Crianças devem ser motivadas a ficarem ociosas e entediadas para desenvolverem sua capacidade criativa, afirma uma especialista em educação. Para Teresa Belton, pesquisadora da Universidade East Anglia, na Grã-Bretanha, a expectativa cultural de que as crianças estejam sempre ativas pode minar o desenvolvimento de sua imaginação.
Hannah Richardson
Hannah Richardson
Em seu estudo, Belton ouviu a escritora Meera Syal e o artista plástico Grayson Perry sobre como o tédio os ajudou a desenvolver sua criatividade na infância.
Além de escritora e jornalista, Syal é uma famosa comediante na Grã-Bretanha. Perry é hoje um reconhecido artista que faz trabalhos em cerâmica e suas criações já foram expostas até mesmo no Museu Britânico, em Londres.
Syal disse que o tédio fez com que ela escrevesse, enquanto Perry afirmou que isso era um estado criativo para ele. A pesquisadora ainda entrevistou um grande número de outros escritores, artistas e cientistas, durante sua busca sobre os efeitos do tédio.
"Mas o mais importante foi que o tédio a fez escrever. Ela mantinha um diário desde pequena, que preenchia com observações, pequenas histórias, poemas e críticas. Ela atribui a essa fase seus primeiros passos como a escritora que se tornaria mais tarde", disse Belton.
Reflexão
"Ela confortavelmente divertia a si mesma, inventando histórias, desenhando figuras para suas fantasias e indo até a biblioteca", disse Belton.
Ainda de acordo com Belton, que também é especialista no impacto das emoções no comportamento e aprendizado, o tédio pode ser um "sentimento desconfortável". Para ela a sociedade "desenvolveu uma expectativa de ser constantemente ocupada e constantemente estimulada".
Mas ela advertiu que a criatividade "envolve ser capaz de desenvolver um estímulo interno". "A natureza estimula um vácuo que tentamos preencher", disse ela. "Alguns jovens não têm a capacidade interior ou a resposta para lidar com o tédio criativamente. Às vezes eles terminam vandalizando abrigos de pontos de ônibus ou saindo inadvertidamente para um passeio de carro."
Curto-circuito
Belton, que também já estudou o impacto da televisão e vídeos na escrita das crianças, afirma ainda que "quando os pequenos não têm nada para fazer, eles imediatamente ligam a TV, o computador, o celular ou algum tipo aparelho com tela. O tempo gasto com estas coisas aumentou".
"Mas crianças precisam ter um tempo para parar e pensar, imaginando que eles possuem seus próprios processos de pensamento e assimilação, por meio de experiências com brincadeiras ou apenas observando o mundo ao seu redor."
Esse é o tipo de coisa que estimula a imaginação, diz a pesquisadora, enquanto a tela de alguns aparelhos "tende a criar um curto-circuito no processo de desenvolvimento da capacidade criativa".
Syal ainda reforça: "Você começa a escrever porque não há nada para provar, nada a perder e nenhuma outra coisa para fazer". "É muito libertador ser criativo por nenhuma outra razão além do próprio passatempo."
Belton conclui: "Para o bem da criatividade talvez devamos diminuir nosso ritmo e ficar offline de tempos em tempos".
"Mas crianças precisam ter um tempo para parar e pensar, imaginando que eles possuem seus próprios processos de pensamento e assimilação, por meio de experiências com brincadeiras ou apenas observando o mundo ao seu redor."
Esse é o tipo de coisa que estimula a imaginação, diz a pesquisadora, enquanto a tela de alguns aparelhos "tende a criar um curto-circuito no processo de desenvolvimento da capacidade criativa".
Syal ainda reforça: "Você começa a escrever porque não há nada para provar, nada a perder e nenhuma outra coisa para fazer". "É muito libertador ser criativo por nenhuma outra razão além do próprio passatempo."
Belton conclui: "Para o bem da criatividade talvez devamos diminuir nosso ritmo e ficar offline de tempos em tempos".
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