O telefonema veio de Vitor Buaiz dizendo que a deputada Luzia Toledo havia aprovado uma sessão especial na Assembléia Legislativa para comemorarmos a Independência do Líbano e que ela iria me telefonar. O que fez logo em seguida. Como o tempo era curto para um planejamento mais detalhado conversei com a deputada e com Vitor que sugeriu a edição de um pequeno documento que fosse uma marca da solenidade.
O brimo Vitor pediu a colaboração do brimo publicitário Pierre Debbané. Acordaram que fosse feito um folder para marcar a data, que teria os nomes das famílias sírio libanesas registrados no Arquivo Publico Estadual. Assim ficou decidido como a primeira ação. O diretor do Arquivo Cilmar Francischetto atendeu de pronto o pedido. Pierre ligou pedindo um texto sobre a comunidade, mas enfocando os que vieram. Nada como fazer o que gosta e acompanhado por pessoas que você gosta de conviver. Com um pedido deste tipo não pensei duas vezes, aceitei o desafio e redigi o texto abaixo:
- Uma homenagem aos que vieram de longe em busca de uma vida digna é o que fazemos hoje. Nenhum de nossos patrícios veio sob a égide de um programa oficial custeados pelo cofre de governo. Os que aqui chegaram foram movidos pelo convite de quem veio um pouco antes. É assim a chegada ao Brasil de todos os sírios libaneses.
- Mesmo vindo em pequenos grupos ou mesmo só, todos sabiam que aqui encontrariam uma casa que o acolheria, porque esta é uma característica que os sírios e libaneses carregam todas as gerações. Estarmos hoje reunidos não deve ser apenas um gesto simbólico, mas uma ação e um ato de fé, onde queremos dar continuidade à herança que historicamente cada um de nós carrega no seu espírito.
- Sair da sua terra e da sua pátria pode ser um ato de coragem com pode ser um ato de desespero. Os sírios e libaneses somaram as duas situações e tomaram o rumo do Brasil. Mas muitos patrícios tomaram o destino de outros países. Mas é aqui no Brasil que um maior veio radicar, por isto aqui mora a maior colônia libanesa. Não podemos perder o amor que temos a Pátria Mãe. Comemorar a Independência do Líbano é um ato de amor. Eu sempre digo: LÍBANO. MINHA ALMA VEIO DE LÁ.
No dia 23 o plenário da Assembléia estava lotado de brimos e brimas, gente que tem orgulho de sua origem e sabe cultuar os que vieram antes. O presidente da Assembléia, o brimo Rodrigo Chamoun na sua fala pediu-me autorização para ler o texto que eu havia escrito, com todo prazer concordei.
A colônia sírio-libanesa deu um passo importante na tentativa de uma união efetiva dos descendentes e dos imigrantes que aqui ainda vivem. Um fato marcante e diferente no evento foi a presença da brima Soraya Smaili, do Instituto de Cultura Árabe de São Paulo que fez um passeio na História e mostrando a importância do povo árabe e a contribuição de sírios e libaneses na formação da cultura e da sociedade brasileira. Visitar o passado, viver o presente e projetar o futuro. Assim devemos agir daqui para frente.
Em tempo no Arquivo Público tem informações sobre as famílias de sírios e libaneses, documentos e fotografias, datadas de 1937, quando Getúlio Vargas mandou cadastrar todos estrangeiros. Se você tiver interesse, o Arquivo fica na Rua 7 de Setembro em Vitória. Quem foi gostou. Eu fui várias vezes.
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