quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Barros diz que crescimento pelo consumo acabou


Mendonça de Barros diz que crescimento depende de investimento
Mayara Bacelar
Para estimular o crescimento econômico brasileiro, a presidente Dilma Rousseff precisa ter em mente que o modelo de estímulo ao consumo está esgotado e o País deve se abrir para as possibilidades de investimentos através do setor privado. A sentença é do ex-ministro de Telecomunicações e sócio da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que palestrou nesta segunda-feira na Federasul sobre as perspectivas para o Brasil em 2020, contextualizando os fatos econômicos dos últimos 20 anos. “Estamos diante de um case de política econômica mais complexa; não adianta estimular o consumo, pois ele está em quase 70% do PIB. Temos que crescer pelo lado do investimento”, afirma o economista e colunista do Jornal do Comércio.

O ex-ministro destaca, porém, que esse investimento deve ser estabelecido através do setor privado, principalmente na área de infraestrutura. Ele estima que com uma abertura para essa estratégia, o Brasil deve manter uma média de crescimento anual de 3,5% até 2020. O grande entrave enfrentado para o cenário seria a resistência do Partido dos Trabalhadores (PT) às privatizações. “Dilma precisa romper com essa resistência, porque privatização é um assunto delicado para o PT”, diz. “Agora é preciso fazer esse movimento e ela (presidente Dilma) sabe disso”, assinala. Para Mendonça de Barros, a presidente vem mantendo uma postura racional sobre o tema, e, apesar das “armadilhas políticas” que cercam as privatizações, ele acredita em uma abertura maior para investimentos privados em infraestrutura.

O economista lembra que nos 16 anos que somam os mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva na presidência da República, foram muitas as conquistas que culminaram na estabilidade econômica no País. O real se tornou uma moeda mais forte, as exportações de commodities ganharam impulso com a demanda chinesa e o mercado de trabalho também se expandiu. 

“Essa combinação de manutenção dos fatores macroeconômicos do Fernando Henrique Cardoso, com uma inovação via programas sociais e salário-mínimo, permitiu transferência de renda na sociedade, em um cenário também auxiliado pelo aumento dos termos de troca”, argumenta.

Os termos de troca, que apontam a relação entre exportações e importações de uma nação, estavam em 90 no mandato de Fernando Henrique, subindo para 130 no governo Lula. Ou seja, a cada US$ 100,00 exportados, no primeiro cenário o Brasil poderia importar US$ 90,00. Já no governo Lula, o termo de troca subiu para US$ 130,00, sugerindo o aumento do valor das mercadorias brasileiras emitidas ao exterior.

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