Barack Obama pode ter ganhado a eleição, mas é uma vitória desprovida de triunfo. A pequena vantagem significa que o presidente terá de dar pequenos passos para alcançar suas metas políticas no segundo mandato. Isto poderá, em longo prazo, recompensar seu partido.
Gregor Peter Schmitz
Gregor Peter Schmitz
Reviravolta na campanha eleitoral dos EUA - Os candidatos Mitt Romney e Barack Obama se cumprimentam no início do primeiro dos três debates, em 3 de outubro, na Universidade de Denver. O primeiro, com um desempenho agressivo, e o segundo totalmente apagado, acirraram a disputa na qual Obama levou vantagem e acabou reeleito
Mas Obama não perdeu. Isso significa que o candidato democrata obteve um triunfo histórico?
Não. Obama fez uma campanha eleitoral opaca, que se diferencia mais pelos duros ataques a seu adversário, Mitt Romney, do que pelo orgulho de suas próprias conquistas. A estreiteza da vitória pode ser vista na contagem dos votos populares. Enquanto o presidente derrotou facilmente seu adversário no colégio eleitoral, só conseguiu uma fina vantagem no total de votos.
"Vá votar" ultimamente se tornou o mantra nos comícios de Obama enquanto a campanha se aproximava do final, um apelo mais pragmático que substituiu os primeiros e visionários slogans "Esperança" e "Mudança". Era essencial reeleger Obama porque ele ainda não tinha concluído sua difícil tarefa - esta foi a essência da mensagem de sua campanha para o segundo mandato.
Um adversário fraco
Essa batalha eleitoral absurdamente longa e cara também não foi um duelo histórico, nada comparável com a luta épica de Obama contra Hillary Clinton nas primárias democratas de 2008. O candidato republicano Romney provou, em vez disso, ser um adversário que rapidamente será esquecido pela história - um político inepto e até desajeitado.
As eleições americanas não podem ser mais vencidas somente pela força dos votos dos homens brancos. O Partido Republicano deve reconhecer que os números crescentes de imigrantes e de americanos descendentes de imigrantes não apenas pretendem permanecer no país como querem se envolver no processo de tomada decisões. Até o âncora de televisão linha-dura da Fox News Bill O'Reilly reconheceu que "o establishment branco hoje é a minoria".
Crescimento econômico ganha prioridade
Mas o segundo mandato de Obama começará como o primeiro - com suas políticas sendo bloqueadas pelos deputados republicanos? Os republicanos ainda têm maioria na Câmara. E de modo algum está claro se o Velho Grande Partido tirará a mesma conclusão de sua derrota em 2012 que em 1964, quando o candidato republicano radical Barry Goldwater perdeu.
Na época, o partido se moveu para o centro político. Mas ainda na noite de terça-feira (6) alguns conservadores já haviam começado a atribuir sua derrota eleitoral a Romney, por ser moderado demais e sugerindo que seu colega de chapa Paul Ryan, muito mais radical, poderia ser a futura esperança do partido.
Com isso em mente, Obama terá de ser humilde, o que seria bom para o presidente e para seu partido. Em contraste com a eleição de 2008, cujos resultados os democratas falsamente interpretaram como um mandato amplo, Obama agora deve enfrentar a questão mais importante para a população americana - estimular a economia e criar mais empregos. Cerca de 60% dos eleitores americanos disseram em pesquisas de boca de urna que essa é sua maior preocupação.
Obama, é claro, também não poderá dar prioridade a projetos polêmicos e divisores como sua histórica reforma da saúde. Mas essa nova modéstia poderá ser benéfica, porque se Obama conseguir presidir uma economia americana que comece a crescer novamente, como muitos economistas preveem, a chance de que outro democrata o suceda em 2016 aumentará de modo significativo.
Essa pessoa poderia ser sua ex-adversária Hillary Clinton, que pretende deixar o cargo de secretária de Estado e descansar um pouco, o que pessoas bem informadas dizem que poderia significar que ela se prepara para disputar a Casa Branca. Talvez seu marido Bill tenha exercido um papel tão entusiástico na campanha de Obama como parte desse plano de sucessão.
Se for o caso, 2016 poderá ser mais uma eleição histórica. O primeiro presidente negro do país poderá ser seguido pela primeira presidente mulher, anunciando uma nova era progressista para os Estados Unidos da América.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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