Militante de Izquierda Anticapitalista. Miembro de la Red de Consumo Solidario y de la Campaña ‘No te comas el mundo’.Miembro de Revolta Global-Esquerra Anticapitalista y del Centro de Estudios sobre Movimientos Sociales (CEMS) de la UPF.
Esther Vivas
Esther Vivas
Nos restaurantes e bares, onde 60% do desperdício são consequência de uma previsão mal feita, 30% ao preparar as refeições e 10% são sobras dos pratos dos comensais, de acordo com um relatório elaborado pela Federação Espanhola de Hotéis e Restaurantes. Nos lares, quando os produtos se estragam porque compramos a mais do que necessitamos, deixando-nos levar pelas ofertas de ultima hora (tipo 2×1), ou por não saber interpretar a rotulagem confusa, ou pelos pacotes que não são adaptados às nossas necessidades.
O desperdício alimentar tem diversas causas e responsáveis, mas, basicamente, trata-se de um problema estrutural e de fundo: os alimentos se tornaram mercadorias de compra e venda e sua função principal, nos alimentar, ficou em segundo plano. Desta maneira, se o alimento não cumpre determinados critérios estéticos, sua distribuição não é considerada rentável, se deteriora antes do tempo….. é rejeitado. O impacto da globalização alimentar a serviço dos interesses da indústria e dos supermercados, promovendo um modelo de "agricultura quilométrica”, dependente do petróleo, deslocalizada, intensiva, que fomenta a perda da agrobiodiversidade e do campesinato …, tem uma grande responsabilidade. Pouco importa que milhões de pessoas passem a fome. O fundamental é vender. E se você não pode comprar não conta.
Mas, o que acontece se você tentar coletar o alimento excedente? Ou você pode encontrar o recipiente fechado com chave, como acontece em Girona com os depósitos na frente dos supermercados, alegando o alarme social diante do fato de que cada vez mais pessoas coletam alimentos dos lixos. Ou você pode enfrentar uma multa de 750 euros se remexer nos recipientes de Madrid. Como se a fome ou a pobreza fossem uma vergonha ou um crime, quando o vergonhoso e delinquente são as toneladas de alimentos que são jogadas fora diariamente, fruto das exigências do agronegócio e dos supermercados, e que contam a aprovação das administrações públicas.
Os supermercados nos dizem que doam os alimentos aos Bancos de Alimentos, em uma tentativa de "lavar a cara”. Entretanto, de acordo com um estudo do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente, somente cerca de 20% o fazem. E esta, além disso, não é a solução. Dar comida pode ser uma resposta de emergência, uma atadura ou um torniquete, baseada na ferida, mas é essencial chegar à raiz do problema, às causas do desperdício, e questionar o modelo agroalimentar pensado não para alimentar as pessoas, mas para dar lucro a poucas empresas.
Vivemos em um mundo de paradoxos: gente sem casa e casas sem gente, ricos mais ricos e pobres mais pobres, desperdício versus fome. Dizem-nos que o mundo é assim e que é má sorte. Apresentam-nos a realidade como inevitável. Mas não é verdade. Uma vez que, o sistema e as políticas se digam neutras e não são. Têm uma inclinação ideológica e reacionária: procuram o benefício, ou agora a sobrevivência, de poucos à custa da grande maioria. Assim funciona o capitalismo, também nas coisas de comer.
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