buarque , a ambivalência de uma incapacidade negativa para a disciplina e um relaxamento positivo de fronteiras de classe e hierarquia, bem como uma disposição de leveza e alegria diante da vida, diferente da melancolia europeia. Roberto Schwarz, crítico privilegiado do tropicalismo, acentuou o lado negativo da cordialidade; José Miguel Wisnik, pensador da cultura brasileira inteiramente ligado a Caetano, acentua o seu lado positivo. Wisnik, que motivou Caetano a escrever Verdade tropical, autor de O som e o sentido e Veneno remédio, é sem dúvida a referência de primeira mão do pensamento brasileiro hoje que incorporou, no melhor sentido, a ruptura da separação entre alta e baixa cultura a favor de uma interpretação da cultura na sua abrangência, pontuando a continuidade do melhor de uma com o melhor de outra; lembro, por exemplo, a emblemática comparação entre Machado de Assis  e Pelé em Veneno remédio. Do ponto de vista político, a insistência nos valores avançados, democráticos e laicos da modernidade feita por Caetano, um ateu que defende o direito de minorias, foi teoricamente desenvolvida por Wisnik e por Antonio Cícero, que além de filósofo e letrista é um dos maiores poetas hoje. Num país de analfabetos reais e funcionais e ameaçado com o perigo de diversos fundamentalismos, figuras políticas como Gil, Caetano, Wisnik e Cícero são indispensáveis.
A volta dos Mutantes
Foi desse meio vigoroso que surgiu um ensaísta simultaneamente modesto (compara-se ao jogador de futebol de salão, que se esmera em dribles em espaço curto) e primoroso, influenciado pela escrita de Roland Barthes , especialmente no livro Banalogias, mas já aí soube trilhar caminho próprio: Francisco Bosco. Ouso dizer que o melhor fruto do tropicalismo, o melhor filho de Caetano, não está na música, está no ensaísmo deste atual colunista do Globo. E não exagero ao dizer que suas colunas são a melhor coisa que já li em jornal, pois combina simplicidade, rigor estilístico, discussões éticas e estéticas envolvendo posicionamentos lúcidos e admiráveis, com versatilidade semelhante à de Caetano e Wisnik, mas com o gosto barthesiano pela concisão clássica, melhor dizendo, o “clássico moderno” do texto de prazer. Contudo, o livro que mais gosto dele foi aquele em que a clareza harmoniosa foi abalada por conflitos internos, E livre seja este infortúnio, de 2010, o qual contém, aliás, um ensaio sobre o Arnaldo Batista  dos Mutantes, que, por sua vez, dialoga com meu artigo sobre Os Mutantes publicado na revista Cultura brasileira contemporânea, organizada por ele mesmo, de 2006. Francisco foi também coordenador da Rádio Batuta do Instituto Moreira Salles, que hoje está com Paulo da Costa e Silva. Francisco fez e Paulo está fazendo um belo trabalho de resgate histórico e documental da música popular. 
Voltando para a música, Francisco Bosco, que começou sendo poeta, foi também letrista admirável da nova safra de discos de seu pai João Bosco, que é um dos melhores trabalhos atuais da geração iniciada nos anos 1970. Gil e especialmente Caetano estão sempre surpreendentemente antenados e seus álbuns atuais também são interessantes. O novo disco de Tom Zé , Lixo lógico, é bom e tem pelo menos uma canção forte: “Tropicalea Jacta Est”. 
Depois do retorno dos dois irmãos dos Mutantes juntos tocando seus sucessos, eles se separaram de novo, mas Sergio Dias  encabeçou um novo disco, Haih or Amortecedor, de 2009, que foi solenemente ignorado, mas contém grandes canções e está também entre as melhores coisas produzidas pelos mestres hoje, talvez até a melhor, confirmando a potência do maior banda do Brasil até hoje. Recomendo uma faixa arrasadora: “Querida, querida”.
Verve satírica
Sérgio Dias, de todos os tropicalistas, foi aquele que sustentou, nos seus trabalhos, na sua posição estético-política, em várias entrevistas, a posição mais digna e firme que conheço. Seu trabalho mutante isolado do disco de 1974, Tudo foi feito pelo Sol, e de 1975, o A e o Z, mesmo que tenha perdido a irreverência das letras, em termos musicais chegou a ganhar qualidades, em alguns aspectos, em relação aos discos anteriores: é rock progressivo. Não se equipara ao melhor do gênero que lhe serviu de modelo, Yes e Genesis, mas também não fica muito atrás. Décadas depois, com o disco atual, Sérgio Dias demonstra saber retomar à verve satírica, com novas doses críticas, do princípio. Eu sou não só um fã, eu me identifico com toda a trajetória de Sérgio Dias, declaro abertamente. Ela me inspira assim como Caetano o fez com outros.
Mas não é só de tropicalistas e seus filhos que se faz o melhor de hoje. O movimento mais diferencial e determinante na música e na discussão sobre estética e ética na indústria cultural está em pessoas que, de certo modo, estão procurando um lugar para além do tropicalismo, comprometidos com os problemas que se acumularam dos anos 1980 para cá. Há um grupo de compositores de altíssimo nível que foram chamados, numa matéria na primeira página do Segundo Caderno do Globo de fevereiro, de “Geração fora do tempo”, mas eles mesmos se intitulam Coletivo Chama; como disse um deles, Pedro Moraes: “As questões que nos interessam não estão nas relações do homem com seu tempo, mas com o infinito”. Fiquei especialmente aliviado em me deparar com músicos que estão questionando abertamente a mediocridade da indústria fonográfica hoje e procurando, em seus trabalhos, nadar contra a corrente. Embora Lobão também tenha um posicionamento interessante a esse respeito, eles são mais consistentes. Um gesto como o de Pedro Moraes alimenta minha esperança em todo o nosso futuro. Eles apontam justamente para o que estou chamando de politização qualitativa do espaço nobre da indústria cultural.
Há um programa deles na Rádio Roquette-Pinto todas as sextas, Rádio Chama, que é nada mais nada menos do que uma obra prima de seleção musical, bom humor e estratos literários, tudo coordenado em torno de um eixo temático, a cada semana. E o trabalho de Pedro Moraes, banda Escambo, Armando Lôbo, Edu Kneip e Sergio Krakowski é revelador de uma nova cena que promete muito. 
Termino com seu maior expoente. Thiago Amud, no CD Sacradança, é, de tudo o que citei de século XXI aqui, a maior realização, pois é aquela que extrai dos anos de ouro da boa música suas lições e está criando algo de fato diferente e dando sangue novo. Thiago Amud tem sido ignorado pela mídia mas, no seu abrigo sombrio, ele é a melhor coisa que ouvi desde Arrigo Barnabé. Não me importa o que aparece e o que acontece por aí, só o infinito importa! e, para mim, Thiago nasceu clássico.

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