Há dois anos surgiu o mais espetacular movimento de massas que o mundo árabe ja conheceu. Depois de amadurecer lentamente dentro de regimes ditatoriais, os povos tunisino e egípcio saíram às ruas de maneira rebelde e massiva, até conseguir derrubar duas ditaduras que tinham conseguido passar a idéia da sua perpetuidade.
Movimentos de jovens laicos foram a novidade de massas mais importante, quebrando a alternativa com que essas ditaduras tentavam perpetuar-se: ou elas ou regimes fundamentalistas islâmicos.
Mas depois desse protagonismo espetacular dos povos tunisino e egípcio, a primavera não conseguiu se estender ao conjunto da região. Ou melhor, suas tentativas encontraram repressões duras e até mesmo de tropas estrangeiras, ou desembocaram em bombardeios militares – como no caso da Líbia -, que substituíram as manifestações de massa – ou em enfrentamentos militares de parte a parte – como na Síria, entre atos terroristas e bombardeios militares.
O fim de um regime crucial para os Estados Unidos e o risco de que esse precedente se estendesse por toda a região, fez com que as potências ocidentais interviessem de forma direta e militar, levando à queda do regime de Kadafi e desviando assim a natureza inicial da primavera árabe para outros objetivos. A crise na Síria é uma derivação dessas manobras, em que os povos ficam afastados da capacidade de intervenção e de dar inicio à construção de regimes democráticos.
Ao mesmo tempo, eleições colocam novas autoridades nos governos - como nos casos da Tunísia e do Egito – que ainda não expressam as novas forças populares nesses países. Partidos que haviam sido tolerados durante as ditaduras – especialmente muçulmanos – ganham as eleições, mesmo se não com suas expressões mais radicais e governam sem ainda refletir as maiores novidades da primavera árabe, particularmente suas formas laicas.
Para que sejam regimes transitórios, não deveriam, como no caso do Egito, elaborar imediatamente uma nova Constituição, que tem o risco de impor ao país um molde religioso conservador e bloquear um processo aberto de construção da democracia nesses países.
Ao mesmo tempo, esses novos regimes nascentes não podem cair na tentação de acordos com o FMI que, ao contrário de atender seus graves problemas econômicos e sociais, os levará a recessões e a ainda mais graves crises sociais.
São processos ainda abertos e tomara que permaneçam assim por um bom tempo, para que as forças novas, jovens, laicas, possam se organizar melhor e disputar a condução desses processos.
Movimentos de jovens laicos foram a novidade de massas mais importante, quebrando a alternativa com que essas ditaduras tentavam perpetuar-se: ou elas ou regimes fundamentalistas islâmicos.
Mas depois desse protagonismo espetacular dos povos tunisino e egípcio, a primavera não conseguiu se estender ao conjunto da região. Ou melhor, suas tentativas encontraram repressões duras e até mesmo de tropas estrangeiras, ou desembocaram em bombardeios militares – como no caso da Líbia -, que substituíram as manifestações de massa – ou em enfrentamentos militares de parte a parte – como na Síria, entre atos terroristas e bombardeios militares.
O fim de um regime crucial para os Estados Unidos e o risco de que esse precedente se estendesse por toda a região, fez com que as potências ocidentais interviessem de forma direta e militar, levando à queda do regime de Kadafi e desviando assim a natureza inicial da primavera árabe para outros objetivos. A crise na Síria é uma derivação dessas manobras, em que os povos ficam afastados da capacidade de intervenção e de dar inicio à construção de regimes democráticos.
Ao mesmo tempo, eleições colocam novas autoridades nos governos - como nos casos da Tunísia e do Egito – que ainda não expressam as novas forças populares nesses países. Partidos que haviam sido tolerados durante as ditaduras – especialmente muçulmanos – ganham as eleições, mesmo se não com suas expressões mais radicais e governam sem ainda refletir as maiores novidades da primavera árabe, particularmente suas formas laicas.
Para que sejam regimes transitórios, não deveriam, como no caso do Egito, elaborar imediatamente uma nova Constituição, que tem o risco de impor ao país um molde religioso conservador e bloquear um processo aberto de construção da democracia nesses países.
Ao mesmo tempo, esses novos regimes nascentes não podem cair na tentação de acordos com o FMI que, ao contrário de atender seus graves problemas econômicos e sociais, os levará a recessões e a ainda mais graves crises sociais.
São processos ainda abertos e tomara que permaneçam assim por um bom tempo, para que as forças novas, jovens, laicas, possam se organizar melhor e disputar a condução desses processos.
Postado por Emir Sader às 06:49
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