Os pomeranos começaram a chegar ao Espírito Santo em 1859. Os seus descendentes que estão nascendo hoje devem ser da quinta ou da sexta geração. Da Pomerânia para o Brasil, aqui vieram para Santa Leopoldina, depois subiram a serra e foram para o que é hoje Santa Maria do Jetibá, Santa Teresa, Itarana, Afonso Claudio, Vila Pavão e os demais municípios na divisa com Minas Gerais – lá também chegaram. Um salto no tempo nos leva até a década de 60/70, muitas famílias arrumaram as malas rumo de Rondônia. Mas muitos vieram para os centros urbanos.
Mas tem gente da colônia pomerana que continua na busca do resgate da História dos que vieram antes. Uma preocupação constante e marcante com os próximos passos em direção ao futuro. Nada de ficar só olhando o passado. É o que trata o livro A Pomerânia Brasileira: uma eterna migração, de Jorcy Foesrte Jacob, editado pelo Banco do Nordeste e pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), Ministério da Cultura.
Logo nas primeiras páginas a autora sinaliza o que vai colocar à nossa disposição: Eu percorri sim o labirinto da solidão, antes de estar aqui com você. Mas não encontrei saídas definitivas, só possibilidades, e por isso eu ainda busco. Mas é justamente disso que trata esse livro e tudo mais na vida: busca e fuga. Isso é o ato de migrar. É por isso que ele é eterno. Migrar é como um infinito de perguntas: você busca ou você foge? Para onde você vai? Mas a questão maior è: o que te move ir.
Reconhece o documentário Os Pomeranos (Amylton de Almeida e Vladimir Godoy, TV Gazeta/1977), como sendo “uns dos primeiros e mais importantes trabalhos sobre essa etnia na mídia brasileira”, a autora lembra que foi colocada uma entrevista onde um descendente de pomerano fala que seus antepassados chegaram em 1932 de avião e que “o poder de julgar como errado pertence a quem dirige aquela história que não se preocupa em indagar porque Laufe acredita no ano de 1932 ou no avião” e que “esse erro de informação deve-se à carência de estudos sobre o tema na época.”
Jorcy lembra o êxodo para Rondônia iniciado em 1969, mas que de 1972 em diante teve a presença pastoral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Até 1978 a posição da Igreja era “afinada com o programa de desenvolvimento governamental”, mas que em 1979 passa a ter “um posicionamento político mais acentuado e por uma forte crítica ao modelo desenvolvimentista, com maior influencia da Teologia da Libertação.” O faz resultar num “acompanhar os membros de forma integral, não só religiosa. Além disso, colaboravam com os pequenos agricultores para que esses não cedessem ao êxodo rural.”
Jorcy é estudante História da Ufes, com 21 anos, ao falar sobre a História dos seus antepassados nos indica que “é ela que mantém os elos comunitários e o aprendizado contínuo que se adquire através dos vínculos pessoais. É ela que liga o presente e o passado como experiência que cria os laços de pertencimento e torna a ação individual responsável pela coletividade. O elo com o passado não pode ser perdido. Para existir o novo, é preciso conhecer o velho. Pois, aquele nasce deste. A migração precisa começar para dentro de nós mesmos.” Quem tiver interessado no livro, me procure ou vá à loja do Hortifruti na Praia da Costa, Vila Velha.
O livro custa 14 reais, com o frete. Os interessados devem acessar ronaldmansur@gmail.com
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