terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mulheres nicas com mais poder político do que no resto do mundo



 
La Primerísima
Radio La Primerísima, Nicarágua
Adital
Tradução: ADITAL
A Nicarágua encontra-se no quinto lugar em todo o mundo quanto à igualdade de gênero na dimensão de empoderamento político, segundo um relatório anual apresentado pelo Fórum Econômico Mundial.
Trata-se de uma medição quantitativa de equidade de gênero em âmbito de país e, sem dúvida, os resultados são impactantes. Nicarágua é o único país na América Latina que está entre os 10 melhores, muito acima dos Estados Unidos, por exemplo, que é o 22º da lista.
Entre os 135 países mencionados nesse relatório, a Nicarágua destaca-se pela quantidade de mulheres que são deputadas, com 40%, e em cargos ministeriais, onde conta com até 50%.
Em grande parte, essa classificação é resultado da legislação aprovada em maio de 2012, que requer que 50% dos candidatos dos partidos políticos sejam mulheres.
Como país, sofremos bastante. Com pouca frequência, temos razões para celebrar nossa excelência mundial, especialmente quando se trata de temas da mulher. Então, por que não houve celebração? É mais, não houve muita atenção dos meios locais. Também, nenhum grupo social ou entidades de mulheres mencionaram esse avanço e, certamente, não houve atenção internacional a respeito, diz a Dra. Susan Clancy, diretora do Centro para a Liderança da Mulher, de Incae.
Agregou que teve a oportunidade de perguntar a líderes do setor público e privado da Nicarágua, bem como a membros da comunidade diplomática. A conclusão foi que a pouca gente parece importar que as mulheres estejam no poder. Parece que lhes importam mais as razões pela quais essa lei foi aprovada.
De acordo a uma fonte representativa, "a finalidade dessa lei não era o empoderamento das mulheres, mas, simplesmente, adquirir mais poder. Essa lei era destinada a atrair o voto feminino no futuro”. Outra fonte nos disse: "essa lei tinha como objetivo principal desestabilizar a oposição, que não tinha suficientes candidatas inscritas”. Tais opiniões são interessantes, potencialmente valiosas e conviria que fossem exploradas em profundidade. No entanto, essas não deveriam interpor-se aos fatos.
Não sou uma figura política. Sou uma cientista. Em Harvard, durante meus estudos de doutorado, me ensinaram a basear minhas crenças/opiniões não nas emoções, nas esperanças, nos sonhos ou na orientação política; mas, nos dados e fatos concretos. Nesse caso, os dados são bastante claros. A equidade de gênero na participação política, sem importar como esta surgiu, é algo positivo. Atualmente, a metade da população da Nicarágua são mulheres; elas recebem 60% dos títulos universitários; compõem a metade da força de trabalho e estudos demonstram que é mais provável que as mulheres X os homens invistam seu dinheiro na saúde e na educação de suas famílias.
Devido a isso, não tem sentido que quem planejam e definem as políticas que atingem a essas mulheres e suas famílias sejam primordialmente homens. As vozes das mulheres devem ser escutadas; elas são necessárias para impulsionar o progresso. Como uma função dessa lei, em cada povoado, município e região da Nicarágua, uma mulher se levanta, dá de comer a sua família e vai para o trabalho em uma posição de poder político formal.
As repercussões disso vão além da política. A América Latina ainda é uma região onde predomina o machismo; a liderança sempre tem estado e continua sendo associada aos homens. Como consequência, existe um tremendo desperdício de recursos humanos, um número incalculável de mulheres com talento, educação e poder financeiro cujas ideias e contribuições são desprezados e ignorados.
Qual é a maneira mais rápida de superar esses preconceitos? Empoderar as mulheres e trazer uma mudança positiva econômica, social e cultural? Os dados demonstram que não é mediante capacitações de gênero ou custosos programas sobre o empoderamento das mulheres financiadas por organizações internacionais de ajuda. Mas, é mediante o exemplo, por mais mulheres em posições de poder e torná-las visíveis.
Por primeira vez na história da Nicarágua, igual quantidade de homens e mulheres sentam-se na mesa de poder e decisão política. Independentemente de como ou porquê chegaram lá, os dados demonstram que essas mulheres formarão e definirão o futuro da Nicarágua para melhor. A mudança não vem de um dia para outro; vem aos poucos. E isso é progresso.
 
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