sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Necessidade de financiamento da Previdência de janeiro de 2014 é 29,3% menor que a do mesmo mês em 2013


28/02/2014 12:16
Da Redação (Brasília) – Em janeiro de 2014, o setor urbano teve superávit de R$ 1,6 bilhão – resultado de arrecadação de R$ 24,1 bilhões e despesa com benefícios de R$ 22,5 bilhões. A arrecadação teve crescimento de 9% em relação a janeiro de 2013 e a despesa, 1,5%. Em janeiro de 2013, quando houve pagamento excepcional de revisões administrativas, o resultado havia sido déficit de R$ 82,3 milhões. Os valores levam em conta o pagamento de sentenças judiciais e a Compensação Previdenciária (Comprev) entre o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os regimes próprios de Previdência Social (RPPS) de estados e municípios.
 Os números são do fluxo de caixa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com informações de arrecadação e despesa com benefícios. O resultado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é apresentado considerando as duas clientelas da Previdência: urbana (empregados, domésticos, contribuintes individuais, facultativos) e rural (empregados rurais, trabalhadores rurais que produzem em regime de economia familiar, pescador artesanal e índio que exerce atividade rural).
Rural – A arrecadação no setor rural cresceu 2,1% em relação a janeiro de 2013. Foram arrecadados R$ 451,6 milhões – R$ 9,4 milhões a mais que no mesmo mês do ano passado.
A despesa com o pagamento de benefícios rurais foi de R$ 6,6 bilhões – queda de 3,5% se comparado a janeiro de 2013.
A diferença entre arrecadação e despesa gerou necessidade de financiamento para o setor rural de R$ 6,2 bilhões – queda de 3,9% em relação a janeiro do ano passado.
Agregado – Considerando-se as duas clientelas (urbano e rural), o resultado de janeiro de 2014 ficou negativo em R$ 4,6 bilhões – diferença entre arrecadação de R$ 24,5 bilhões e despesa de R$ 29,1 bilhões. A necessidade de financiamento é 29,3% menor que a registrada em janeiro de 2013.
Benefícios – Em janeiro de 2014, a Previdência Social pagou 31,173 milhões de benefícios, sendo 26,971 milhões previdenciários e acidentários e, os demais, assistenciais. Houve elevação de 3,6% em comparação com o mesmo mês do ano passado. As aposentadorias somaram 17,4 milhões de benefícios.
Valor médio real – O valor médio dos benefícios pagos pela Previdência, em janeiro de 2014, foi R$ 958,28 – crescimento de 21,1% em relação ao mesmo mês de 2007.
A maior parte dos benefícios (69,7%) – incluídos os assistenciais – pagos em janeiro de 2014 tinham valor de até um salário mínimo, contingente de 21,7 milhões de benefícios.
Informações para a Imprensa
Renata Brumano
(61) 2021-5109/5009
Ascom/MPS

Cai castelo de cartas do ministro Barbosa

As palavras finais do ministro, após a decisão que absolveu os réus da AP 470 do crime de

 quadrilha, soaram como a lástima venenosa de um homem derrotado.


Breno Altman
Arquivo

As palavras finais do presidente da corte suprema, depois da decisão que absolveu os réus da AP 470 do crime de quadrilha, soaram como a lástima venenosa de um homem derrotado, inerte diante do fracasso que começa a lhe bater à porta. A arrogância do ministro Barbosa, abatida provisoriamente pelo colegiado do STF, aninhou-se em ataque incomum à democracia e ao governo.

 
“Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo”, discursou o relator da AP 470. “Esta maioria de circunstância foi formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso, levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012.”


Sua narrativa traz uma verdade, um insulto e uma fantasia.

 
Tem razão quando vê risco de desmoronamento do processo construído sob sua batuta. A absolvição pelo crime de quadrilha enfraquece fortemente a acusação. Se não há bando organizado, perde muito de sua credibilidade o roteiro forjado pela Procuradoria Geral da República e avalizado por Barbosa. A peça acusatória, afinal, apresentava cada passo como parte minuciosa de um plano concebido e executado de forma coletiva, além de permanente, com o intuito de preservação do poder político. Se cai a tese de quadrilha, mais cedo ou mais tarde, as demais etapas terão que ser revistas. Essa é a porção verdadeira de sua intervenção matreira.

 
A raiva de Barbosa justifica-se porque, no coração desta verdade, está a neutralização da principal carta de seu baralho. O ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas materiais ou testemunhais, como bem salientou o jurista Ives Gandra Martins, homem de posições conservadoras e antipetistas. A base de sua criminalização foi uma teoria denominada “domínio do fato”: mesmo sem provas, Dirceu era culpado por presunção, oriunda de sua função de líder da eventual quadrilha. Absolvido do crime fundante, a existência de bando, como pode o histórico dirigente petista estar condenado pelo delito derivado? Se não há quadrilha, inexiste liderança de tal organização. A própria tese condenatória se dissolve no ar. O que sobra é um inocente cumprindo pena de maneira injusta e arbitrária.


Derrotado, Barbosa recorreu a um insulto: acusa o governo da República de ter ardilosamente montado uma “maioria de circunstância”, como se a fonte de sua indicação fosse distinta dos demais. Aponta o dedo ao Planalto sem provas e sem respeito pela Constituição. Atropela a independência dos poderes porque seu ponto de vista se tornou minoritário. Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, que manteve regulamentar distância das decisões tomadas pelo STF, mesmo quando eram desfavoráveis a seus companheiros, incorre em crime de Estado ao denunciar, através de uma falácia, suposta conspiração da chefe do Executivo.

 
A conclusão chorosa de seu discurso é uma fantasia. Não se pode chamar de “trabalho primoroso” uma fieira de trapaças. O presidente do STF mandou para um inquérito secreto, inscrito sob o número 2474, as provas e laudos que atestavam a legalidade das operações entre Banco do Brasil, Visanet e as agências de publicidade do sr. Marcos Valério. Omitiu ou desconsiderou centenas de testemunhas favoráveis à defesa. Desrespeitou seus colegas e tratou de jogar a mídia contra opiniões que lhe contradiziam. Após obter sentenças que atendiam aos objetivos que traçara, lançou-se a executá-las de forma ilegal e imoral.

 
O ministro Joaquim Barbosa imaginou-se, e nisso há mesmo um primor, como condutor ideal para uma das maiores fraudes jurídicas desde a ditadura. Adulado pela imprensa conservadora e parte das elites, sentiu-se à vontade no papel do pobre menino que é glorificado pela casa grande por suas façanhas e truques para criminalizar o partido da senzala.


O presidente do STF lembra o protagonista da série House of Cards, que anda conquistando corações e mentes. Para sua tristeza, ele está se desempenhando como um Frank Underwood às avessas. O personagem original comete incríveis delitos e manobras para chegar à Presidência dos Estados Unidos, derrubando um a um seus adversários. O ministro Barbosa, porém, afunda-se em um pântano de mentiras e artimanhas antes de ter dado sequer o primeiro passo para atravessar a praça rumo ao Palácio do Planalto.

 
Acuado e sentindo o constrangimento de sua nudez político-jurídica, o ministro atira-se a vinganças, recorrendo aos asseclas que irregularmente nomeou, na Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, como feitores das sentenças dos petistas. Delúbio Soares teve o regime semiaberto suspenso na noite de ontem. José Dirceu tem contra si uma investigação fajuta sobre uso de aparelho celular, cujo único propósito é impedir o sistema penal que lhe é devido. O governo de Brasília está sendo falsamente acusado, com a cumplicidade das Organizações Globo, de conceder regalias aos réus.


O ódio cego de Barbosa contra o PT e seus dirigentes presos, que nenhuma força republicana ainda se apresentou para frear, também demonstra a fragilidade da situação pela qual atravessam o presidente do STF e seus aliados. Fosse sólido o julgamento que comandou, nenhuma dessas artimanhas inquisitoriais seria necessária.


O fato é que seu castelo de cartas começou a ruir. Ao final dessa jornada, o chefe atual da corte suprema sucumbirá ao ostracismo próprio dos anões da política e da justiça. Homem culto, Barbosa tem motivos de sobra para uivar contra seus pares. Provavelmente sabe o lugar que a história reserva para quem, com o sentimento dos tiranos, veste a toga dos magistrados.


(*) Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Salários, bens e serviços impulsionaram arrecadação recorde


  • 25/02/2014 12h22
  • Brasília
Daniel Lima - Repórter da Agência Brasil Edição: José Romildo
A arrecadação de R$ 123,667 bilhões em janeiro deste ano, a maior da história, anunciada hoje pela Receita Federal, foi impulsionada pelas vendas de bens e serviços, que aumentaram 2,87% em comparação ao mesmo período de 2013.
Houve ainda, indicou a Receita, crescimento da massa salarial de 10,37% e do valor em dólar das exportações de 8,27%. O fator negativo foi a produção industrial, que registrou queda de 2,31%.
Conforme os dados apresentados pela Receita Federal, o desempenho das receitas administradas pelo fisco federal aumentou 0,91%, com acréscimo de R$ 1,06 bilhão em comparação ao mesmo período do ano passado, já com o ajuste do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em valores globais foram arrecadados R$ 117,13 bilhões ante R$ 116,07 bilhões comparando-se os meses de janeiro de 2014 e de 2013.
A Receita Previdenciária, com R$ 28,71 bilhões, teve um acréscimo de 4,26% na arrecadação das receitas administradas. O item representa um variação de 110,52% na participação total da arrecadação. Já o Imposto de Renda do rendimento do trabalho, com R$ 9,58 bilhões, cresceu 5,6%, e o Imposto sobre Importações - somado ao Imposto sobre Produtos Industrializados-Vinculado -, cresceu 8,22%, chegando a R$ 4,76 bilhões.
O Imposto de Renda de rendimentos de residentes do exterior cresceu 12,69%, passando a R$ 2,21 bilhões, e o Imposto de Renda sobre Rendimentos de Capital ficou em R$ 3,37 bilhões, com crescimento de 6,88%. O Imposto sobre Produtos Industrializados, sem o registro vinculado, cresceu 10,89%, chegando a R$ 1,33 bilhão.
Em contrapartida, houve queda nos seguintes tributos: Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), equivalente a -7,5%; Cofins/PIS-Pasep (-4%); Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ambos com queda correspondente -5,46%. As demais receitas administradas cresceram 36,18%. A Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) incide sobre as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, inclusive as empresas públicas.
O coordenador de Previsão e Análise da Receita Federal, Raimundo Elói de Carvalho, disse que a redução da receita da Cofins/PIS-Pasep foi resultado da combinação dos seguintes fatores: redução da Cofins e do PIS incidentes sobre as exportações, em razão de compensações tributárias e da diminição da base de cálculo aprovada pela Lei 12.865/2013. Pela Lei 12.865/2013 a União foi autorizada a conceder subvenção extraordinária aos produtores fornecedores independentes de cana-de-açúcar afetados por condições climáticas adversas durante a safra 2011/2012 na Região Nordeste.

Boletim do Ipea analisa agroindústria, inovação e produtividade


O 31º Boletim Radar traz resultados de uma enquete eletrônica que mostram a visão dos empresários sobre os gargalos e obstáculos ao crescimento da produtividade
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lança nesta quarta-feira, dia 26, às 10h, em Brasília (auditório do 16º andar - SBS, Qd 1, Bl J. Edifício BNDES/Ipea), a 31ª edição do Boletim Radar: tecnologia, produção e comércio exterior. Reunindo cinco artigos, a publicação trata de três temas relacionados às áreas de atuação da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura: agroindústria, inovação e produtividade.
No primeiro artigo, Gesmar Santos discute o perfil da expansão da agroindústria no Brasil a partir de indicadores setoriais e regionais e analisa, ainda, em que medida o crescimento do setor se relaciona com a oferta de matérias-primas nas diferentes Unidades da Federação (UFs). O artigo seguinte, de autoria de Luiz Ricardo Cavalcante e Fernanda De Negri, faz uma estimativa da relação entre os gastos empresariais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o produto interno bruto (PIB) em 2011, usando como referência os gastos em P&D apurados na edição mais recente da Pesquisa de Inovação Tecnológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PINTEC/IBGE).
A pesquisa de Mariano Macedo discute as “políticas de inovação pelo lado da demanda”, salientando sua importância e avançando na delimitação de um marco de referência para a sua análise. Vanderléia Radaelli e Jefferson Ricardo Galetti dão seguimento ao conjunto de artigos deste número por meio do debate em torno do tema da competitividade industrial e da produtividade. E, por fim, Fernanda De Negri e João Maria de Oliveira apresentam os resultados de uma enquete eletrônica realizada junto a empresas brasileiras para analisar de que forma o problema da produtividade é percebido e quais seriam, na visão dos empresários, os principais gargalos e obstáculos ao crescimento da produtividade.
Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
Fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada fornece suporte técnico e institucional às ações governamentais - possibilitando a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiro - e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus técnicos.
Assessoria de Comunicação

Agenda internacional: direita vence em Quito; Maduro tenta diálogo com oposição


O presidente Rafael Correa sofreu uma derrota nas eleições municipais

 deste domingo, perdendo em importantes cidades como Quito, 

Guayaquil e Cuenca.


Redação
El Telégrafo
 
Agenda internacional: 24/02/2014 a 01/03/2014
 
EQUADOR – O presidente Rafael Correa sofreu uma derrota nas eleições municipais deste domingo, perdendo em importantes cidades como Quito, Guayaquil e Cuenca. Segundo o jornal El Telégrafo, as derrotas em Quito e Cuenca em especial representaram um revés político simbólico expressivo para a Aliança País, liderada por Correa. Além disso, indicam uma rearticulação da direita no país para as próximas eleições presidenciais.

VENEZUELA – O presidente Nicolas Maduro convocou uma conferencia nacional de paz e Henrique Capriles aceitou a ideia com limites. Nesta segunda-feira, haverá uma reunião do presidente com governadores da qual Capriles deve participar.

COLÔMBIA – O governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) retomam conversações sobre o combate ao tráfico ilegal de drogas.

HAITI – O presidente Mickel Martelly se reúne com o Papa como parte de seu giro pela Europa.

COSTA RICA – O setor público convoca uma grande greve por aumento salarial. Os sindicatos protestam contra um decreto do Executivo que dá aos trabalhadores públicos um aumento de 0,45% em 2014.

ESTADOS UNIDOS – O Secretário de Defesa, Chuck Hagel, faz uma revisão do orçamento do Pentágono para 2015. Hagel indicou que o gasto militar sofrerá cortes nos próximos anos apesar de um plano do Congresso para reduzir estes cortes.

Será retomado o julgamento de Abd al-Rahim, suposto cérebro do atentado de outubro de 2000 contra o navio da Marinha dos EUA, USS Cole, no qual morreram 17 marinheiros e dois atacantes suicidas.

GRÉCIA – Novo resgate à vista? O Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, a Troika, volta a Grécia para examinar o progresso realizado pelo país no cumprimento do acordo de resgate financeiro. “O propósito é chegar a um acordo sobre as políticas necessárias que ajudem a completar esta quinta revisão do programa econômico do governo”, indicou a porta-voz do FMI, Angela Gaviria. Segundo o ministro de Finanças grego, o país implementou 78% das reformas exigidas pela Troika.

ALEMANHA – Angela Merkel visita Israel para a quinta reunião bilateral desde o acordo firmado pelos dois países em 2008. A última consulta governamental entre ambos ocorreu em 2012, em Berlim. Merkel também visitará o Reino Unido onde se reunirá com o primeiro ministro David Cameron, a rainha Elizabeth e vários parlamentares. Na pauta, o possível referendo britânico, em 2017, sobre a permanência na União Europeia e temas econômicos.

UNIÃO EUROPEIA – O parlamento europeu vota a prolongação de um fundo para os cidadãos mais pobres da União Europeia até 2020. O fundo é de 3,5 bilhões de euros.

Cúpula da União Europeia com o Brasil ocorre no marco da parceria estratégica firmada por ambas as partes em 2007. Na pauta, temas como segurança, mudança climática, os resultados da Conferência Rio 20 e as negociações do Mercosul para um acordo comercial.

COREIA DO SUL -  Greve geral contra a presidenta Park um ano depois do começo de seu governo. O slogan da convocatória da greve é: “Não aguentamos mais um ano depois de governo de Park”.

Indústrias de café poderão definir reajuste nos preços nos próximos dias


postado há 1 dia atrás

Diante da forte alta da cotação do café na bolsa de Nova York nos últimos dias, motivada pela seca que prejudicou a produção em algumas regiões produtoras, as indústrias do setor deverão aguardar mais alguns dias para decidir se vão revisar custos e preços, de acordo com Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Desde o início do ano até o fechamento de quinta-feira, os contratos de café arábica de segunda posição em Nova York registram alta de 50%, segundo o Valor Data.

Ontem, os contratos para maio, os mais negociados, recuaram 1,8% , a US$ 1,6945 por libra-peso, diante de um movimento de realização de lucros depois de terem subido mais de 11% na quarta-feira e 8,8% na terça-feira.

Herszkowicz disse que a indústria precisa de tempo para observar o mercado e aguarda uma melhor definição de uma tendência de preços para definir o reajuste. “Subiu muito [o preço do café], mas pode descer de novo”, afirmou.

O representante da Abic estima que em mais alguns dias será possível verificar uma tendência sobre a disponibilidade de safra e dos preços da commodity. O setor também está preocupado com a disponibilidade de café no próximo ano, cuja safra é de baixa produção no ciclo bienal do café arábica, que alterna ano de maior rendimento com outro de menor produção. A estiagem também deverá afetar a colheita em 2015.

As informações são do Valor PRO, adaptadas pelo CaféPoint
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A HORA E A VEZ DO MARKETING DO CAFÉ


Por Paulo Henrique Leme - postado em 20/02/2014

A ABIC divulgou no último dia 17/02/2014, o seu levantamento anual do Consumo Interno de Café. E o alerta foi aceso. Ao contrário dos últimos anos, onde assistimos um forte crescimento do consumo interno, o resultado foi uma queda. O total consumido segundo a pesquisa foi de 20,08 milhões de sacas em 2013, contra 20,33 milhões de sacas em 2012. Um decréscimo de 1,23% (1).

O crescimento do mercado interno brasileiro tem sido responsável no Brasil por literalmente segurar os preços do café. Sem ele, as últimas crises de preços teriam sido muito piores. O consumo doméstico é responsável por absorver grande parte do produto não exportado, em termos percentuais, 40% do café produzido no Brasil em 2013 foi consumido pelos brasileiros.

O mercado interno brasileiro absorve quase que a totalidade da produção de Conilon e os cafés do tipo Arábica que não atingem padrão de exportação. E mesmo nos cafés de qualidade superior, assistimos nos últimos dez anos a revolução da qualidade, que colocou nas gôndolas dos supermercados cafés especiais e de origem brasileira. A expansão do mercado de cafés em cápsulas também é outro sinal de que o mercado está evoluindo em prol da qualidade. O mercado brasileiro é fundamental para o presente e para futuro do agronegócio café no Brasil. E por isso a queda no consumo, mesmo que pequena, assusta.

As razões para este fato não são simples e merecem reflexão. Como não houve nenhuma mudança aparente na forma de cálculo, e sabendo que a tendência era de alta e constante, devemos olhar para duas questões: a questão macroeconômica, e o comportamento do consumidor.

A economia brasileira passa por um período de instabilidade, com taxa de inflação preocupante (controlada à duras penas pelo governo) e um recuo no consumo das famílias . Motivos mais do que suficientes para cortar supérfluos. O problema é que o café não entra nessa lista. Pelo contrário, seu consumo cresceu mesmo em outros momentos turbulentos de nossa economia. E a razão para este crescimento foi o investimento em qualidade (como a iniciativa do selo de pureza do café) e a explosão do consumo de café fora do lar. E é exatamente fora do lar que ocorreu a grande revolução em novos produtos e apelos para o disputado consumidor.

Uma das razões apontadas pela ABIC para a queda do consumo faz todo sentido. A concorrência com novos produtos, de sucos a energéticos, gelados e saborosos, é uma ameaça no café da manhã. A associação entre café e saúde pode ajudar nessa luta, mas sem inovação nas formas de preparo, embalagem e no consumo do café, talvez seja uma estratégia de difícil compreensão pelo consumidor final. Praticidade e conveniência são as palavras-chave nesse mercado da primeira refeição do dia. E é no café da manhã que pode morar o grande desafio. Sabemos que muito café é consumido literalmente pelo “ralo” (o café que sobre na garrafa térmica). Se o hábito de consumir o “café de filtro” mudar, mudam os parâmetros de consumo. A eficiência das monodoses pode jogar contra o crescimento global no consumo.

Outro ponto importante é que o consumo de café no mundo está crescendo não em sua forma pura, ou seja, o nosso “pretinho básico”, café puro, não tem ganhado novos adeptos. Por isso se ilude quem analisa o mercado pelos dados macros, é preciso ir mais à fundo para revelar pontos importantes. O consumo de café cresce com o café fazendo parte como ingrediente de outras bebidas, quentes e frias. O café é um detalhe nestes produtos.

Investir na qualidade do café consumido pelos brasileiros será ponto fundamental nas futuras estratégias de marketing. E aí mora um grande perigo. O conceito de qualidade do café não é tão simples como se imagina, e nem da forma como este conceito é vendido para os produtores. Qualidade é um conceito multifacetado. Cada pessoa possui uma visão própria, um gosto diferente. Faz todo o sentido investir em cafés especiais e seus atributos de bebida, faz todo sentido investir no marketing da sustentabilidade, é justo compreender que o consumidor quer um café conveniente e saboroso. Mas testes cegos de prova com consumidores de café podem mostrar que as escolhas são muito subjetivas. O consumidor médio brasileiro tem dificuldade de perceber nuances de sabor entre cafés especiais e cafés que ele julga como “padrão” para seus costumes. Por isso, questões subjetivas do comportamento do consumidor devem entrar em cena, como a marca, origem, sabores, ocasiões e sentimentos. E temos que concordar que os cafeicultores fizeram sua parte, investiram em qualidade, mas muitas vezes o que se vê no mercado é que ninguém quer pagar pelo diferencial de um café de qualidade. Uma equação que não fecha.

De qualquer forma, nossas estratégias de marketing para divulgação do café brasileiro precisam mudar urgentemente. Tanto no mercado interno quanto no mercado externo. Os consumidores querem se conectar com suas marcas preferidas, querem sentimentos, querem um relacionamento de fidelidade e admiração mútua. Nós ficamos na estratégia do empurrar. Bradar aos quatro cantos que os “Cafés do Brasil” são os melhores do mundo não funciona. Nenhum consumidor quer ouvir isso. Isso agrade apenas aos nossos cafeicultores, massageia o ego, mas deprime o bolso do produtor.

Precisamos chegar à mente dos consumidores. A estratégia não é “empurrar” conceitos. É fazer o consumidor “puxar”, desejar e querer consumir o café brasileiro. Aí eu lhe pergunto: qual mensagem passamos aos consumidores de café? Qual o primeiro desejo despertado nos consumidores quando ouvem a palavra “café”? E quando ouvem “Cafés do Brasil”? O que lhes vem à mente?

Este é um momento de reflexão. Costumo separar o comportamento do consumidor de café em três tendências importantes nos dias de hoje. As três conectadas, mas que merecem abordagens diferentes. A cultura do consumo de café, o consumidor e seus desejos, e a conexão com a origem, com o produtor. Falaremos destas tendências em outro artigo.

De qualquer forma, o momento é de construção de uma abordagem holística de marketing. A queda no consumo pode ser passageira, mas requer senso crítico. As mentes de produtores e industriais devem se unir para buscar uma solução. Não podemos deixar um importante pilar de nossa cafeicultura ruir.

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1 - http://www.cafepoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-de-noticias/abic-consumo-de-cafe-no-brasil-mantemse-quase-estavel-e-acima-de-20-milhoes-de-sacas-87656n.aspx.

2 - Como mostra pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A intenção de consumo das famílias no país em fevereiro recuou 0,9% em relação a janeiro e caiu 4,2% na comparação com fevereiro de 2013.


 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Relatório da ONU destaca valorização do salário mínimo como principal fator de redução de desigualdades no Brasil


O relatório lançado na quarta-feira, 29, pelo Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (Pnud) traça um quadro sombrio sobre a questão da distribuição de renda no mundo. Aponta que a produção de riquezas nas duas últimas décadas registrou aumentos notáveis e que o mundo está globalmente mais rico do que nunca. A apropriação dessas riquezas, porém, ocorre de forma cada vez mais desigual.

Roldão Arrud
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Segundo o relatório, intitulado Humanidade Dividida: Confrontando a Desigualdade nos Países em Desenvolvimento, o mundo hoje está mais desigual do que em qualquer outro período desde a 2.ª Guerra Mundial. Entre 1990 e 2010, a desigualdade de renda aumentou em 11% nos países em desenvolvimento.
No planeta, o 1% da população mais rica detém cerca de 40% dos bens globais. Do outro lado, a metade mais pobre da população não é dona nem de 1%.
Entre os países que conseguiram reverter a tendência global e reduzir as desigualdades, aparece o Brasil. Em uma década, o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu substancialmente no País. Passou de 54,2 para 45,9 (por esse índice, quanto mais o valor se aproxima de zero, menor a diferença entre a renda dos mais ricos e a dos mais pobres).
Ao analisarem as causas dessa melhoria, os especialistas da ONU, a exemplo do que já fizeram váriosestudiosos no Brasil, destacaram o efeito do salário. Entre 2003 e 2010, o salário mínimo real aumentou 80% no Brasil. O peso disso na redução da desigualdade de renda foi o dobro do verificado com os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
O documento ainda destaca como fator positivo a questão política, com a criação de espaços políticos que permitem maior participação da sociedade civil nos debates sobre os planos de desenvolvimento e definição de prioridades. Segundo o estudo, as pessoas em todo o mundo estão exigindo voz nas decisões que afetam suas vidas.
Globalização favoreceu desigualdade
Em termos gerais, o relatório diz que a globalização financeira e comercial verificada nas últimas décadas favoreceu o aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres. “O poder de negociação salarial dos trabalhadores, relativamente imóveis, diante do capital completamente móvel, foi debilitado”, diz o texto.
Políticas internas dos países também favoreceram a concentração de renda. “As políticas monetárias que fincam o pé na estabilidade de preços frente ao crescimento, as políticas de relativização do mercado de trabalho, que debilitam a força de negociação dos trabalhadores diante dos empregados, e as políticas fiscais que priorizam a consolidação fiscal às expensas dos gastos sociais e à tributação progressiva provocaram um aumento na desigualdade de renda.”
Política macroeconômicas centradas na estabilidade de preços, em vez de puxar para o primeiro plano o crescimento e a criação de empregos, seriam piores, do ponto de vista da redução das desigualdades, segundo os analistas da ONU.

Mídia e oposição engrossam coro fiscalista pra encurralar governo

O Banco Central voltou a elevar a taxa Selic, a taxa básica de juros, dando sequência a um processo iniciado em abril desse ano. Na ocasião, a Selic estava em 7,25% ao ano e foi elevada para 7,5%. Agora, esta taxa chega a 10%, após seis consecutivas elevações.

Paulo Passarinho
Com essas medidas, somos o país que mais elevou a sua taxa básica de juros ao longo de 2013 e nos mantemos como o país com a mais elevada taxa real de juros, do mundo. Uma brutal contradição, para um país que, segundo o próprio governo, necessita “acelerar o seu crescimento econômico”. Afinal, o custo do dinheiro não é uma variável fundamental para o maior, ou menor, incentivo a novos investimentos produtivos?
Mas, as contradições não se limitam a esse ponto. O processo de elevação da taxa Selic foi iniciado sob o pretexto de se combater a inflação. Contudo, esse tipo de “solução” para o problema inflacionário está vinculado, tecnicamente, a problemas decorrentes da existência de uma suposta pressão de demanda.
No caso brasileiro atual, não há indicadores que possam nos assegurar que haja uma pressão dasfamílias, dos governos ou das próprias empresas que não esteja sendo possível de ser atendida pela estrutura de oferta que temos hoje.
Não fosse isso, como explicar, por exemplo, os níveis de ociosidade da indústria ou o estoque de terras disponíveis para utilização produtiva ou para um mais adequado aproveitamento econômico? As razões da existência de pressões inflacionárias permanentes em nossa economia estão vinculadas, de forma mais precisa, à dependência de produtos e insumos importados (completamente sensíveis à taxa de câmbio), ao heterogêneo e diversificado setor de serviços (muito sensível aos reajustes reais do salário mínimo) e aos eternos desequilíbrios e tensões de uma economia extremamente oligopolizada, pelo lado da oferta.
Com um elevado grau de concentração da renda e poder de mercado nas mãos de uma minoria e uma massa de pequenos e médios produtores ao lado de consumidores com níveis de renda muito baixos, o conflito distributivo é permanente. Os agentes econômicos mais poderosos querendo manter a ferro e fogo as suas privilegiadas posições de ganho no jogo econômico, e um gigantesco universo de agentes econômicos buscando ampliar a sua participação no bolo econômico, de acordo com as oportunidadesque vão se abrindo, mas sempre de forma ávida e rápida. Afinal, para essa maioria, os níveis de remuneração e ganhos possíveis são quase sempre instáveis e temporários, no contexto de uma economia que se concentra cada vez mais.
Mas, a grande ou maior contradição dessa reiterada política de juros altos – que, junto com a valorização do real frente ao dólar, é característica do modelo econômico em curso no Brasil, desde o Plano Real – é a nossa situação fiscal.
Estamos assistindo a uma enfadonha polêmica envolvendo o governo, a oposição de direita e a mídia dominante sobre uma suposta leniência com as chamadas metas de superávit fiscal. O vilão seria o governo. A oposição de direita, em coro com os analistas econômicos da mídia e dos bancos, acusa o governo de perdulário, de deixar as despesas correntes do governo se elevarem, de não enfrentar – mais uma! – a reforma do sistema previdenciário, além de outras baboseiras.
O raciocínio circular, que procura dar racionalidade a essa crítica de natureza fiscal, e falsa, alega que na medida em que o governo mostra fraqueza em cortar despesas – especialmente, despesas correntes – e, ao invés de ampliar o superávit primário, diminuí-lo, os credores do governo veem com cada vez maior desconfiança a elevação da dívida bruta do Tesouro e passam, por isso, a cobrar taxas de juros cada vez mais elevadas, para o refinanciamento desta própria dívida.
O sofisma desta argumentação é que o fator mais dinâmico do endividamento público é justamente a despesa corrente com o pagamento de juros! A contenção de todas as demais despesas correntes e de investimentos é realizada justamente para – teoricamente – se pagar cada vez mais parcelas da dívida em curso, “sem se gastar mais do que se arrecada”, e assim, diminuir o endividamento do Estado. E é isso que, intensivamente, estamos fazendo desde o acordo com o FMI, em vigor a partir de 1999. Há 14 anos, portanto.
Entretanto, desde então, a dívida jamais deixou de crescer de forma espetacular. Em valores nominais e levando-se em conta o volume de títulos públicos nas mãos do Banco Central – para as operações de curto-prazo – e dos credores da dívida pública, o valor desta dívida saltou de R$ 344 bilhões para mais de R$ 2,8 trilhões, de acordo com os dados disponíveis até o mês de setembro desse ano; em percentuais do PIB, a evolução do endividamento foi de 35% para 64%. São dados, portanto, que evidenciam que o motor do endividamento não está relacionado ao fato de o governo gastar mais do que arrecada, com as suas despesas com a manutenção da máquina pública, remuneração dos seus servidores, investimentos ou pagamento de obrigações constitucionais, como é o caso das aposentadorias e pensões do INSS.
Curiosamente, a despesa corrente que desequilibra as despesas públicas é o pagamento dos juros, jamais questionado pelos economistas e analistas vinculados à defesa do modelo macroeconômico defendido pelo sistema financeiro. É como se este tipo de despesa fosse “natural”, impossível de ser questionada. E o motor dessa despesa é a taxa de administração da dívida pública, sempre igual ou superior à própria taxa Selic. Desse modo, por mais que “economizemos” recursos para a formação do superávit primário, vamos continuar a observar a elevação do endividamento público, com todas as manipulações interpretativas que temos visto ao longo de todos esses anos. Além, é importante frisar, das inúmeras ilegalidades cometidas pelo Banco Central, conforme demonstrado no relatório alternativo da CPI da Dívida Pública, elaborado pelo deputado Ivan Valente, do PSOL-SP, e presidente desta importante iniciativa parlamentar, concluída em 2010.
Paulo Passarinho é economista e apresentador do programa de rádio Faixa Livre.