Esquerdas de Portugal e Grécia unem forças contra austeridade
O líder da coligação grega Syriza, Alexis Tsipras (foto), esteve nesta quinta-feira (25) em Portugal para encontro com o Bloco de Esquerda luso. Para ele, “unidade” será a “única resposta eficaz às insistências da Sra. Merkel em políticas de dividir para reinar, que forçaram a Zona Euro a posicionar-se à beira da ruina”. O coordenador do Bloco, João Semedo, defendeu que “só a democracia pode vencer a austeridade”.
Esquerda.net
Lisboa - “Em meados dos anos 70, Portugal, Grécia e Espanha eram admirados por toda a Europa como casos paradigmáticos de transição de situações de ditadura para a democracia. Quero assegurar-vos que, em breve, os nossos países voltarão a ser apontados como casos paradigmáticos de transição de situações de austeridade para a democracia”, afirmou Alexis Tsipras durante o Comício organizado pelo Bloco de Esquerda, que teve lugar esta quinta feira no Fórum Lisboa.
Citando Franklin Roosevelt, Alexis Tsipras salientou que “a única coisa de que temos de ter medo é do próprio medo". Segundo o líder da Syriza, “separados seremos derrotados. Sairemos também a perder se nos fecharmos no isolamento económico e se voltarmos às políticas do passado de desvalorizações competitivas das moedas nacionais”.
Por outro lado, “juntos e a uma só voz, podemos fazer inclinar os equilíbrios do poder político Europeu para o nosso lado” e derrotar a “ditadura Europeia e económica que é imposta pelos mercados todo-poderosos”.
Reforçando a ideia de que “a nossa força reside na nossa unidade”, Tsipras referiu que “à medida que a recessão engole a Zona Euro, a austeridade está agora também a alarmar os mais vulneráveis no Norte” e que, nesse contexto, "a aliança anti memorando dos países do Sul deve também englobar as forças sociais do Norte que rejeitam a austeridade”. “Será uma aliança Europeia pela refundação democrática da união monetária”, avançou.
“Não há qualquer exemplo de sucesso com políticas de austeridade”
Lembrando que o próprio Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já veio admitir que a austeridade “tinha chegado ao limite”, “talvez porque agora a recessão já chegou ao Norte da Europa”, Alexis Tsipras destacou que “não há qualquer exemplo de sucesso com políticas de austeridade”.
Para o representante da Syriza, só há uma saída para “a crise auto-alimentada da Zona Euro”. Essa solução terá que passar, conforme adiantou, pela anulação do Memorando de Entendimento e a “substituição das políticas recessivas de austeridade por políticas de redistribuição do rendimento”, a renegociação dos acordos firmados e subsequente anulação de uma parte significativa da dívida, e um ‘Novo Acordo para a Europa’, centrado em projetos de investimento públicos de dimensão Europeia.
O consenso da direitaO coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, acusou, durante a sua intervenção, Cavaco Silva de “dar luz verde à segunda vaga de austeridade e de cortes que o governo se prepara para anunciar”.
“Uma maioria de direita, um governo à direita e um presidente de fação que usou o 25 de Abril para dar a mão a um governo em queda livre. Este é o governo do presidente Cavaco Silva”, frisou o dirigente bloquista.
“O consenso de Cavaco é o mesmo de Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, é o consenso para mais austeridade, o consenso para dar uma segunda vida a um governo moribundo. E sejamos muito claros, o consenso porque nos batemos é exatamente o oposto. É o consenso contra a austeridade, contra a dívida, contra a troika. É a nossa escolha, a nossa opção. Toda a esquerda, sobretudo o PS, está hoje desafiada a fazer a sua escolha”, alertou João Semedo.
Vivemos em plena era dos credoresCitando declarações de Miguel Portas, datadas de agosto de 2011, João Semedo afirmou que “vivemos em plena era dos credores” e que “Pedro Passos Coelho ou Antonis Samaras não são mais do que os cobradores às ordens dos credores: os bancos, os fundos internacionais, a troika. Não governam, não decidem, fazem o que os mandam fazer”.
“E das duas uma: ou nos livramos deles ou eles acabarão connosco, acabarão com Portugal e a Grécia como países soberanos, países livres e democráticos, em que o povo é que mais ordena”, alertou, sublinhando que “a liberdade e a democracia são também gorduras incómodas para os credores”.
“A austeridade liquida a democracia, austeridade ou democracia, só a democracia pode vencer a austeridade”, realçou.
Renegociar a dívida é a alternativa da esquerda socialistaReforçando que “recusar a austeridade e recuperar os rendimentos perdidos é a resposta da esquerda socialista” João Semedo defendeu que “Portugal só evitará um segundo resgate se cortar nos juros e na dívida, se anular parte da dívida para valores compatíveis com o desenvolvimento económico”.
“Há hoje muitas razões para olhar com cepticismo o futuro da Europa. Mas nós não desistimos de lutar por uma outra Europa, uma Europa para os cidadãos, para a coesão económica e social, uma economia forte que assegure trabalho para todos, uma europa de iguais que respeite a soberania dos povos e dos estados, uma europa de paz”, avançou o deputado, referindo que o Bloco recusa “a tese de que a defesa do Euro exije uma europa federal e que sem federalismo europeu o fim do euro é inevitável”.
“Sabemos que pode haver euro sem troika, sem austeridade e por isso resistimos à chantagem da defesa do euro para nos impor mais austeridade”, avançou ainda João Semedo, reafirmando que “a alternativa não é sair do euro, é cortar na dívida e por fim à austeridade”.
É preciso derrubar o governo “Para mudar a política nacional, para tirar o país da crise, é necessário derrubar o governo”, garantiu o coordenador do Bloco de Esquerda, frisando que “o agravamento da crise económica e social acabará por impor a demissão do governo”.
“O Bloco de Esquerda recusa qualquer outra solução que não seja realizar eleições. Confiamos que esta é a hora da esquerda governar. Pela nossa parte estamos disponíveis e prontos para fazer parte da solução. Um governo de esquerda que rejeite a austeridade, ponha termo ao memorando da troika e imponha aos credores uma renegociação da dívida”, adiantou João Semedo.
A eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias denunciou o feroz ataque à democracia a que temos vindo a assistir. “Todas as decisões importantes para as nossas vidas estão a ser retiradas das mãos dos cidadãos. É como se a democracia, a cidadania, a participação popular fossem um adereço ou qualquer coisa que está a mais no quadro institucional europeu”, lamentou a eurodeputada. "A voz da democracia é: é o povo quem mais ordena”, frisou Marisa Matias.
“A dívida é um eficaz instrumento de submissão dos povos”
Segundo a dirigente bloquista Joana Mortágua, “a dívida é um eficaz instrumento de submissão dos povos, porque ela nasce de uma relação de forças desigual, porque pode interminavelmente consumir a riqueza da força de trabalho de um povo inteiro, e porque, nas palavras de Eduardo Galeano, ‘a dívida constrói uma estrutura de humilhação sucessiva que começa nos mercados financeiros e acaba na casa de cada um e de cada uma de nós’”.
“Mudar a estrutura da dívida significa, na chamada ‘era dos credores’ desferir um golpe profundo sobre o capitalismo financeiro, mas significa também ensinar à chanceler Merkel e aos eurocratas alguma coisa sobre democracia, sobre solidariedade e sobre europeísmo”, avançou Joana Mortágua.
Citando Franklin Roosevelt, Alexis Tsipras salientou que “a única coisa de que temos de ter medo é do próprio medo". Segundo o líder da Syriza, “separados seremos derrotados. Sairemos também a perder se nos fecharmos no isolamento económico e se voltarmos às políticas do passado de desvalorizações competitivas das moedas nacionais”.
Por outro lado, “juntos e a uma só voz, podemos fazer inclinar os equilíbrios do poder político Europeu para o nosso lado” e derrotar a “ditadura Europeia e económica que é imposta pelos mercados todo-poderosos”.
Reforçando a ideia de que “a nossa força reside na nossa unidade”, Tsipras referiu que “à medida que a recessão engole a Zona Euro, a austeridade está agora também a alarmar os mais vulneráveis no Norte” e que, nesse contexto, "a aliança anti memorando dos países do Sul deve também englobar as forças sociais do Norte que rejeitam a austeridade”. “Será uma aliança Europeia pela refundação democrática da união monetária”, avançou.
“Não há qualquer exemplo de sucesso com políticas de austeridade”
Lembrando que o próprio Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já veio admitir que a austeridade “tinha chegado ao limite”, “talvez porque agora a recessão já chegou ao Norte da Europa”, Alexis Tsipras destacou que “não há qualquer exemplo de sucesso com políticas de austeridade”.
Para o representante da Syriza, só há uma saída para “a crise auto-alimentada da Zona Euro”. Essa solução terá que passar, conforme adiantou, pela anulação do Memorando de Entendimento e a “substituição das políticas recessivas de austeridade por políticas de redistribuição do rendimento”, a renegociação dos acordos firmados e subsequente anulação de uma parte significativa da dívida, e um ‘Novo Acordo para a Europa’, centrado em projetos de investimento públicos de dimensão Europeia.
O consenso da direitaO coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, acusou, durante a sua intervenção, Cavaco Silva de “dar luz verde à segunda vaga de austeridade e de cortes que o governo se prepara para anunciar”.
“Uma maioria de direita, um governo à direita e um presidente de fação que usou o 25 de Abril para dar a mão a um governo em queda livre. Este é o governo do presidente Cavaco Silva”, frisou o dirigente bloquista.
“O consenso de Cavaco é o mesmo de Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, é o consenso para mais austeridade, o consenso para dar uma segunda vida a um governo moribundo. E sejamos muito claros, o consenso porque nos batemos é exatamente o oposto. É o consenso contra a austeridade, contra a dívida, contra a troika. É a nossa escolha, a nossa opção. Toda a esquerda, sobretudo o PS, está hoje desafiada a fazer a sua escolha”, alertou João Semedo.
Vivemos em plena era dos credoresCitando declarações de Miguel Portas, datadas de agosto de 2011, João Semedo afirmou que “vivemos em plena era dos credores” e que “Pedro Passos Coelho ou Antonis Samaras não são mais do que os cobradores às ordens dos credores: os bancos, os fundos internacionais, a troika. Não governam, não decidem, fazem o que os mandam fazer”.
“E das duas uma: ou nos livramos deles ou eles acabarão connosco, acabarão com Portugal e a Grécia como países soberanos, países livres e democráticos, em que o povo é que mais ordena”, alertou, sublinhando que “a liberdade e a democracia são também gorduras incómodas para os credores”.
“A austeridade liquida a democracia, austeridade ou democracia, só a democracia pode vencer a austeridade”, realçou.
Renegociar a dívida é a alternativa da esquerda socialistaReforçando que “recusar a austeridade e recuperar os rendimentos perdidos é a resposta da esquerda socialista” João Semedo defendeu que “Portugal só evitará um segundo resgate se cortar nos juros e na dívida, se anular parte da dívida para valores compatíveis com o desenvolvimento económico”.
“Há hoje muitas razões para olhar com cepticismo o futuro da Europa. Mas nós não desistimos de lutar por uma outra Europa, uma Europa para os cidadãos, para a coesão económica e social, uma economia forte que assegure trabalho para todos, uma europa de iguais que respeite a soberania dos povos e dos estados, uma europa de paz”, avançou o deputado, referindo que o Bloco recusa “a tese de que a defesa do Euro exije uma europa federal e que sem federalismo europeu o fim do euro é inevitável”.
“Sabemos que pode haver euro sem troika, sem austeridade e por isso resistimos à chantagem da defesa do euro para nos impor mais austeridade”, avançou ainda João Semedo, reafirmando que “a alternativa não é sair do euro, é cortar na dívida e por fim à austeridade”.
É preciso derrubar o governo “Para mudar a política nacional, para tirar o país da crise, é necessário derrubar o governo”, garantiu o coordenador do Bloco de Esquerda, frisando que “o agravamento da crise económica e social acabará por impor a demissão do governo”.
“O Bloco de Esquerda recusa qualquer outra solução que não seja realizar eleições. Confiamos que esta é a hora da esquerda governar. Pela nossa parte estamos disponíveis e prontos para fazer parte da solução. Um governo de esquerda que rejeite a austeridade, ponha termo ao memorando da troika e imponha aos credores uma renegociação da dívida”, adiantou João Semedo.
A eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias denunciou o feroz ataque à democracia a que temos vindo a assistir. “Todas as decisões importantes para as nossas vidas estão a ser retiradas das mãos dos cidadãos. É como se a democracia, a cidadania, a participação popular fossem um adereço ou qualquer coisa que está a mais no quadro institucional europeu”, lamentou a eurodeputada. "A voz da democracia é: é o povo quem mais ordena”, frisou Marisa Matias.
“A dívida é um eficaz instrumento de submissão dos povos”
Segundo a dirigente bloquista Joana Mortágua, “a dívida é um eficaz instrumento de submissão dos povos, porque ela nasce de uma relação de forças desigual, porque pode interminavelmente consumir a riqueza da força de trabalho de um povo inteiro, e porque, nas palavras de Eduardo Galeano, ‘a dívida constrói uma estrutura de humilhação sucessiva que começa nos mercados financeiros e acaba na casa de cada um e de cada uma de nós’”.
“Mudar a estrutura da dívida significa, na chamada ‘era dos credores’ desferir um golpe profundo sobre o capitalismo financeiro, mas significa também ensinar à chanceler Merkel e aos eurocratas alguma coisa sobre democracia, sobre solidariedade e sobre europeísmo”, avançou Joana Mortágua.
Fotos: Paulete Matos/Esquerda.net
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