A colônia libanesa no Espírito Santo receberá em breve o dirigente maior de Igreja Maronita no Brasil, Dom Edgard Madi. A informação me foi passada pelo brimo Jamil Moussalem. A vinda de Madi será uma oportunidade para libaneses e descendentes darem uma demonstração sincera e consciente do que pensam e esperam da Pátria Mãe. Também o que podem fazer por ela.
É bom que se diga que nem todos os imigrantes libaneses que vieram para o Espírito Santo são Maronitas, temos também os Ortodoxos e algumas famílias de origem Drusa. Mas não importa a denominação religiosa neste momento que o Líbano passa. Aliás, o mais correto é dizer que o Líbano passa por mais uma crise. Para saber quantas crises e conflitos o Líbano já viveu, basta consultar a História. Há quem diga que foram centenas de crises, mas também tem gente que fala que o Libano teve apenas uma crise que teve origem há centenas de anos. Vive-se uma crise permanente.
Os conflitos internos, sejam de origem econômica ou religiosa, foram grandes contribuintes para o êxodo de milhares de libaneses pelo Mundo afora. Para o leigo o conflito libanês é resultado de uma miopia e de um sectarismo não muito inteligente. Quando se vive em guetos e/ou aldeias, como os nossos antepassados, o confronto das idéias é sempre decidido pela força bruta, parecendo ser a expressão única e possível para encerrar uma questão.
O êxodo dos nossos antepassados mostra a luta pela sobrevivência econômica e ás vezes até espiritual. Os que aqui chegaram não vieram a soldo do Tesouro do Brasil e nem dentro de um plano para clarear a população do Brasil. A imigração européia teve este caráter e objetivo. O Brasil era uma Nação onde os negros tinham grande peso. A vinda dos libaneses era um projeto individual de sobrevivência, guiado por um endereço de um parente que o acolhia e o orientava. Gesto repetido milhares de vezes. Gesto de acolhimento ainda é hoje feito, embora em menor escala. Gesto feito de forma normal no dia a dia dos libaneses e seus descendentes. Falo por mim. Raríssimas vezes fui mal recebido por um “brimo”. O acolhimento é uma característica da personalidade da alma libanesa, embora toda regra tenha exceção. A presença de Dom Edgadr Madi deve ser aproveitada por todos. Ele aqui não vem somente em nome da Igreja Maronita. Ele tem uma expressão muito maior. Será um momento para pensarmos e agirmos pelo futuro do Líbano.
Nós deste pequeno Espírito Santo, que é quatro vezes maior territorialmente que o Libano não podemos nos omitir. O mínimo que podemos fazer é dizer sim a unidade do Líbano. Se cada um de nós iniciarmos uma pesquisa no âmbito familiar para saber de como vieram e como foram os anos no Brasil dos imigrantes, já estaremos fazendo grande coisa. Como se diz modernamente, devemos fazer o nosso dever de casa. A colônia libanesa deve reconciliar com o seu passado imigrante e mascate, que chegou a terra brasileira com as mãos vazias e com o espírito e desejo de poder viver em paz. Temos de fazer um pacto para deixar que a nossa Pátria Mãe continue a existir, embora pequena, mas inteira no nosso coração e como fonte para podermos reabastecer nossos ideais. Eu quero continuar a dizer: Libano – minha alma veio de lá. Jamil, brimo querido, vamos todos juntos acolher Dom Edgard Madi.
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