segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PMDB perde prefeituras, mas mantém eleitorado no Rio. PR cresce


O PMDB governará 25 prefeituras, contra 11 do PT e oito do PR. Ainda que o partido tenha perdido dez prefeituras em relação às 35 atualmente administradas, o número de eleitores que será governado pelo PMDB teve ligeira alta, o que segundo o cientista político Felipe Borba, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, mantém o governador Sérgio Cabral em boa situação para encaminhar a sua sucessão.

Rio de Janeiro - O PMDB permanece como a principal força política do Rio de Janeiro. Terminado o segundo turno das eleições, o partido governará 25 prefeituras, contra 11 do PT e oito do PR. Ainda que o partido tenha perdido dez prefeituras em relação às 35 atualmente administradas, o número de eleitores que será governado pelo PMDB teve ligeira alta, o que segundo o cientista político Felipe Borba, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), mantém o governador Sérgio Cabral em boa situação para encaminhar a sua sucessão. O partido quer lançar o atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão, ao posto de Cabral.

“Em 2008 ele tinha 54,3% do eleitorado, agora ele tem 55,4%. O PT foi de dez para 11 prefeituras, só que ele diminuiu de 12,7% para 6,5% o número de eleitores que administra. Olhando pelo viés de número de eleitores, que eu acho mais interessante para se analisar a disputa para governador do estado daqui a dois anos, o partido perde”, diz ele.

Pelos números do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o estado tem 11 milhões e 893 mil eleitores. Rio de Janeiro, com cerca de 40% desse eleitorado, São Gonçalo e Duque de Caxias são os três maiores colégios eleitorais. No 1º turno, Eduardo Paes foi reeleito no Rio com 64% dos votos. No domingo, Neilton Mulim, do PR do ex-governador Anthony Garotinho, e Alexandre Cardoso, do PSB e apoiado pelo senador Lindbergh Farias, que tenta pavimentar sua candidatura para o palácio Guanabara pelo PT em 2014, foram os vencedores em São Gonçalo e Duque de Caxias com 56% e 51% dos votos.

Para Borba, a eleição de Mulim em São Gonçalo pode dar novo fôlego ao ex-governador fluminense. “Essa foi a principal vitória do Garotinho no 2º turno, após manter Campos no 1º turno. O PR teve um crescimento, pulou de quatro para sete prefeituras e aumentou de 6,1% para 9,7% o eleitorado a ser administrado. A grande rivalidade vai ser Garotinho X PMDB. O Garotinho tem um capital político muito próprio e agora São Gonçalo na região metropolitana e Campos na região Norte para fazer política”, afirma.

Já em Duque de Caxias, a derrota do peemedebista Washignton Reis para o candidato de Lindbergh é vista como significativa pelo cientista político rumo a 2014. “É máquina versus carisma. O Lindbergh é muito bom de voto, ele sempre surpreende. Foi eleito prefeito de Nova Iguaçu quando todo mundo dizia que ele não ia conseguir, e reeleito em 1º turno com votação bastante expressiva. Depois, para o Senado, estava em quarto e terminou em primeiro lugar. Quando era do PSTU foi o deputado federal mais votado, apesar de não ter entrado por causa do coeficiente eleitoral”, diz.

Na avaliação do cientista político, “o Lindbergh vai ser candidato. A briga dele vai ser convencer o PT. Ele tem bom jogo de cintura, é um bom político; agora, é uma incógnita, não sabemos o que vai acontecer, como a Dilma e o Lula vão se posicionar aqui no Rio de Janeiro, aí tudo vai depender da conjuntura”.

Capital
Na atual conjuntura, a máquina do PMDB funcionou bem mesmo é no Rio. Com generosas participações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff na campanha, o prefeito Eduardo Paes foi reeleito com a maior votação para um candidato carioca desde a redemocratização de 1985. Seus um milhão e setecentos mil votos representaram 64% dos votos válidos.

Ingrid Sarti, doutora em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP) e professora do departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que o grande mérito de Eduardo Paes foi “conseguir um apoio impressionante da população muito baseado nas políticas sociais vindas através da aliança dos governos federal, estadual e municipal, e personificando essa fusão”. Ela avalia o prefeito como “indo muito além das expectativas” em seu primeiro mandato, “embora não tendo a marca do PT, ele realmente levantou bandeiras que são bandeiras do PT”.

Para Felipe Borba, “o divisor de águas do Paes é a prefeitura, se ele faz tudo certinho ali, ele se firma até como liderança do PMDB no Rio. O Cabral é uma liderança mas não está com uma avaliação de governo tão boa. Na capital ele tem 32% de avaliação Ótimo/Bom e 25% de Ruim/Péssimo pelo Ibope. O Paes, ao contrário, estava com mais de 50% de Ótimo/Bom, e um percentual baixo de Ruim/Péssimo”.

PSol
Apesar da vitória de Paes, outro destaque das urnas cariocas foi o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), segundo colocado na corrida eleitoral. “O Freixo sem dúvida sai maior do que entrou. Foi a primeira eleição majoritária que ele disputou e ele se cacifou, está marcando um território importante de oposição, está ocupando um espaço até que já foi um dia do PT. Em 2016, quando você vai ter uma eleição mais aberta, porque não terá um candidato disputando a reeleição diretamente, o Paes vai ter que lançar o sucessor, o PMDB não vai conseguir manter essa coalizão de 19 partidos e eles terão que lançar candidatos. Isso fragmenta e aí o Freixo tem grande chance de ir para o 2º turno, e se firma como uma liderança”, diz o cientista político. Além da boa performance de Freixo na capital, o PSol elegeu Gelsimar Gonzaga como prefeito de Itaocara, no Noroeste do estado.

Tucanos depenados
A eleição 2012 também escancarou o definhamento do PSDB no estado. Em 2008, o partido elegeu oito prefeitos; em 2012, apenas um, na minúscula cidade de Trajano de Moares. Em número de eleitores administrados, a queda foi de 8% para 0,07%.

Projetando as administrações para o jogo eleitoral de 2014, aí até mesmo para a presidência da República, Felipe Borba enxerga sérias dificuldades para uma eventual candidatura Aécio Neves. “Ele não vai ter palanque. O Paes e o Cabral estarão com a Dilma. O Lindbergh também estará com eles. Aí sobra o Garotinho, que não sei se apoia o Aécio. Nesse sentido, em 2014 a vitória da Dilma no Rio está mais do que encaminhada”, afirma.

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