O provável Feliz Natal de Rupert Murdoch
A sorte do magnata da mídia, Rupert Murdoch, parece estar mudando. Apesar da Fox News ocupar o cargo de ministério da propaganda do Partido Republicano, a equipe do presidente Obama está tornando possível a Murdoch aumentar seu poder, está premiando justamente o homem que fez de tudo para que Obama não chegasse ao segundo mandato. A Comissão Federal de Comunicações (CFC) parece estar preparando um presente de natal grandioso para Murdoch. O artigo é de Bill Moyers e Michael Winship.
Bill Moyers e Michael Winship - Common Dreams
Até agora, 2012 não foi o melhor dos anos para Rupert Murdoch. Para começar, nenhum dos que estão na folha de pagamento de sua Fox News –nem Newt Gingrich, nem Rick Santorum, nem Mike Huckabee, nem Sarah Palin – foi candidato à presidência pelo Partido Republicano.
É claro que, quando Mitt Romney foi o nomeado, o império do magnata da mídia não serviu senão para ampará-lo. E a despeito da lavada que previram para os republicanos na noite de apuração, os especialistas da Fox, Dick Morris e Karl Rove, estrategista e captador de recursos republicano número um, tiveram de engolir o segundo mandato de Barack Obama.
Ainda por cima, esta semana a News Corporation anunciou o encerramento dos trabalhos do The Daily, um periódico nacional multimilionário para iPads. Também, na semana passada foi publicado em Londres o Relatório Leveson, que trata dos brutais abusos da mídia britânica – entre os crimes há escutas telefônicas ilegais e subornos. O jornal de fofocas de Murdoch, The News of the World, está mais do que envolvido, é o que mais delinquiu.
As acusações compreendem “mau governo” e “reiterada falta de respeito pela privacidade e dignidade individuais”. Os efeitos colaterais custaram a Murdoch o maior negócio de sua carreira, a multibilionária BSkyb, rede televisiva via satélite.
Mas a sorte de Rupert está mudando. Apesar da Fox News ocupar o cargo de ministério da propaganda do Partido Republicano, a equipe do presidente Obama está tornando possível a Murdoch aumentar seu poder, está premiando justamente o homem que fez de tudo para que Obama não chegasse ao segundo mandato. A Comissão Federal de Comunicações (CFC) parece estar preparando um presente de natal grandioso para Murdoch.
Tudo indica que o magnata está de olho em dois dos últimos grandes periódicos norte-americanos, o Chicago Tribune e o Los Angeles Times, propriedades da falida Tribune Company. Mas Murdoch, mesmo que divida sua News Corporation em duas companhias (uma para a mídia impressa, outra para cinema e tevê), estaria infringindo assim leis que restringem companhias midiáticas de manter periódicos, canais de televisão e estações de rádio na mesma cidade. A CFC, porém, planeja suspender essas regras, abrindo caminho para que Murdoch adquira qualquer um dos dois jornais.
Conglomerados midiáticos receberiam autorização para devorar ainda mais canais de comunicação, o que aumentaria seus já consideráveis poderes, destruiria vozes independentes, ajudaria a erradicar noticiários locais, eliminaria a competição e a diversidade.
Em anos anteriores, a Comissão já havia renunciado a algumas das regras, mas o atual movimento oferece efeitos mais permanentes, como permitir a corporações monolíticas feito a News Corporation, a Disney, a Comcast, a Viacom, a CBS ou a Time Warner, em qualquer uma das cidades do país, a posse de jornais, dois canais de tevê, oito estações de rádio e mesmo o provedor de internet.
Um estudo recente da própria Comissão Federal de Comunicações mostra que 6,8 por cento dos canais de tevê e estações de rádio são propriedade de mulheres, 2,8 por cento de latinos, 0,5 por cento de asiáticos e menos de um por cento de afro-americanos.
Suspender as atuais regras só pioraria tal situação. Essa é uma das razões pelas quais o senador Bernie Sanders, independente eleito em Vermont, e alguns de seus colegas enviaram uma carta para o presidente da Comissão Federal de Comunicações, Julius Genachowski. “O Congresso lhe incumbiu de promover o regionalismo e a diversidade para a América”, escreveram. “Embora a corrente legislação ainda não tenha alcançado essa meta, ela permanece um bastião contra os interesses corporativos e pela preservação de vozes locais”.
Essa não é a primeira vez que a CFC tenta algo do tipo. Em 2003 e também há cinco anos, enquanto George W. Bush estava na Casa Branca, uma Comissão dominada por republicanos esgueirou uma tentativa de suspender a legislação, o que foi rejeitado tanto pelo Senado quanto pelo Tribunal Federal de Apelação. Entre os oponentes da suspensão estavam o senador novato Barack Obama e os senadores Joe Biden e Hillary Clinton.
Sob comando de Genachowski, a CFC esteve ao lado do interesse público em algumas ocasiões – a recente decisão de aumentar o número de estações FM comunitárias, por exemplo, ou a disponibilização online de informações sobre quem compra e quanto custam anúncios políticos. Mas desta vez tem-se a impressão de que Genachowski está tentando apressar a mudança na legislação, esquecendo-se do tempo necessário para que sejam feitas audiências públicas e ouvidorias.
Eles terão de escutar nossas vozes. Escreveremos para Genachowski, para nossos senadores e representantes, dizendo que eles devem adiar essa decisão e oferecer à população uma chance de tornar clara sua oposição. Nós já fizemos isso antes. Basta perguntarmos à Comissão Federal de Comunicações uma questão básica: qual parte do “não” vocês não entenderam?
(*) Tradução de André Cristi, texto originalmente publicado emwww.commondreams.org
É claro que, quando Mitt Romney foi o nomeado, o império do magnata da mídia não serviu senão para ampará-lo. E a despeito da lavada que previram para os republicanos na noite de apuração, os especialistas da Fox, Dick Morris e Karl Rove, estrategista e captador de recursos republicano número um, tiveram de engolir o segundo mandato de Barack Obama.
Ainda por cima, esta semana a News Corporation anunciou o encerramento dos trabalhos do The Daily, um periódico nacional multimilionário para iPads. Também, na semana passada foi publicado em Londres o Relatório Leveson, que trata dos brutais abusos da mídia britânica – entre os crimes há escutas telefônicas ilegais e subornos. O jornal de fofocas de Murdoch, The News of the World, está mais do que envolvido, é o que mais delinquiu.
As acusações compreendem “mau governo” e “reiterada falta de respeito pela privacidade e dignidade individuais”. Os efeitos colaterais custaram a Murdoch o maior negócio de sua carreira, a multibilionária BSkyb, rede televisiva via satélite.
Mas a sorte de Rupert está mudando. Apesar da Fox News ocupar o cargo de ministério da propaganda do Partido Republicano, a equipe do presidente Obama está tornando possível a Murdoch aumentar seu poder, está premiando justamente o homem que fez de tudo para que Obama não chegasse ao segundo mandato. A Comissão Federal de Comunicações (CFC) parece estar preparando um presente de natal grandioso para Murdoch.
Tudo indica que o magnata está de olho em dois dos últimos grandes periódicos norte-americanos, o Chicago Tribune e o Los Angeles Times, propriedades da falida Tribune Company. Mas Murdoch, mesmo que divida sua News Corporation em duas companhias (uma para a mídia impressa, outra para cinema e tevê), estaria infringindo assim leis que restringem companhias midiáticas de manter periódicos, canais de televisão e estações de rádio na mesma cidade. A CFC, porém, planeja suspender essas regras, abrindo caminho para que Murdoch adquira qualquer um dos dois jornais.
Conglomerados midiáticos receberiam autorização para devorar ainda mais canais de comunicação, o que aumentaria seus já consideráveis poderes, destruiria vozes independentes, ajudaria a erradicar noticiários locais, eliminaria a competição e a diversidade.
Em anos anteriores, a Comissão já havia renunciado a algumas das regras, mas o atual movimento oferece efeitos mais permanentes, como permitir a corporações monolíticas feito a News Corporation, a Disney, a Comcast, a Viacom, a CBS ou a Time Warner, em qualquer uma das cidades do país, a posse de jornais, dois canais de tevê, oito estações de rádio e mesmo o provedor de internet.
Um estudo recente da própria Comissão Federal de Comunicações mostra que 6,8 por cento dos canais de tevê e estações de rádio são propriedade de mulheres, 2,8 por cento de latinos, 0,5 por cento de asiáticos e menos de um por cento de afro-americanos.
Suspender as atuais regras só pioraria tal situação. Essa é uma das razões pelas quais o senador Bernie Sanders, independente eleito em Vermont, e alguns de seus colegas enviaram uma carta para o presidente da Comissão Federal de Comunicações, Julius Genachowski. “O Congresso lhe incumbiu de promover o regionalismo e a diversidade para a América”, escreveram. “Embora a corrente legislação ainda não tenha alcançado essa meta, ela permanece um bastião contra os interesses corporativos e pela preservação de vozes locais”.
Essa não é a primeira vez que a CFC tenta algo do tipo. Em 2003 e também há cinco anos, enquanto George W. Bush estava na Casa Branca, uma Comissão dominada por republicanos esgueirou uma tentativa de suspender a legislação, o que foi rejeitado tanto pelo Senado quanto pelo Tribunal Federal de Apelação. Entre os oponentes da suspensão estavam o senador novato Barack Obama e os senadores Joe Biden e Hillary Clinton.
Sob comando de Genachowski, a CFC esteve ao lado do interesse público em algumas ocasiões – a recente decisão de aumentar o número de estações FM comunitárias, por exemplo, ou a disponibilização online de informações sobre quem compra e quanto custam anúncios políticos. Mas desta vez tem-se a impressão de que Genachowski está tentando apressar a mudança na legislação, esquecendo-se do tempo necessário para que sejam feitas audiências públicas e ouvidorias.
Eles terão de escutar nossas vozes. Escreveremos para Genachowski, para nossos senadores e representantes, dizendo que eles devem adiar essa decisão e oferecer à população uma chance de tornar clara sua oposição. Nós já fizemos isso antes. Basta perguntarmos à Comissão Federal de Comunicações uma questão básica: qual parte do “não” vocês não entenderam?
(*) Tradução de André Cristi, texto originalmente publicado emwww.commondreams.org
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