terça-feira, 31 de julho de 2012

Até abertura dos Jogos Olímpicos perturba direita europeia


  30 DE JULHO DE 2012

Deputado conservador britânico irrita-se com multiculturalismo e rap, na cerimônia oficial e cria saia justa para seu próprio governo
Por Marcelo Justo, em Carta Maior | Tradução Marco Aurélio Weissheimer
(Título original: Cerimônia de abertura da Olimpíada irrita conservadores)
Londres – “Cerimônia esquerdista, verdadeiro lixo multicultural, pior que a de Beijing, capital de um estado comunista”. Com esses calorosos epítetos o deputado conservador Aidan Burley desqualificou em sua conta no twitter a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos tão elogiada em nível nacional e internacional, e provocou uma furiosa reação pública e política. O governo de David Cameron, que esperou a chegada dos Jogos como maná celestial em meio a recessão, procurou se distanciar rapidamente do deputado.
Aidan Burley não gostou da longa cena com crianças saltando em camas de hospital e enfermeiras dedicada ao Serviço Nacional de Saúde (NHS), a aparição de símbolos do CND, uma organização que promovia o desarmamento nuclear durante a guerra fria, e, a gota que fez o balde do conservador transbordar, foi tanto rap. “É estranho que ele (o cineasta Danny Boyle) tenha dado tanta importância ao rap. Pareceu-me uma tentativa de enfocar nossa história com o prisma moderno de nosso culturalismo”, insistiu Burley em uma entrevista de televisão. Disposto a bombardear a cerimônia cultural, o deputado assinalou que o final tampouco foi de seu agrado. “É também muito triste que Shami Chakrabarty, da organização de esquerda Liberty, tenha sido uma das pessoas escolhidas para carregar a bandeira dos jogos”, disse Burley.
Com um país orgulhoso por uma cerimônia que a imprensa britânica descreveu como “extraordinária” e “assombrosa”, Downing Street, o prefeito de Londres, Boris Jonson, e uma série de deputados conservadores se afastaram de seu colega conservador e elogiaram sem reservas a cerimônia inaugural. O trabalhismo aproveitou a ocasião. “David Cameron deveria mostrar um pouco de liderança e exigir um pedido de desculpas de Aidan Burley. Cameron disse que o Partido Conservador mudou, mas está claro que não mudou muito pelo que disse um de seus deputados”, assinalou o deputado trabalhista Michael Dugher. David Cameron assumiu a liderança dos conservadores em 2005 decidido a fazer o partido ocupar o centro do espectro político com uma imagem mais “branda” que a da era thatcherista, guinada com a qual a direita partidária nunca simpatizou.
As bestas negras dos conservadores
Aidan Burley é um dos mais excêntricos representantes dessa linha. No ano passado, foi obrigado a renunciar de seu cargo de assistente ministerial depois de participar de uma despedida de solteiros que tinha uma temática de disfarces nazistas. Grotescos erros desse tipo permitiram a Cameron isolar esse setor – ultranacionalistas e thatcheristas que reivindicam o império a ferro e fogo – mostrando-o como minoritário e marginal, mas não conseguiu eliminar a suspeita de que, na verdade, representa uma tendência profunda dos conservadores.
Em todo caso, está claro que Burley não está sozinho. Um deputado conservador, Karl McCartney, insinuou no twitter que mais gente está de acordo com suas opiniões. “Abertura de cerimônia agradável em sua maior parte, se ignorarmos as descaradas referências esquerdistas que muitos não ignoraram”, disse Mc Cartney no twitter. Em apoio a esta leitura política da abertura, apareceu uma mensagem do magnata multimídia Ruppert Murdoch, que ficou vinculado aos conservadores no escândalo das escutas telefônicas. “A inauguração foi surpreendentemente boa, embora muito politicamente correta”, assinalou Murdoch em seu twitter,
O multiculturalismo, o politicamente correto, o NHS, a BBC e o rap são típicas bestas negras dos conservadores que os responsabilizam por diferentes pecados, desde o terrorismo até a falta de patriotismo, a desintegração familiar e o aumento de crimes. O multiculturalismo, em particular, foi alvo de fortes debates desde os atentados de 7 julho de 2005 em Londres contra o transporte público que deixaram 54 mortos e mais de 700 feridos.
Segundo seus críticos a coexistência de distintas culturas no interior de uma sociedade (o multiculturalismo) não favoreceu a integração das distintas correntes imigratórias do pós-guerra no Reino Unido. A pior mostra desse fracasso seria o fato de que os quatro atacantes suicidas dos atentados eram de origem muçulmana. É claro que para a maioria dos britânicos vincular a cerimônia inaugural dos Jogos com um perverso “vício” multicultural é, no mínimo, uma hipérbole disparatada.
Diplomacia olímpica
A Olimpíada de 2012 arrancou com conflitos de bandeiras que, parafraseando o teórico militar alemão Carl Von Clausewitz, provam que o esporte é, como a guerra, a “política por outros meios”. Primeiro foi o erro com a bandeira da Coreia do Norte que colocou em perigo a partida com a seleção colombiana de futebol feminino na sexta. Além deste, o conflito China-Taiwan fez uma aparição no meio de Londres. Esse conflito, que começou em 1949 com a fuga do generalíssimo Chiang Kai-Shek para a ilha de Taiwan logo depois de sua derrota para Mao Tse-Tung, atravessou tempo e espaço e se instalou os encarregados de decorar a central avenida de Regent Street às vésperas dos Jogos Olímpicos.
A bandeira vermelho e azul de Taiwan estava entre as 206 bandeiras do mundo durante duas semanas até que uma misteriosa reunião entre a Associação de Regent Street, os organizadores dos Jogos e o Ministério de Assuntos Exteriores britânico mudou as coisas. Com sigilosa discrição, a Associação retirou a bandeira de Taiwan na quarta-feira. Quando o assunto chegou à imprensa, um porta-voz da organização dos Jogos lavou as mãos rapidamente. “O Ministério de Assuntos Exteriores nos aconselhou a baixar a bandeira. Os chineses tinham se queixado”, justificou-se para o jornal “Evening Standard”.
Segundo um acordo firmado em 1980 com o Comitê Internacional dos Jogos Olímpicos, Taiwan exibe a bandeira de seu comitê olímpico e não a bandeira nacional. A China reivindica Taiwan como parte indissolúvel de seu território sob o princípio de uma única China e se faz escutar sobre esse tema em todos os eventos políticos, culturais ou desportivos do planeta. Curiosamente, o partido governante de Taiwan, o Kuomingtang, também reivindica a unidade territorial. A bandeira retirada é a criada pelo pai da independência chinesa, Sun Yat Sem, reconhecido como herói nacional tanto pelos comunistas como pelos taiwaneses. Mas esses são detalhes históricos, nada mais.
O Reino Unido, que tem entre suas prioridades econômicas a intensificação da relação econômica com a China para sair da recessão, não quer dar um passo em falso no delicado e escorregadio terreno dos símbolos nacionais. Isso não impede que os erros humanos – ou simples gafes – compliquem seus objetivos.
Como se a diplomacia internacional já não fosse um campo minado, os organizadores dos Jogos colocaram seu grãozinho de areia para a paz internacional confundindo a bandeira da Coreia do Norte com a da Coreia do Sul no telão da partida de futebol feminino com a Colômbia.
As duas Coreias, tecnicamente, ainda estão em guerra (não foi firmado um acordo de paz de um conflito de três anos que deixou milhares de mortos) e são uma parte delicada do atual mosaico internacional. A desconfiança mútua é atávica e imprevisível. A Coreia do Norte não acreditou na teoria do erro humano: para eles se tratou de uma falha deliberada dos organizadores dos Jogos. A partida, que esteve a ponto de ser suspensa, iniciou uma hora mais tarde e o próprio primeiro ministro David Cameron precisou intervir para colocar panos frios. “Foi um erro de boa fé. Foi pedido perdão e vamos nos assegurar que o erro não volte a ocorrer. Não devemos exagerar o episódio. Foi algo infeliz e penso que devemos deixa-lo assim”, assinalou Cameron. A mensagem não tranquilizou os norte-coreanos. “Certamente que ficamos furiosos. Imagine se um atleta obtém uma medalha de outro a aparece sob outra bandeira”, disse Ung Chang, membro do Comitê Internacional Olímpico da Coreia do Norte.

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Espanha: o novo retrato da crise social


  30 DE JULHO DE 2012


Desocupação bate em 24,6%, índice mais alto de todos os tempos. Um em cada dois jovens até 25 anos não tem trabalho. Em 1,7 milhão de famílias, todos os membros perderam rendimento regular
Na Agência Prensa Latina
Um relatório da OCDE apresenta a nação ibérica como o caso mais dramático de desemprego na União Europeia (UE) e adverte que em 2013 o índice de desocupação deve chegar a 25,4%.
O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) confirmou que o número de desempregados representa já o índice máximo desde 1976, depois do final do regime do ditador Francisco Franco.
Os desempregados somam 5,7 milhões, número que representa um crescimento de até 24,63%, em relação aos 24,44 no fim de março. O setor juvenil é especialmente afetado pois, apesar das habituais contratações da temporada turística, as pessoas entre 16 e 24 anos sem trabalho eram 53,27% dessa população em junho, contra os 52,01 de março, foi divulgado.
A crise coloca os espanhois perante uma tragédia, pois segundo o INE o número de moradias onde todos os membros estão sem trabalho chegou a 1.737.600. Em uma nação em crise, o ritmo de crescimento dos desempregados no segundo trimestre pode representar alguma esperança em relação ao primeiro: entre abril e junho 53.500 pessoas perderam seu emprego, bem menos dos 365.900 entre janeiro e março.
A campeã foi a construção civil, com queda de 40.500 empregos; no setor de serviços foram demitidas 84.500 pessoas menos que no primeiro trimestre; mas em contraste, o desemprego na indústria aumentou em 23.500 e na agricultura em 11.400.
Mesmo assim as perspectivas para o futuro não são muito alentadoras, dentro da política de cortes neoliberais do governo do premiê Mariano Rajoy, que pretende reduzir o déficit fiscal às custas dos compromissos sociais. Na segunda feira (30) serão divulgadas informações sobre o PIB, e as expectativas são pessimistas. Os prognósticos do Banco da Espanha indicam que o segundo trimestre registrou uma queda ade 0,4% do PIB, maior do que recuo de 0,3% registrado em março.
Sobre a situação global, o mexicano Ángel Gurría, secretário geral de OCDE, explicou que o desemprego tem agora uma característica diferente devido a longa duração de seis meses e, em muitos casos, mais de um ano. Há o risco de que estas pessoas se desvinculem do mercado de trabalho. Jamais tínhamos enfrentado esses desafios, disse ele .

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Castelo Branco: mais um “escracho” à ditadura


  30 DE JULHO DE 2012

No Rio, manifestantes repudiam a imagem do marechal que liderou a face militar do golpe de 1964 e o nomeiam “Ditador do Brasil” pregando faixa em sua estátua
Por Consulta Popular | Fotos: Henrique Zizo
Na manhã ensolarada deste domingo (29) no Rio de Janeiro, partidos políticos, entidades de direitos humanos, setores da juventude e ex-presos políticos se uniram para repudiar um dos momentos mais sombrios da história brasileira, a ditadura civil militar (1964-1985). Marchando pela orla de Copacabana até o Leme, cerca de trezentas pessoas esculacharam um monumento que presta homenagem ao primeiro ditador deste período, o marechal Castelo Branco (1964-1967).

Ao chegarem até a estátua do ditador Castelo Branco, na praça do Leme, foi realizada uma mística que relembrou todos os militantes assassinados no período. A estátua  também ganhou uma faixa com os dizeres “Ditador do Brasil 1964″ e, no final, tintas vermelhas  foram lançadas, lembrando o sangue derramado das vítimas. Intercalado por poemas, várias entidades e familiares de mortos e desaparecidos  cobraram punição aos torturadores do regime militar. Também houve cobranças para que a Comissão Nacional da Verdade realmente apure todos os crimes da ditadura.
Este é o quarto esculacho realizado no Rio e o primeiro que reúne pessoas para contestar a homenagem a uma figura política que participou ativamente do golpe de 64. “Não podemos permitir que continuemos a homenagear com nomes de praças, monumentos, ruas, lugares públicos aqueles que oprimiram, massacraram e torturaram o povo brasileiro”, denunciaram os articuladores do ato. Eles pedem a extinção de nomes de torturadores ou representantes da ditadura em qualquer monumento público.
Durante o seu mandato, Castelo Branco aboliu os treze partidos políticos existentes no Brasil, promulgou vários decretos-lei e quatro atos institucionais. É responsável pelo fechamento de centenas de sindicatos, pela expulsão de quase seis mil militares das Forças Armadas e cassação de parlamentares eleitos democraticamente.

A organização do ato foi feita pela Articulação Estadual pela Memória, Verdade e Justiça do Rio de Janeiro composta pelo Coletivo RJ, Comitê pela Memória, Verdade e Justiça de Niterói, Consulta Popular, Levante Popular da Juventude, Grupo Tortura Nunca Mais, MST, Juventude do PT, PCdoB, UNE e Sindicato Estadual dos Professores de Educação (SEPE).
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Um dossiê da escravidão da indústria da moda


  30 DE JULHO DE 2012

Zara, Pernambucanas, Collins, 775, Gregory, Marisa: obcecadas custos baixos (e lucros fartos…), grifes famosas enredam-se na malha podre do trabalho escravo

Repórter Brasil acompanha as fiscalizações realizadas no setor das confecções desde 2009, quando foi lançado o Pacto Municipal Tripartite Contra a Fraude e a Precarização, e pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo, do qual a Repórter Brasil é signatária.
Confira os principais casos já divugados durante estes três anos.
Caso Talita Kume – julho 2012
Um grupo de oito pessoas vindas da Bolívia, incluindo um adolescente de 17 anos, foi resgatado de condições análogas à escravidão pela fiscalização dedicada ao combate desse tipo de crime em áreas urbanas. A libertação ocorreu no último dia 19 de junho. Além dos indícios de tráfico de pessoas, as vítimas eram submetidas a jornadas exaustivas, à servidão por dívida, ao cerceamento de liberdade de ir e vir e a condições de trabalho degradantes. O grupo costurava para a marca coreana Talita Kume, cuja sede fica no bairro do Bom Retiro, na zona central da capital.
Caso Gregory – maio 2012

No mesmo dia em que a grife de roupas femininas Gregory lançava a sua coleção Outono-Inverno 2012 com pompa e circunstância, uma equipe de fiscalização trabalhista flagrava situação de cerceamento de liberdade, servidão por dívida, jornada exaustiva, ambiente degradante de trabalho e indícios de tráfico de pessoas em uma oficina que produzia peças para a marca, na Zona Norte da cidade da capital paulista. O conjunto de inspeções resultou na libertação de 23 pessoas, todas elas estrangeiras de nacionalidade boliviana, que estavam sendo submetidas à condições análogas à escravidão.

Caso Zara – agosto 2011
Confira a série especial de reportagens publicadas sobre o flagrante de trabalho escravo na cadeia produtiva da grife de moda Zara, da empresa espanhola Inditex. A Repórter Brasil acompanhou as investigações do Ministério do Trabalho e Emprego e as fiscalizações in loco e trouxe à tona o caso, que ganhou repercussão internacional.
Caso Collins – maio 2011
A Defensoria Pública da União em São Paulo (DPU/SP) ajuizou ação civil pública contra a empresa de vestuário Collins, envolvida em flagrante de trabalho análogo à escravidão em agosto de 2010. Trata-se da primeira ação coletiva apresentada pelo órgão ao Judiciário trabalhista. “Por falta de defensores, não há como atuarmos também na Justiça do Trabalho. Contudo, quando há uma relação com questões de direitos humanos, como é o caso do tráfico internacional e do trabalho escravo, nós atuamos”, observa Marcus Vinícius Rodrigues Lima, do Oficio de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da DPU/SP, que moveu a ação.

Caso Pernambucanas – abril 2011
A casa branca, localizada em uma rua tranquila da Zona Norte da capital paulista, não levantava suspeita. Dentro dela, no entanto, 16 pessoas vindas da Bolívia viviam e eram explorados em condições de escravidão contemporânea na fabricação de roupas. O grupo costurava blusas da coleção Outono-Inverno da Argonaut, marca jovem da tradicional Pernambucanas, no momento em que auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) chegaram ao local. A marca este envolvida em dois flagrantes: um em março de 2011 e outro em setembro de 2010.

Caso 775 – novembro 2010
Fiscalização encontrou duas bolivianas em condição de trabalho escravo no meio urbano e providenciou abrigo às vítimas. Submetidas a uma rotina de violências físicas e morais, elas costuraram exclusivamente para a marca 775.
Caso IBGE- outubro 2010
Vencedora da licitação dos 230 mil coletes deixou quase toda a produção (99,12%) para terceiros. Um deles, que não tinha nem registro básico, repassou parte da demanda para oficina que mantinha trabalho escravo.
Confira a matéria sobre o flagrante na produção dos coletes do IBGE:
Caso Marisa – março 2010
Etapas do processo desde o aliciamento até as lojas do magazine foram apuradas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), que aplicou 43 autos de infração, com passivo total de R$ 633,6 mil.
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Mais um incêndio em favela e uma CPI surda


  30 DE JULHO DE 2012

Em quatro anos, foram mais de 500 ocorrências. Comissão da Câmara de vereadores que deveria investigar o assunto, acaba no dia 8 sem ter ouvido ninguém
Por Raquel Rolnik, em seu blog
(Título original: Mais um incêndio em favela deixa 400 desabrigados. Enquanto isso, CPI chegará ao fim sem ter ouvido ninguém…)
No próximo dia 8 de agosto, será encerrada na Câmara Municipal de São Paulo a CPI dos incêndios em favelas, sem que ninguém tenha sido ouvido sobre o assunto. A informação é da Rede Brasil Atual, que em notícia publicada hoje afirma que, em 4 anos, o Corpo de Bombeiros registrou mais de 500 ocorrências de incêndios em favelas.
De acordo com a reportagem, na madrugada de sexta-feira (27/7), mais um incêndio aconteceu. Desta vez foi na favela Humaitá, que fica na zona oeste da cidade, onde 400 pessoas estão desabrigadas.
Recentemente, uma leitora postou aqui nos comentários do blog a informação de que uma pessoa morreu na comunidade da Paz, em Itaquera, por conta de um incêndio causado por uma vela acesa. O morador usava a vela porque a Eletropaulo cortou as ligações clandestinas de energia elétrica na comunidade. Imagino que, talvez, esta seja mais uma forma de pressionar pela saída dos moradores de áreas no entorno do estádio Itaquerão… Por sorte, o incêndio não se alastrou, senão a tragédia poderia ter sido bem maior…
Como diz a reportagem da Rede Brasil Atual, muitos levantam a possibilidade de que estes incêndios sejam criminosos, a fim de “facilitar” a remoção de comunidades e “liberar” áreas para novos empreendimentos. É lamentável que a CPI não tenha feito esta investigação.
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