segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Governador visita primeira Floresta Piloto implantada no ES



29/10/2012 - 09h47min

Fotos: Thiago Guimarães/Secom

Os agricultores da Região Sul do Estado contam com uma unidade de demonstração regional de florestas plantadas que vai servir de referência para a recuperação de áreas degradadas. São mais de 58 mil árvores plantadas em 50 hectares de floresta. O plantio foi realizado há quase dois anos na fazenda do Campus do Ifes do município de Alegre. Daqui a três anos, os produtores poderão visitar o local para conhecer o desempenho das espécies.

A área começou a ser implantada em 2010, no distrito de Rive e vai funcionar como uma vitrine de espécies e formas de plantio que melhor se adaptam às características da região.

A Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) apresentou ao governador Renato Casagrande, na manhã desta sexta-feira (26), o Programa Floresta Piloto e os resultados obtidos até agora. Acompanhado do secretário Enio Bergoli, e de outras autoridades, o governador participou de uma visita técnica para conhecer uma parte da área de reserva legal e de proteção permanente.

Com 50 hectares de área e um total de 58.750 árvores, a Floresta Piloto da Região de Terras Quentes, Acidentadas, Secas ou de Transição Chuvosas/Secas do Vale do Itapemirim, como ficou designada, vai estar a disposição dos agricultores em até três anos. Até lá, será possível avaliar quais espécie de árvores plantadas tiverem melhor desempenho naquelas condições de clima, relevo e solo.

“Essa é uma ação dentro do Programa Reflorestar, para alcançarmos nossa meta de ampliar para 30 mil hectares de floresta nativa a nossa área de preservação, que é ousada, para que os descrentes possam acreditar que é possível conciliar produção e preservação, com apoio de poderes públicos, instituições e empresas privadas. Reforçamos os nossos efetivos, reservamos recursos, investimos em tecnologia e estamos agindo firmemente, porque somos de uma geração que tem essa responsabilidade com o meio ambiente, pois estamos avisados cientificamente do que é necessário fazer para termos mais qualidade de vida no futuro”, destacou o governador.

“Temos condições de mostrar que é possível fazer uma agricultura conciliando a atividade com a preservação ambiental. Esta é a região com o solo mais degradado do Espírito Santo, com 43% das lavouras em local onde a camada fértil da terra está comprometida. Para realizar a recuperação, é necessário oferecer renda adicional aos agricultores para terem melhoria da qualidade de vida e condições de promoverem o desenvolvimento no campo. Quando os agricultores trabalham para a recuperação ambiental, eles trazem benefício para toda a sociedade e é justo, então, que todos contribuam para que eles realizem este serviço”, considerou o secretário Enio Bergoli.
O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) dentro do Programa Reflorestar.

Também estiveram presentes o prefeito de Alegre, José Guilherme Aguilar, o pró-reitor do Ifes, Tadeu Pissinati, o presidente do Incaper, Evair Vieira de Mello, o prefeito de Vargem Alta, Elieser Rabello, o prefeito de Ibitirama, Javan de Oliveira, e o promotor de Justiça de Muniz Freire e Guaçuí, Elion Vargas.

Unidade de Alegre

Os produtores rurais já conhecem os resultados do plantio de algumas espécies, como o eucalipto. Porém, têm dificuldade em saber como cultivar outras, como angico, jequitibá, ipê, peroba, jacarandá, entre outros.

Com a Floresta Piloto, não só os produtores, mas também pesquisadores e alunos vão poder ver de perto o desempenho das espécies. Segundo o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Silvicultura e Recursos Naturais da Seag, Pedro Galvêas, a unidade de Alegre está em um ponto estratégico. “A Floresta Piloto vai servir de base para estudos de alunos e pesquisadores do Ifes e também do Centro de Ciências Agrárias da Ufes. O modelo da unidade é baseado em áreas destinadas à produção econômica e outras reservadas para a recuperação ambiental”, afirmou.

No modelo desenvolvido, 65% da área da floresta tem objetivo econômico e 35% é voltada recuperação ambiental. Dentro dos 50 hectares do total da área plantada, 32 hectares estão divididos em 16 módulos de dois hectares para cada espécie. A Reserva Legal e Área de Proteção Permanente ocupam 18 hectares, onde são desenvolvidos diversos modelos de recuperação para os produtores escolherem o que melhor se adapta à realidade dele.

O coordenador da Floresta Piloto de Alegre e professor do Ifes, João Pavesi, destacou o histórico da instituição de ensino na preservação ambiental. “Em 2009, começamos a preparar a adequação ambiental da fazenda. Porém, já temos uma reserva legal desde 1993, além das diversas atividades agropecuárias que são desenvolvidas aqui”, afirmou. “O plantio foi iniciado em outubro de 2010 e já temos plantas com quase dois anos de vida. Algumas espécies alcançam quase oito metros de altura”, concluiu Pavesi.

O custo de implantação da Floresta Piloto nos cinco anos necessários para o desenvolvimento, chegará a R$ 1 milhão, com uma média de R$ 20 mil por hectare.

A previsão para o próximo ano é que uma nova unidade seja implantada em Santa Teresa. A unidade vai compreender a Região de Terras Quentes, Acidentadas e Secas do Vale do Rio Doce e Bacia do Rio Santa Maria, e vai ser implantada na propriedade da Escola Agrotécnica Federal de Santa Teresa.

Projeto Floresta Piloto

A ocupação da área deve considerar os aspectos de natureza ambiental e econômica, como o uso atual, condições de relevo, tipo de solo, cobertura vegetal nativa, disponibilidade de água e condicionantes legais relativos às áreas de preservação permanente e área de reserva legal.

O uso do solo é planejado de acordo com o tipo de área em que ele se encontra. A recomposição da cobertura florestal para reserva legal e para as áreas de preservação permanente incluem modelos de referência para a pequena propriedade ou posse rural.

As áreas ocupadas pela silvicultura para fins econômicos são organizadas por espécie ou por sistemas de produção florestal, como os agroflorestais. As áreas a serem ocupadas com florestas para a adequação ambiental (área de Reserva Legal e Área de Proteção Permanente) compreendem diferentes sistemas de recuperação alternativos.

Programa Reflorestar

O Programa Reflorestar visa recuperar e preservar as áreas remanescentes de Mata Atlântica, para garantir a disponibilidade de água, a conservação do solo e a biodiversidade, criando oportunidade de renda para os produtores rurais. Sua principal ferramenta de estímulo é o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

O programa integra o quadro de projetos estruturantes do Plano de Governo Novos Caminhos (2011-2014). A coordenação é da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Seama) e do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), em parceria com a Seag, a Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), e apoio do Banco Mundial, do setor privado e de Organizações Não Governamentais (ONGs).

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