-Ouvi um moço falando em ir pra cidade. Mas ele não sabe da grande dificuldade. Aqui se planta, aqui se colhe. Nossa mesa é tão farta. A cidade grande não tem a força da terra, o arroz, o feijão, o milho e o café. Quem é que vai plantar? Fica, moço, não vá. Deus deu a terra pra se plantar. Fica moço, não vá. Deus deu a terra prá se plantar.
O texto acima em 1983 apareceu num comercial de televisão em forma de música e belas imagens, fazendo um alerta sobre o êxodo rural, uma presença constante no Estado. Pedi a Carlos Bauer Teixeira Sturzeneker que me relatasse a idéia inicial e a trajetória da peça publicitária até o sucesso. Quem em 1983 assistia televisão não esquece a mensagem do comercial que ia fundo na questão social.
Como um real mascate de idéias, Bauer me relatou: “criávamos campanhas e oferecíamos aos clientes em potencial e na época o êxodo rural era problema social e ótimo tema para uma campanha publicitária. Debrucei sobre o violão e fiz música e letra. A Pianna vendia tratores, era um cliente em potencial, mas a conta era da agência Objetiva. Conversamos com o proprietário Roícles Coelho e ele fez o contato com Walter e Ademar Pianna, os irmãos gostaram e ouvimos do Walter: "pode fazer, eu assumo a responsabilidade".
Com carta branca da Pianna, Bauer saiu em busca da atriz, ‘’estava difícil. Depois de muita procura olhei para o lado e vi aquela beleza rústica que estava ao lado, era a Marília que trabalhava na Objetiva. Pedi que cantarolasse a música, cantou com melancolia, era o que procurava. Contratamos a produtora do Douglas Linchi. Faltava a locação, uma casa simples de esteio, Roícles sugeriu uma fazenda perto de Guarapari que era do João Baptista Nolasco. A casinha era perfeita e tinha uma horta nos fundos. Fui ao Rio produzir o jingle com o maestro Rogério, que captou idéia e fez uma produção singela e linda. A casa, a Marília, a música, tudo se juntando e se encaixando com harmonia.’’
Como nada da vida é uma ação individual, Bauer faz questão em nominar a equipe: atriz, Marília; ator, Maestro Lins; cinegrafista, Douglas Linchi; assistente de câmera, Cloves Mendes; diretor de arte, Ronaldo Alvim; diretor, Bauer. Em 5 horas o filme foi montado. Gerou prêmios: Profissionais do Ano de 84 - Regional da Rede Globo e o primeiro lugar a nível nacional da Associação Brasileira de Marketing Rural. O talento deve ser valorizado e reconhecido. Bauer e equipe, parabéns, vocês estão na História. O talento pode estar ao lado.
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