sábado, 1 de dezembro de 2012

Caminhada em defesa do milho nativo. Mobilização na véspera da decisão sobre a solicitação da Monsanto



 
Giorgio Trucchi.
Rel-UITA (Unión Internacional de Trabajadores de la Alimentación, Agrícolas, Hoteles, Restaurantes, Tabaco y Afines)
Adital
Tradução: ADITAL

Foto: Bloque Verde
No dia 24 de novembro, em Matambú, Costa Rica, aconteceu a Caminhada em Defesa do Milho. Promovida por um amplo leque de organizações sociais, camponesas e ambientalistas, a caminhada percorrerá mais de 200 km até entrar na capital, San José, no próximo dia 3 de dezembro, data em que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) deverá tomar uma decisão sobre a solicitação apresentada por D&PL Semillas Ltda, subsidiaria da companhia Delta & Pine Land (Monsanto), para semear 15 hectares com milhos transgênicos MON-88017, MON-603 y MON-89034.
Durante o percurso, os ativistas planejaram realizar inúmeras atividades públicas, para informar a população sobre a necessidade de defender e proteger as sementes nativas da contaminação transgênica da Monsanto.
"Necessitamos chamar a atenção sobre esse tema e, sobretudo, articular as comunidades para que se mobilizem em defesa de nossas sementes”, disse a Sirel, Mauricio Álvarez, docente da universidade de Costa Rica e membro da Associação de Ecologia Social.
Álvarez explicou que também se realizarão encontros com diferentes prefeituras, entre elas algumas das que já emitiram ordem municipal para declarar seus territórios "livres de transgênicos”.
"Estamos trabalhando para que mais municípios se somem a essa medida que foi tomada por 8 municípios costarricenses”, recordou o ativista.
Um estudo recente (espanhol) conduzido pelo biólogo francês Gilles Eric Seralini demonstrou que os ratos alimentados com milho transgênico MON-603, patenteado pela Monsanto, morreram prematuramente e tiveram uma frequência de tumores de 60-70%, frente a 20-30% do grupo que não ingeriu o alimento.
Há umas semanas, a CTNBio decidiu transferir até o dia 3 de dezembro sua decisão sobre a solicitação apresentada pela D&PL Semillas Ltda (Monsanto) para semear esse tipo de milho.
Naquela ocasião, as organizações que se mobilizaram contra a aprovação de dita solicitação denunciaram a atitude hostil mostrada pelo Serviço Fitossanitário do Estado (SFE) e pela D&PL Semillas Ltda.
"Não quiseram incluir nas pastas dos membros da Comissão todos os documentos (espanhol)que apresentamos juntamente com a Universidade de Costa Rica, com o Ministério da Cultura e com outras organizações”, disse Fabián Pacheco, representante do setor ecologista ante a CTNBio.
"Caminharemos durante oito dias e pretendemos somar uma boa quantidade de gente para desenvolver uma grande vigília em frente às instalações do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG, em espanhol), onde se reunirá a CTNBio.
Nunca havíamos visto tanto interesse na população e tantos pronunciamentos do setor acadêmico sobre o tema. Reativou-se a sociedade, capitalizando o descontentamento generalizado que há no país.
Nesse sentido, se gerou muita pressão sobre a CTNBio e esperamos que, por primeira vez, essa instância vote contra a liberação de um transgênico no país”, afirmou Pacheco.
Durante a segunda jornada dessa longa caminhada, os ativistas receberam uma carta assinada por famílias camponesas de Santa Bárbara de Santa Cruz, que alertaram sobre o risco da contaminação transgênica e a perda da soberania alimentar.
"As sementes de muitos milhos foram herdadas de nossos avós e antepassados. Com elas, cuidamos a terra e alimentamos nossas famílias. Se contaminarem nossos milhos, vamos perder nossas sementes e o principal alimento de nossas famílias”, se pode ler na carta que será entregue às autoridades agrícolas costarricenses.

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