quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

AGRO INDÚSTRIA E TRADIÇÕES

Por ser um Estado ainda jovem, o Espírito Santo guarda uma boa gama de traços culturais dos imigrantes que aqui aportaram, embora estes traços venham sendo esquecidos. Esta colocação que faço é um apelo no sentido de refletirmos sobre as nossas condições sócio-culturais. Com uma urbanização crescente nas últimas décadas, a relação campo cidade teve uma grande inversão. De uma sociedade rural, com a população morando nas propriedades e em pequenos aglomerados, vamos assistindo um adensamento populacional, com todas as suas vantagens e também carregando todos problemas.
O ajuntamento das pessoas em centros urbanos gerou necessidades de cunho pessoal para muitos. Afinal de contas a grande parte de nossa população possui um vinculo direto com o campo. Poucas famílias são raiz totalmente urbana.
Mas a urbanização gerou para uma grande parte da população uma necessidade de estar em contato com o campo e dele fazer sua extensão de lazer e convívio familiar. É justamente neste ponto que no meio rural muitas famílias entram oferecendo uma gama de produtos. Aqui na verdade é a constatação direta do que dizem os planejadores e os consultores da era moderna: o empreendedorismo. A ação que grande parte destes empreendedores do campo, ou mesmo localizados nos pequenos aglomerados urbanos, estão fazendo é uma busca desesperada para permanecer onde estão. Não querem tomar o rumo das cidades, como já fizeram milhares e milhares de capixabas. Sabem que o que vão encontrar: violência, miséria, desemprego e coisas piores. Sabem que é uma caminhada sem volta. O êxodo é uma realidade que a comunidade rural assiste todos os dias.
O que retratei acima é para fazer um pano de fundo em informações que venho colhendo no interior do Estado onde nos últimos 32 anos vou toda semana para produzir o programa Jornal do Campo da TV Gazeta. Os órgãos ditos fiscalizadores e normatizadores com relação a indústria artesanal rural estão na verdade espalhando um terror descabido junto a comunidade que processa e produz.
O Espírito Santo precisa com urgência deixar a mediocridade de lado e trabalhar com o seu Povo e ao lado dele. As tradições de nossa culinária que vieram com imigrantes italianos, pomeranos, espanhóis, portugueses, árabes, africanos, poloneses, suíços e outras etnias são hoje usadas como alternativas para a permanência do campo, mas estão sendo motivo para uma pressão por parte do esquadrão fiscalizatório do Governo do Estado. O que o nosso meio rural descobriu e pratica é unir a produção ao turismo, o que denominamos de Agroturismo, um caso de sucesso reconhecido por todo Brasil, mas que está vendo as mãos invisíveis chegando ao seu pescoço. Lembro que logo no início do Agroturismo no início da década de 90, a família Carnielli após ter sido mostrada no Jornal do Campo como uma família empreendedora recebeu uma “visita” de um veterinário do Governo do Estado colocando defeito em tudo e querendo vender um resfriador de leite. Na época comuniquei ao Secretario de Agricultura Adelson Salvador que no outro dia mandou outro veterinário a Venda Nova do Imigrante pedir desculpas pelo acontecido. Governador Casagrande, eis a questão econômica e social hoje, mas amanhã certamente será policial.
ronaldmansur@gmail.com

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