A energia eólica no Brasil passou por um período de lento crescimento, porém, os projetos contratados nos últimos três anos deverão quintuplicar a capacidade instalada. É a tecnologia limpa que mais tem crescido na última década, trazendo benefícios ambientais e sociais para diversos países. Nosso trabalho buscou quantificar a geração de empregos diretos e indiretos pela energia eólica no país. Até 2020, serão gerados 195 mil empregos, e 70% desses são diretos, a maioria na construção civil, com grande potencial para a criação de empregos em localidades rurais. Assim, a energia eólica deverá contribuir decisivamente para o desenvolvimento sustentável do país.
Moana Simas E Sergio Pacca
Moana Simas E Sergio Pacca
Introdução
A adoção de energias alternativas tem sido amplamente buscada desde a década de 1970, quando as crises do petróleo levaram diversos países a procurar a segurança no fornecimento de energia e a redução da dependência da importação de combustíveis. Recentemente, as preocupações ambientais se tornaram o maior motor para a busca de alternativas mais limpas de produção de energia. Entre essas alternativas, a energia eólica é uma que despertou significativa atenção durante as últimas décadas.
Durante as últimas décadas, foram realizados diversos estudos para avaliar os efeitos econômicos e ambientais da utilização das energias renováveis, especialmente em relação à mitigação das emissões de GEE dos sistemas energéticos e os efeitos das políticas climáticas na economia. Devido às preocupações com o aumento do preço da energia decorrente da utilização dessas tecnologias, surgem diversos estudos para verificar sua consequência sobre o nível de emprego e o potencial para a geração de novos empregos por esses sistemas.
Apesar, no entanto, de ser praticamente consensual a ideia de que a geração de empregos é mais intensa em energias renováveis do que em energias fósseis, como mostram as compilações de estudos científicos analisadas em Unep/ILO/IOE/Ituc (2008) e em Rutovitz e Atherton (2009), estudos realizados anteriormente diferem muito quanto aos resultados encontrados. A análise desses estudos permite afirmar que não há consenso sobre premissas e metodologias para as estimativas, e os dados apresentados de maneira agregada não permitem a comparação entre os resultados ou a utilização desses para estimativas em outros contextos senão o estudado.
Por outro lado, grande parte das estimativas de criação de empregos em tecnologias de energias renováveis concentra-se na América do Norte e na Europa, havendo poucos estudos referentes a mercados emergentes, nos quais a tecnologia e a produção apenas começam a se desenvolver, atribuindo-se pouca importância aos efeitos da importação e exportação de equipamentos sobre o nível de empregos.
Ainda é baixa a contribuição da energia eólica para a capacidade de geração de energia elétrica no Brasil, e ainda menor é sua participação na oferta de energia. Entretanto, nos últimos anos, o setor de energia eólica experimentou um rápido aumento no número de projetos contratados, e a capacidade instalada de energia eólica deve aumentar em mais de 450% em apenas cinco anos. A indústria de aerogeradores também vem experimentando rápido aumento, e é esperado que a capacidade de produção aumente significativamente entre 2012 e 2013.
Diante desse panorama, é essencial que se avalie o impacto que o rápido crescimento do setor eólico terá sobre a economia brasileira, especialmente em relação ao seu potencial de geração de empregos, de modo a oferecer uma base para subsidiar a formulação e gestão de políticas energéticas e industriais para o setor eólico e avaliar a sua possível contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Moana Simas é mestre em Energia pela Universidade de São Paulo, assistente de Pesquisa no Departamento de Ecologia Industrial da Norwegian University of Science and Technology (NTNU) e membro da ISIE - Sociedade Internacional de Ecologia Industrial.
Sergio Pacca é professor associado da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade da Universidade de São Paulo, professor do Programa de Pós-Graduação em Energia da Universidade de São Paulo, coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Políticas e Regulação de Emissões de Carbono e Membro da ISIE - Sociedade Internacional de Ecologia Industrial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário