domingo, 11 de dezembro de 2011

A VOLTA DO GUIA SUIÇO

           No dia 13 de novembro me apressei para chegar ao Aeroporto de Vitória para receber o suíço Alfred Müller que pela internet, com seis meses de antecendência, informou-me que chegaria às 18h30. Como suíço é pontual, às 18 horas eu já estava no aeroporto. De repente uma voz clamou: "Ronald, Ronald!". Era Alfred que havia chegado às 14h. O mundo está mudando, até os suíços foram contaminados: agora eles chegam antes do horário programado.

        Alfred Müller é um arquiteto que conheci pela internet e que ficou interessado pela imigração suíça para o Espírito Santo e pelo casal Frederich Stauffer e Anna Maria Kobi Stauffer, que chegou com 22 anos de idade no final de 1856. Vieram em busca de sonhos, de vida digna numa terra distante e desconhecida. Vieram para Rio Novo do Sul. Kobi Stauffer é a família de minha mulher Eliane. Estivemos na Suíça e, pelas mãos de Alfred, reencontramos a família Stauffer 153 anos depois da imigração.

              No dia 14 de novembro, eu, Eliane, nossa filha Helena e seu namorado Tony Cordeiro levamos Alfred para conhecer uma típica família rural capixaba descendente de europeus. Fomos a Santa Maria do Jetibá na casa de Igo Tesch e Josilene Arnholz Tesch, produtores de hortaliças orgânicas há dez anos. Em dois hectares eles produzem 60 tipos de hortaliças e cuidam de uma criação de aves de postura com 110 galinhas. A produção é destinada à comercialização na feira orgânica que é instalada aos sábados embaixo da Terceira Ponte, em Vila Velha.

              Depois de andar por entre canteiros e ouvir a história de vida de Igor e Jozi, Alfred falou: "Pode ser que no começo o interesse principal fosse o dinheiro, porque não podemos viver sem ele, mas hoje o que fazem têm o coração e a consciência. O dinheiro é consequência do que realizam. Vocês fazem a agricultura do futuro. Tenho certeza de que daqui a 20 anos muitos vão fazer o que vocês fazem hoje. Fico admirado com o trabalho que fazem todos os dias e no final da semana colhem, embalam a produção, tomam a estrada e andam 113 quilômetros para chegarem à feira, depois mais 113 para voltar para casa."

            No dia 16 fomos levar o guia ao aeroporto. Antes de chegar ao Brasil ele havia passado na Argentina e agora seguiu para o Chile, onde num trabalho voluntário irá encontrar-se com outra família de origem suíça. Na despedida falei para Alfred: "Encontrar para conhecer, conhecer para caminhar juntos e caminhar juntos para amar mais" - texto que tomei emprestado do padre Humberto Pietrogande. O guia suíço foi embora.
ronaldmansur@gmail.com

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