Delícias da pequena e produtiva terra dos Carnielli
As montanhas do
Espírito Santo estão recheadas de belos exemplos como as pequenas e produtivas
propriedades rurais onde predominam a mão-de-obra familiar. Pelo menos era
assim lá pelos idos anos de 1990 quando, acompanhado do editor Ronald Mansur,
eu fazia reportagens para o Jornal do Campo da TV Gazeta. E acredito que ainda
seja.
A lembrança me veio
ao percorrer a Feira do Produtor Rural, realizada nas manhãs de domingo em uma
praça da área central de Londrina, Norte do Paraná, onde hoje vivo e trabalho.
Recordo do Hélio
Zanchetta, em Castelo, com os deliciosos embutidos e defumados de suíno
processados por ele artesanalmente. Mas quero aqui neste espaço ressaltar a
família Carnielli, em Venda Nova do Imigrante, também na região montanhosa do
Sul do Estado, que tão bem soube agregar valores em seu pequeno sítio. Não
lembro quantos hectares tem. Sei que não é grande. Nele, produz (ou pelo menos
produzia à época) café, milho, feijão, arroz, hortaliças e criava gado
leiteiro. Salvo engano tinha também uma pequena granja de galinha.
Quantas vezes
estivemos lá. A propriedade fica na saída para Castelo e era parada obrigatória
quando íamos para aquelas bandas, mesmo que não fôssemos fazer matéria. Passávamos
para fazer uma visita àquela família acolhedora, de origem italiana, e
aproveitávamos para comprar queijo, pó de café, fubá, doces cristalizados,
geleias e compotas. Frutos de um trabalho conjunto de pais, filhos, noras e
genros. Todo o sustento deles era (e a credito que ainda seja) tirado daquela
terra bem cuidada. Com a participação, inclusive, de um filho especial, tratado
com muito amor por todos e que sempre nos recebia com um jeito e uma alegria
que eram só dele.
A variedade, a
qualidade e os sabores dos queijos (com azeitona, orégano, pimenta do reino
verde, entre outros) me deixam com água na boca ainda hoje. Ao chegar, éramos
levados até uma farta mesa para degustação. Sempre tinha uma novidade em meio
às iguarias, que nos era apresentada com orgulho. De aperitivo, uma deliciosa
cachaça, produzida e envelhecida em alambiques da região. Havia quem preferisse
um não menos gostoso cafezinho passado na hora. Eu nunca resisti àquela
cachacinha.
O lugar virou ponto
de parada obrigatória para quem subia (ou sobe) a serra a trabalho ou a
passeio.
Este é apenas um
dos gratificantes exemplos da importância da pequena propriedade rural, da
agricultura familiar que produz alimentos e agrega valor com a comercialização
de produtos que saem dela mesmo, aliados à força de vontade e à criatividade de
gente como os Carnielli.
Sérgio Marqueze
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