sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Embrapa Café completa 13 anos


Embrapa Café - Unidade da Embrapa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que tem sob sua responsabilidade a gestão do Programa Pesquisa Café do Consórcio Pesquisa Café - completou 13 anos no último dia 30 de agosto. Além da função de gestão de pesquisa, a Unidade, ao longo de sua existência, passou a realizar pesquisas, o que tem agregado ainda mais a disponibilização, para o mercado e a sociedade, de tecnologias, serviços e produtos de forma integrada com os vários segmentos agroindustriais.

Para celebrar a data, foram congregados seus empregados durante toda esta semana em uma Reunião Técnica Geral durante a qual foram apresentadas as principais ações e propostas já realizadas e porvir da nova gestão da Unidade, bem as atividades desenvolvidas pelos pesquisadores em parceria com as instituições participantes do Consórcio. O grupo de empregados da Unidade também realizou visita técnica ao campo experimental cafeeiro na Embrapa Cerrados, instituição participante do Consórcio, e participou de churrasco comemorativo e de confraternização. Para finalizar a programação do aniversário da Embrapa Café, foi realizado café da manhã na sede da Unidade. O evento reuniu empregados e convidados, em especial diretores e chefes de Unidades da Embrapa.

O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Maurício Lopes, esteve representando o presidente e diretores da Empresa. Lopes enfatizou o papel importante da Embrapa Café na coordenação do Consórcio Pesquisa Café. Segundo ele, o Consórcio tem viabilizado a interação as instituições brasileiras tradicionais na pesquisa de café no Brasil. “O mundo atual, cada vez mais globalizado, exige cada vez mais capacidade de adaptação às constantes mudanças e pré disposição a ajustes. Além disso, os novos desafios em pesquisa, como por exemplos os que se colocam frente às mudanças climáticas, nos demandam questões cujas respostas virão do esforço concentrado de pesquisa. Dessa forma, garantiremos a construção de mais uma década de sucesso para o agronegócio café e, em consequência, para a economia do nosso País”.

O chefe geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, lembrou que a Unidade continua em constante processo de crescimento para contribuir de forma igualmente crescente com o desenvolvimento da cafeicultura brasileira. “Buscando a sintonia com a missão para a qual foi criada e também com as instituições consorciadas e os agentes da cadeia produtiva, a Embrapa Café segue em frente. Para isso, contamos com o apoio imprescindível de nossos parceiros e da sociedade. O desenvolvimento do agronegócio café depende das contribuições da ciência e das parcerias com os mais diversos agentes sociais que compõem o agronegócio café brasileiro”.

Embrapa Café e Consórcio – O arranjo institucional obtido por meio do Consórcio é uma experiência inédita, inovadora e única no mundo de integração de ciência e tecnologia em todas as etapas da cadeia produtiva, tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Os pesquisadores da Embrapa trabalham em parceria com instituições de pesquisa de café nos principais estados produtores dando forma a esse modelo de pesquisa baseado no compartilhamento de recursos humanos, materiais e de conhecimento que tem permitido a integração de instituições tradicionais na ciência, ensino e extensão rural para geração e transferência de tecnologias de forma integrada com os vários segmentos da cadeia agroindustrial do café.

O Consórcio Pesquisa Café foi criado por iniciativa de dez instituições ligadas à pesquisa e ao café: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assitência Técnica e Extensão Rural - Incaper,Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF
Fone: (61) 3448-1927
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com.br

Boapaba recebe penúltima etapa do Festival de Concertina neste domingo - COLATINA


 
O próximo domingo (02) reserva grande divertimento para turistas e moradores do distrito de Boapaba, interior de Colatina. Isso porque será realizado neste local, a partir das 12 horas, a penúltima etapa do 5º Festival de Concertina, Sanfona e Viola de Colatina, que há mais de cinco anos tem levado e estimulado pequenos distritos a se reunirem nos finais de semana para tocarem os instrumentos que dão nome ao Festival.
 
A expectativa da Secretaria é de que mais de mil pessoas participem desta etapa. Em Boapaba será a 10ª etapa do Festival, que vai encerrar seu roteiro com uma grande apresentação no dia 22 de setembro na Praça Sol Poente.
 
O evento é uma realização da Prefeitura de Colatina, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com as associações comunitárias. O objetivo é incentivar os músicos e tocadores de concertinas, sanfonas e violas a não abandonarem essa cultura. A entrada é gratuita.
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Prefeitura Municipal de Colatina
Secretaria Municipal de Comunicação Social
Av. Ângelo Giuberti, 343 – Esplanada – Tel.: 3177-7051
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Alto Pongal realiza 7ª Festa da Colonização Italiana



A comunidade de Alto Pongal, no interior de Anchieta, promove entre os dias 07 e 09 de setembro a 7ª Festa da Colonização Italiana. O objetivo das festividades é resgatar a história de seus fundadores e expor a cultura italiana muito presente nas famílias locais. No mesmo final de semana, será realizada a 8ª Caminhada Os Passos dos Imigrantes, um percurso de 41 km que refaz a trajetória dos desbravadores imigrantes italianos.
Crianças, jovens, adultos e idosos da vila estão se reunindo constantemente para preparar a decoração e sugerir os pratos típicos da culinária italiana que serão oferecidos durante o evento aos participantes. Com a aconchegante hospitalidade típica da região, os moradores estão também se organizando para apresentar muitas atrações aos visitantes.
De acordo com os organizadores, as ‘nonas’ da comunidade vêm confeccionando roupas para as apresentações culturais, além de prepararem pães, bolos e biscoitos para serem degustados e comercializados durante o evento.
Caretela com muita música e vinho
Outro destaque da festa é o desfile Caretela da Imigração, onde membros da comunidade e visitantes se vestem à caráter, em carros decorados, exibindo a produção agrícola e a cultura local, com alegria e muita simpatia. Centenas de pessoas participam do percurso que é regado com muita música e vinho.
Na programação haverá ainda missa, forró e shows. O coral Nona Adélia, da própria comunidade, vem ensaiando para realizar uma belíssima apresentação. Já os alunos da escola local estão preparando uma bela apresentação para recepcionar os andarilhos da caminhada e os demais visitantes.
Uma novidade para este ano será o concurso para escolher a criança e a idosa mais bela da comunidade. O arquivo Público do Estado estará presente ao evento para lançar o livro ‘Colônias Imperiais na Terra do Café’ – Imigração Italiana no Espírito Santo, do escritor Renzo Grosselli. O grupo nacional The Fivers será responsável pelo show de encerramento.

Confira a Programação:
Dia: 07/ 09/ 2012 – 6ª FEIRA
06h30min – Café Rural – Praça dos Imigrantes
07h – Benção dos “PASSOS DOS IMIGRANTES”
07h30min- – Saída da Praça dos Imigrantes – Caminhada Passos dos Imigrantes
11h30min – Chegada da caminhada “Passos dos Imigrantes” na Comunidade de Simpatia
18h – Celebração da SANTA MISSA – Igreja católica da comunidade de Alto Pongal
20h – Abertura oficial
20h30min – Lançamento do livro: Colônias Imperiais na Terra do Café” – Imigração
               Italiana no Espírito Santo – Autor: Renzo M. Grosselli – Arquivo Público
               Do Espírito Santo
21 – Concurso “LA BELLA NONNA”
22h30min – Show Italiano “GIOCCO DI MORA”


Dia: 08/09/2012 – SÁBADO
07h – Passos dos Imigrantes – Saída Serra das Graças x Alto Pongal
11h – Chegada da caminhada “Passos dos Imigrantes” – Alto Pongal -  recepcionada
               pela comunidade e pela Fanfarra da Escola  Municipal de Alto Pongal
11h – Almoço Típico – Gastronomia Italiana
11h – Show Italiano “LEANDRO BELLUMAT”
13h30min – Apresentações Culturais 
        Coral Italiano da Escola Municipal de Alto Pongal.
               Dança Italiana da Escola Municipal de Alto Pongal.
        Apresentação da “Melhor Idade” da comunidade de Alto Pongal.
          Torneio de Mora.
19h30min – Concurso  LA BELLA BAMBINA
21h30min – Show Italiano com a Banda “TONI BONI”
24h- Show Com “LEO E LUAN”                                 


Dia: 09/09/2012 – DOMINGO
11h – Almoço Típico – Gastronomia Italiana
11h30min – Show Musical Italiano “BRASITÁLIA”
14h30min – Apresentações Culturais 
          Grupo de Dança: Di Ballo Saltarello – Cariacica
          Grupo de Tradições Folclóricas Italianas Piccolo Pavone – Vila Pavão
16h – Desfile da “CARETELA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA”
18h30min – Show Musical Italiano – RAGAZZI DEI MONTI
21h – Show Nacional com a banda THE FEVERS”



Texto: Dirceu Cetto
Gerencia de Comunicação Social
Prefeitura de Anchieta
Tel.: (28) 3536-1785 / (28) 9969-7693
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Importação de veículos e redução de até 50% da tributação



Aloisio Masson* 
A política fiscal adotada pelo Governo Federal para aumentar a competitividade da indústria automobilística nacional em virtude da então valorização do Real, utilizando o aumento do IPI incidente sobre os veículos importados como instrumento de política econômica, causou uma grande distância de preços entre estes e os veículos produzidos no Brasil ou nacionalizados, de tal sorte que o consumidor ficou alijado da possibilidade de usufruir da qualidade nos opcionais e conforto ofertado pelos importados.
Nesse sentido, muitos consumidores têm optado por importar veículos novos para uso próprio, pagando os tributos incidentes na importação no momento do desembaraço aduaneiro, voltando à tona a discussão de quais tributos deveriam incidir nesta operação de importação. Atualmente, aplica-se a incidência do I.I. de 35%, IPI de 25%, PIS de 2% e COFINS de 9,6%, mais o ICMS.
Mas nem todos esses tributos deveriam incidir nesta operação. Sabe-se que a Constituição Federal tratou de garantir aos administrados a segurança de não serem excessivamente tributados. Assim, na CF/88 foi inserido o inciso II, no §3º, do art. 153, determinando que o IPI será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. É o princípio da não-cumulatividade.
Este princípio é aplicável ao IPI caso o importador seja o próprio consumidor, pois este não terá a oportunidade de compensar o que for devido a título de IPI em operação subsequente com o montante cobrado nas operações anteriores, resultando no ônus de arcar com a totalidade da incidência sobre toda a operação. Entretanto, o Fisco Federal continua cobrando o IPI no momento do desembaraço aduaneiro, de forma inconstitucional.
Destarte, em observância ao princípio da não-cumulatividade do IPI, é possível obter a desoneração da incidência deste tributo federal nos casos de importação de veículo automotor novo, por pessoa física, para utilização própria, por intermédio de ação judicial que declare a inexistência desta relação jurídica tributária entre o importador-consumidor e a União Federal. Nesse sentido, diversos julgados dos Tribunais Superiores (STF: AgR RE 255.682/RS, Rel. Min. Carlos Velloso; STJ: REsp nº 848.339/SP, Rel. Min. Luiz Fux).
Outra discussão que se trava nos tribunais atualmente é a incidência do ICMS nessas mesmas operações. Desde a edição da Emenda Constitucional 33/2001, que alterou a alínea “a”, do inciso IX, do §2º, do art. 155 da CF/88, na entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, incidirá o ICMS ao Estado onde estiver situado o domicílio do destinatário da mercadoria.
Em que pese tal determinação são diversas as decisões de 1ª. instância que excluem a incidência do ICMS em benefício do importador-consumidor. Tais decisões possuem como base a Súmula 660 do STF, que indica não incidir o ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto.
Vale dizer que após a edição da EC nº 33/2001 o STF chegou a modificar a redação da Súmula 660, determinando que o ICMS seria devido na importação de bens por não-contribuinte após a edição da emenda constitucional, entretanto, esta redação foi retificada para manter o texto original da Súmula 660 (DJU 28.03.2006), sugerindo que a Excelsa Corte considera inconstitucional a referida emenda, o que é coerente, pois o art. 155, §2º, inciso II, da CF/88, determina que o ICMS será não-cumulativo, tal qual o IPI, isto é, deve ser aplicado aqui o mesmo princípio constitucional da não-cumulatividade.
Assim, em termos econômicos e jurídicos, verifica-se que a importação de veículo automotor novo por pessoa física e para uso próprio indica uma possível economia no produto final de até 50%, considerando o seu custo de produção e a exclusão do IPI e ICMS por intermédio de ação judicial, em observância ao princípio constitucional tributário da não-cumulatividade. Exemplo: Camaro SS V8: US$33,180 (R$ 67.355,40, com dólar a R$ 2,03, mais a tributação)  X  R$ 200.002,00 (FIPE).

* ALOISIO MASSON é Advogado e sócio do escritório Flavio Antunes, Sociedade de Advogados, atuante na área tributária e de direito econômico, Especialista em Direito Tributário pelo IBET, Mestrando em Direito Econômico pela PUC/SP e Professor de Direito Empresarial e Direito Tributário nos Cursos de Pós Graduação e MBA do PROORDEM / ESAMC, graduado em Direito pelO UNIFIEO/SP.

Ocupação transforma teatro no centro de São Paulo


  30 DE AGOSTO DE 2012

Paiol, que é parte da história cultural da cidade, esteve a ponto de virar estacionamento. Mutirões participativos (e abertos) estão convertendo-o em eco-teatro sustentável, para espetáculos e debates  

O Teatro Paiol é um marco na história cultural paulistana. Apareceu ali na região do centro um ano antes da construção do Minhocão e sofreu as amarguras da degradação causada pelo engodo de concreto.
O site São Paulo Antiga visitou o espaço e conta um pouco da história do lugar: “A proposta do Teatro Paiol era encenar somente peças de autores brasileiros, apoiando e difundindo a cultura brasileira e para a inauguração foi escolhida a peçaFlor da Pele, estrelada por Consuelo de Castro e dirigida por Flávio Rangel. Entretanto, com a dificuldade de se investir somente em peças de autores nacionais, Salles e Mehler decidiram finalmente abrir espaço às produções internacionais e optaram por iniciar com a obra Abelardo e Heloisa, de Ronal Millaar. Porém o palco ainda não possuia urdimento cênico e para isso foi necessária uma grande reforma, reconstruindo o palco e disponibilizando um urdimento de 9 metros de altura e mais três andares de camarim. Com isso, o Paiol tornava-se o primeiro teatro paulistano de pequeno porte a contar com urdimento.”
O teatro quase amargou a história comum para empreendimentos no centro: estava com uma proposta de uma incorporadora para comprar o espaço e demolí-lo para construir um… estacionamento! Sim, o teatro quase foi vendido para virar um lugar para parar carros. Por fim, o negócio minguou e há uma ocupação atuando lá para transformar o espaço em um lugar sustentável.
Como diz o evento no Facebook, “O teatro está desativado desde 2007 e hoje uma equipe de permacultores, inovadores e idealistas querem torná-lo o primeiro EcoTeatro Sustentável de São Paulo. Estão previstos os seguintes trabalhos de bio-reforma:
- Tratamento das águas cinzas com biofiltro
- Aquário para criação de carpas
- Teto verde – que será uma Ágora Comida – para intervenções e sede para palestras e cursos do Instituo Cio da Terra.
- Revestimento com calficite, ar condicionado natural
- Técnicas geotérmicas
- Isolamento acústico
- Aproveitamento de energia solar
- ativação de um café-bar cultural com pista de dança.”
Há vários workshops acontecendo nos dias de semana a partir das 9h. É só chegar junto e ajudar a reestruturar o teatro. Quem participar integralmente, terá certificação em PDC parcial e em oficinas permaculturais.
Agora, por que o teatro está tão focado em sustentabilidade? O ator Marcelo Mendez Tomaz, agora responsável pelo Paiol, fez uma parceria com o Instituto Cio da Terra para reocupar o espaço. Aparentemente, além de programação teatral normal, o espaço será usado para palestras e oficinas do instituto.
Serviço: Teatro Paiol – Rua Amaral Gurgel, 164 – próximo ao metrô República
Leia também:
  1. Dança: espetáculos e oficinas em São Paulo
  2. São Paulo, militarização e autoritarismo
  3. Os bolivianos escravizados em São Paulo
  4. As cotas universitárias chegarão a São Paulo?
  5. Shopping centers em São Paulo: transparentes, só as vitrines…
  6. São Paulo: ônibus abandonados, agora em números
  7. Cinema e música cubana em São Paulo
  8. São Paulo dos laboratórios de garagem
  9. Eles escandalizaram o templo do racismo em São Paulo
  10. Gambiarra tenta liberar verticalização em São Paulo

“Por que sou cristã e não condeno o aborto”


  30 DE AGOSTO DE 2012

Mary Elisabeth Williams, articulista da revista Salon, propõe: chega de pensar que a legalização vai instituir massacre de bebês; é preciso respeitar mães que vivem sentimentos e escolhas complexos e profundamente pessoais

Tradução: Henrique Marques Samyn, no Território de Maíra

Quando Todd Akin protagonizou a apenas mais recente numa longa lista de demonstrações conservadoras de ignorância e animosidade em relação às mulheres e ao direito à interrupção da gravidez que lhes foi concedido pela Suprema Corte, isso representou ainda um outro Grande Momento Estadunidense no que diz respeito à Mentira. Conservadores como Akin — e o candidato a vice-presidente Paul Ryan, que impressionantemente votou 59 vezes contra a o direito à escolha durante o período em que permaneceu na Câmara dos Representantes — fariam você acreditar que há apenas dois lados no que tange à questão do aborto. Há o lado bom e sagrado, cristão,  defensor da vida, e há o lado secular, da cultura da morte.
Muito de acordo com a visão conservadora de que o mundo está cheio de mulheres que precisam de algum cara branco e mais velho para ajudá-las a entender a diferença entre o estupro “legítimo” e o tipo que realmente não importa, há uma noção predominante na direita cristã segundo a qual o acesso irrestrito ao aborto transformará a América em uma grande orgia de extração de fetos, invadida por mulheres alucinadas sendo a qualquer momento atordoadas e arrastadas para a Aborto Hut/Dunkin’ Donuts mais próxima nos seus horários de almoço. Isso convenientemente ignora a realidade de que, embora o aborto seja de fato um assunto cristão, ser pró-escolha não faz de você um mau cristão.
Dê uma olhada – quem é aquele que está na Casa Branca exatamente agora? Porque é o cristão Barack Obama, que apoia o Caso Roe contra Wade [nota do tradutor: caso judicial em que a Suprema Corte estadunidense reconheceu o direito à interrupção voluntária da gravidez] e afirma que “o direito da mulher a decidir quantos filhos ter e quando, sem interferência do governo, é um dos direitos mais fundamentais que nós temos. Não é apenas uma questão de escolha, mas de igualdade e oportunidade para todas as mulheres”. Mesmo o vice-presidente católico Joe Biden, que afirmou acreditar que “é uma questão de fé aceitar que a vida começa no momento da concepção”, tem um histórico consistente de apoio ao direito das mulheres a escolher. E isso não é tão incomum. Uma geração atrás, Mario Cuomo causou controvérsia ao identificar-se como cristão e pró-escolha. Quando seu filho Andrew, décadas depois, candidatou-se e manteve umacampanha política similar, ele também se deparou com pessoas perplexas. E, como Bill Clinton certa vez explicou, “Eu nunca encontrei ninguém que fosse pró-aborto. Não é isso o que significa ser pró-escolha. Isso quer dizer, apenas, que nós não queremos criminalizar a escolha“.
Muitas das denominações cristãs – inclusive as igrejas Presbiteriana, Batista Americana, Luterana, Episcopal e Unida Metodista – adotam visões complexas e matizadas desse tema, dando espaço para o direito da mulher tomar suas próprias decisões nesta discussão. Claramente, há um lugar para questionamentos no diálogo cristão.
Para muitos de nós, nossos sentimentos acerca do aborto são complexos e profundamente pessoais. Entre os meus amigos, por exemplo, eu raramente digo algo a respeito do assunto além de me posicionar como pró-escolha, por ser esse um assunto tão íntimo e tão altamente carregado. No entanto, trata-se de algo um pouco mais complicado que isso. Eu estimaria que aproximadamente metade das minhas amigas mulheres tiveram pelo menos um aborto. Muitas delas são mães. Eu não conheço nenhuma que tenha feito essa opção de modo despreocupado e eu não conheço nenhuma que tenha jamais expressado algum momento de arrependimento. As vidas que elas têm agora — e muitas delas têm vidas bastante boas — são possíveis em larga medida por conta de uma decisão difícil que elas uma vez enfrentaram, e uma escolha que elas fizeram sobre quando e como elas estavam preparadas para se tornarem mães.
Essa é uma escolha que eu nunca tive que fazer. Embora eu julgue saber como eu teria agido quando aquele medo de estar grávida aos 24 era, ao fim, apenas um medo de estar grávida, eu jamais terei certeza. O que eu sei é que, a respeito das minhas gravidezes, o pequeno coração batendo que eu vi na ultrassonografia para mim era sempre o meu bebê, era sempre uma vida humana. Eu sei que o aborto espontâneo que eu tive muito cedo, vários anos atrás, é uma perda que eu ainda lamento, algumas vezes. Mas é o meu corpo, são minhas gravidezes, é a minha percepção.
Eu também sei que se eu me visse grávida exatamente agora, no meio da casa dos 40, enquanto ainda atravesso um tratamento para o câncer, eu igualmente consideraria aquela gravidez uma vida humana. E eu jamais quereria viver em um país onde eu fosse obrigada a levar isso até o fim, sabendo que a minha idade e as medicações que estão agora percorrendo o meu corpo certamente assegurariam a formação de uma criança com severos problemas. Sabendo que eu teria que interromper o tratamento para o câncer, o que iria provavelmente privar os dois filhos que eu já estou criando de sua mãe. E eu não acredito, absolutamente, que haveria qualquer coisa neste cenário que se qualificaria como compassiva ou pró-vida.
Em última instância, como minha colega Irin Carmon afirmou na segunda-feira no Salon, “Você ou acredita na autonomia do corpo ou não”. Eu aprendi, nos anos recentes, que as minhas “exceções” para o aborto diriam respeito ao meu próprio corpo. Eu não quero jamais fazer disso regras para qualquer outra mulher que esteja diante de sua própria escolha. E eu sem qualquer sombra de dúvida não quero ninguém jamais criando regras para as minhas filhas. Eu acredito, em primeiro lugar e acima de tudo, no empoderamento das mulheres e homens até o nível máximo, para prevenir a gravidez não-desejada. Eu acredito que o próximo passo na escala das coisas que são éticas e justas é fazer tudo o possível para assegurar que toda criança que é trazida ao mundo é desejada – e tem uma família disposta e apta a cuidar dele ou dela. E eu não posso nem mesmo começar a dizer a vocês quão baixo nessa escala vocês encontrarão “mulheres sendo arrastadas para a culpa por fazerem-nas olharem ultrassonografias, tendo bloqueado o seu acesso a abortos seguros e a um custo acessível e sendo obrigadas a carregar bebês enquanto não se dá a mínima para a saúde, o bem-estar ou a educação daquelas mulheres e daqueles bebês, ou as obrigações morais e financeiras dos pais”. Pessoas, cuidemos das prioridades.
A vida raramente pode ser vista em tons de preto e branco, e no fim, para aqueles de nós que acreditam em Deus, nós temos que confiar em nós mesmos e nas nossas consciências. Nós podemos nos deixar ser enganados pelos homens que insistem saber o que é bom, ou podemos olhar honestamente para os nossos corações e para as nossas circunstâncias, e procurar por aquilo que acreditamos ser melhor. Nos é dada a vida e nos é dado o direito de escolha. Só o que podemos fazer é tentar honrar a ambos
*Mary Elizabeth Williams é articulista do Salon e autora de “Gimme Shelter: My Three Years Searching for the American Dream.” Twitter: @embeedub

Leia também:
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  2. Por que Congresso não quer enfrentar corruptores
  3. Por que a mídia não quer Battisti livre
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  10. Polêmica: e se a “ficha limpa” não ajudar a democracia?

Como The Economist sobrevive à crise da velha mídia


  30 DE AGOSTO DE 2012


Assumidamente comprometida com ideologia liberal, revista consegue, porém, manter cobertura internacional vasta, concisão nos textos e experiência política de 169 anos 
Por Alexandre Zevin, no Le Monde Diplomatique | Ilustração: Daniel Kondo
Assolada pelo desmoronamento contínuo de suas vendas, de seus assinantes e de seus contratos publicitários, a imprensa escrita atravessa um período de crise no qual os lucros da internet não trouxeram o remédio esperado. The Economist é a exceção. Apesar de uma diminuição recente de suas vendas, o semanário britânico continua dando mostras de uma saúde esplêndida, principalmente nos Estados Unidos, onde se concentra agora a maior parte de seus leitores.
Tamanho sucesso intriga. A National Public Radio (NPR) norte-americana se perguntava em 2006 como um jornal dotado de um “título soporífero” e de um “conteúdo por vezes esotérico” tinha conseguido ganhar 13% de leitores em relação ao ano precedente. Mais recentemente, seus números de difusão em 2010 – 1,42 milhão de exemplares rodados por edição, dos quais 820 mil nos Estados Unidos, onde as vendas foram multiplicadas por dez desde 1982 – deram espaço para uma nova salva de comentários invejosos.
Para o New York Times, essas performances se explicariam por um senso afiado de marketing: a elegante austeridade do logo – letras brancas em um retângulo vermelho –, acrescida de um preço de venda relativamente elevado constituiriam uma espécie de marcador social, um meio para o leitor afortunado, ou que se pretende como tal, afirmar seu pertencimento à elite.1 O semanário busca alimentar essa identificação, como na campanha publicitária de 2007: “Estamos sozinhos no topo, mas pelo menos temos o que ler”.
Por lisonjear o perfil do consumidor, The Economist já atraiu para si em 1991 os sarcasmos do Washington Post. O jornalista James Fallows acusava ali a revista londrina de buscar se adequar a um público de privilegiados, facilmente enganados pelo sotaque britânico e o “estilo pomposo de Oxbrigde [contração das palavras Oxford e Cambridge]”.2
A alusão a certo elitismo não era desmerecida. Segundo seus próprios números,The Economist dispõe dos leitores norte-americanos mais ricos (US$ 166.626 de salário anual em média, contra apenas US$ 156.162 para o leitor do Wall Street Journale US$ 45.800 do salário médio de uma família). The Economist age como signo distintivo de uma comunidade impressionantemente ampla. Sua aptidão para crescer até mesmo em tempos de crise repousa sobretudo em uma política editorial claramente assumida: promover a “sabedoria dos mercados” e combater toda e qualquer intervenção dos poderes públicos.
“Bom senso econômico”
As mídias norte-americanas tendem a dar crédito à imagem que The Economist dá de si mesmo, a de um partidário do “extremo centro” e do bom senso econômico. Num editorial recente, o semanário afirmava “nunca ter sido subserviente a nenhum partido”, ao mesmo tempo que reivindicava sua “ligação de longa data com o liberalismo” – uma posição nunca traída desde sua criação em 1843, quando a Grã-Bretanha ainda era a maior potência econômica mundial.
Os acionistas do jornal consolidam seu caráter institucional. Metade de suas ações é detida pelo The Financial Times Limited (a empresa editora do jornal diário britânico Financial Times, uma filial do grupo Pearson). O resto pertence a acionistas independentes: as famílias Cadbury, Rothschild e Schroder, assim como diversos membros (e antigos membros) da redação.
Em 169 anos, dezesseis homens apenas se sucederam na chefia da revista. Desde os anos 1900, quase todos são oriundos de Oxford ou de Cambridge. Uma característica contribui à coerência da linha editorial: os artigos não são assinados. Fora algumas contribuições externas, os setenta jornalistas (dos quais cerca de cinquenta estão instalados na sede londrina) trabalham no anonimato. O sucesso de seus blogs não alterou essa capa de invisibilidade. “O resultado é que nossas escolhas editoriais seguem um percurso excepcionalmente democrático”, explica-nos o diretor atual, John Micklethwait. “A ausência de assinatura também favorece a cooperação entre jornalistas”,3 salienta o chefe de redação Bill Emmott. A precisão não carece de uma alfinetada: devotado há um século e meio à promoção da concorrência universal, o semanário se apoia sobre o princípio inverso – a cooperação – para organizar sua própria produção.
Como demonstra a reação do semanário à crise financeira de 2008, o jornal não perdeu sua fleuma. Enquanto o ministro norte-americano da Economia Henry (“Hank”) Paulson implorava para seu presidente socorrer Wall Street, The Economist apontava com erudição suas soluções para remendar o mercado imobiliário, desencalhar os créditos e os investimentos, interromper o aumento do desemprego e acalmar o mercado das dívidas soberanas. O tom tranquilo com o qual administrava suas receitas valia um certificado de honra: ele tinha visto outras crises.
Ao longo de seu primeiro século de existência, o semanário foi testemunha de diversas depressões mundiais (de 1873 a 1890 e os anos 1930), de um pânico bancário (1907), de um desmoronamento dos mercados (1929) e de uma desvalorização histórica da libra esterlina (1931), para citar apenas os casos mais notórios de deslocamento econômico. O século seguinte também não foi dos mais calmos, com o fim do sistema monetário de Bretton Woods, os choques petroleiros e as diversas convulsões regionais que acompanharam a baixa do crescimento ao longo dos anos 1970. Diante da crise financeira, The Economist adotou então a postura soberana de quem já viveu de tudo. Suas recomendações, no entanto, não brilharam nem por sua clareza nem por sua constância.
Enquanto guardião do templo liberal, o jornal mostrou uma falta espantosa de firmeza doutrinária. Com apenas algumas reservas morais, ele primeiro aplaudiu os planos de salvação em favor dos bancos. “Chegou a hora de colocar de lado os dogmas e a política para se concentrar em respostas pragmáticas”, explicava. “Isso significa, a curto prazo, uma intervenção governamental mais firme do que a que os contribuintes, os políticos e os jornais partidários da livre-troca gostariam numa época normal.” Os eleitores podem encontrar algo a dizer diante das centenas de bilhões doados para especuladores sem escrúpulos; ainda assim, estima The Economist, o poder público agiu com sabedoria: sua intervenção poupou aos cidadãos o pesadelo dos anos 1930, com suas falências bancárias e filas de espera pela sopa popular. “Nenhum país, nenhuma indústria sairia incólume de uma crise cardíaca financeira”, afirmou em 11 de outubro de 2008.
Três meses depois, o semanário julgava que a intervenção pública já havia durado tempo demais. E lançou o aviso: nacionalizar os bancos “seria um atentado à propriedade privada”, encorajaria os favores políticos, desperdiçaria uma fortuna e puniria o setor privado (24 jan. 2009).
Sua única proposta realmente coerente – fora, é claro, os chamados rituais para um maior rigor orçamentário e salarial – concerne no agrupamento das dívidas europeias via os eurobonds, apresentados como uma solução milagrosa. Mas a ideia é tomada por empréstimo de Bruegel, um think tank de Bruxelas presidido até 2008 por Mario Monti, o atual primeiro-ministro italiano. O jornal tinha acostumado seus leitores a mais audácia.
Presunção liberal
No entanto, as causas da crise continuam amplamente impenetráveis. “São as pessoas que dirigem o sistema que devem ser culpadas, não o sistema em si”, proclamou o jornal em 20 de setembro de 2010. Alguns meses antes, comentando o impasse político norte-americano, ele convidava seus leitores a “culparem Obama, e não o sistema” (18 fev. 2010). A partir do momento em que as estruturas nunca são a causa e que apenas os indivíduos devem prestar contas, a distribuição dos bons e dos maus se torna assunto para análise: repreendemos o presidente do conselho italiano Silvio Berlusconi por sua corrupção e o chefe de Estado francês Nicolas Sarkozy por suas reformas tímidas demais, mas saudamos as competências carrancudas da chanceler alemã Angela Merkel.
Aprendemos muito lendo The Economist. James Wilson, seu fundador, estimava que a função de um jornal consistia em fornecer informações confiáveis e claras para permitir aos industriais e aos ministros agir com conhecimento de causa. Ele foi o primeiro título de imprensa a publicar listas de preços. Ainda hoje, o semanário consagra diversas páginas a todos os tipos de indicadores econômicos e financeiros: volume das transações internacionais, previsões de crescimento do PIB, emissões de gás de efeito estufa…
A revista londrina se distingue também pela envergadura de sua capa internacional. Talvez seja o único semanário no mundo capaz de se dedicar em um mesmo número ao comércio pela internet na China, à bomba de dólares de Las Vegas, às “negociações de paz” no Oriente Médio, à pesquisa sobre vida em Marte, a um novo museu de arte no Catar e a um obscuro explorador sul-africano devorado por um crocodilo. A abundância de assuntos anda junto, evidentemente, com um tratamento cursivo: com exceção de algumas pesquisas especiais, os artigos são impressionantemente curtos.
Econômica nas palavras, a prosa do jornal não deixa transparecer menor presunção, principalmente com relação àqueles que não partilham seu afeto pelo liberalismo nu e cru. O célebre economista Paul Krugman é um caso. Mesmo sendo pouco suspeito de uma cruzada anticapitalista, ele é frequentemente alvo de epítetos floridos: “keynesiano grosseiro”, “militante feroz”, “herói popular da esquerda norte-americana na sua torre de marfim”, “Michael Moore das pessoas que pensam” (13 nov. 2003).
Parênteses pluralista
The Economist encarna realmente essa mistura ideal de liberalismo econômico, social e político que seu diretor, John Micklethwait, não cessa de elogiar ao público norte-americano? O jornal não parece ter percebido que a liberdade do comércio vinha precedida das liberdades sociais e democráticas, pela conquista das quais os povos por vezes pagaram um alto preço. E a livre-troca, que ele prega, nem sempre tornou a economia mais eficaz e humana, longe disso.
A despeito de algumas torções no seu credo liberal, The Economist se manteve fiel ao longo do século XIX a três princípios-chave: impor o livre-comércio, aceitar algumas reformas sociais para conter a febre revolucionária e garantir a paz no continente.
A partir da Segunda Guerra Mundial, o semanário consentiu em reatualizar seu corpo ideológico. Em 1940, diversos artigos davam a entender que ele poderia aceitar um Estado de bem-estar social; uma maneira de admitir que o liberalismo à la Wilson não funcionava mais. Em uma coletânea de ensaios publicada no centenário do jornal, em 1943, o diretor da época, Geoffrey Crowther, se mostrava conciliador: o laissez-faireeconômico, dizia, provoca desigualdades e uma insegurança que apenas a intervenção pública consegue corrigir. Mas The Economist recusava se alinhar-se aos socialistas. Não “por causa de seus objetivos, mas em razão dos meios pelos quais eles esperam atingi-los”.4 Essa magnanimidade doutrinária permitiu que ele se enriquecesse com um amplo leque de talentos e opiniões. Diversos refugiados antinazistas se uniram à redação, entre os quais – o cúmulo – dois intelectuais marxistas: o historiador Isaac Deutscher e o escritor Daniel Singer. O parêntese pluralista se fechou nos anos 1960, e o jornal retomou seu curso direitista. Durante a campanha presidencial francesa deste ano,The Economist descreveu o candidato François Hollande como um “homem perigoso”, movido por uma “hostilidade profunda contra o mundo empresarial”, enquanto o Partido Socialista, ainda “não reformado”, sonharia em conduzir o país a uma “ruptura” com a Alemanha (28 abr.).
Hoje, o modelo social herdado do pós-guerra é visto como um obstáculo ao crescimento e, portanto, como um inimigo a ser abatido. Os sindicatos são os primeiros visados. Em 2011, The Economist explicava que, para reduzir o déficit orçamentário do Reino Unido, não bastava aumentar a idade para a aposentadoria dos funcionários e reduzir suas pensões: a “guerra contra os sindicatos da função pública” impunha também ganhos de produtividade suplementares e a generalização dos contratos flexíveis ou temporários (6 jan. 2011). Há cinquenta anos, um discurso desse tipo era inconcebível.
A partir dos anos 1950, o alinhamento com Washington constituiu o novo fio condutor. Um após o outro, os responsáveis pelo jornal aclamaram cada operação militar empreendida pela Casa Branca, tanto no Vietnã como no Iraque, na ex-Iugoslávia e no Afeganistão. Mesmo com relação aos arquivos iranianos e norte-coreanos, ele se posicionou na linha dura da administração norte-americana, irritando-se contra uma ONU necessariamente pusilânime e burocrática.
A cobertura da América Latina sofre da mesma perspectiva de análise, principalmente nos países governados pela esquerda, mais particularmente na Venezuela. Desde 1998, seu presidente, Hugo Chávez, ganhou treze das catorze eleições nacionais em condições consideradas satisfatórias pelos observadores; no entanto, The Economistnão cansa de agitar o “medo de que a Venezuela caia cada vez mais em uma ditadura” (23 set. 2010 e 5 jan. 2012). Suas fontes? A mesma oposição e as mesmas mídias que, com o apoio dos Estados Unidos, fomentaram o golpe de Estado fracassado de 2002.
De certa maneira, o jornal renovou ligações com o liberalismo de sua juventude. No que diz respeito ao papel do Estado, à sabedoria infalível dos mercados e aos perigos da contestação, suas posições nunca diferiram realmente das que já martelavam seus grandes editorialistas vitorianos. Com a pequena diferença que, atualmente, elas são expressas mais indiretamente. Seu diretor atual, formado nas escolas norte-americanas, é puro produto dessa nova cultura editorial onde se misturam o liberalismo dos dias tranquilos e sua variante contemporânea. Com mais de um século e meio de existência, o porta-estandarte da economia dominante colhe as conquistas nos quatro cantos do globo – salvo na África. Um império infinitamente mais vasto do que o de seus ancestrais ingleses.

Alexandre Zevin
 é historiador da Universidade da Califórnia
1 “The Economist tends its sophisticated garden” [The Economist nos jardins mais sofisticados], Jeremy W. Peters, The New York Times, 8 ago. 2010. Na França, The Economist é vendido por 5,80 euros, contra 3,50 euros para as revistas semelhantes.
2 “The economics of the colonial cringe” [A economia do servilismo colonial], The Washington Post, 6 out. 1991.
3 Citado por Libération, Paris, 8 ago. 2003.
4 The Economist, 1843-1943: a centenary volume [The Economist, 1843-1943: um volume centenário], Oxford University Press, Londres, 1943, p.13-15.
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