segunda-feira, 1 de julho de 2013

BRASIL, TURQUIA E TUNÍSIA: UMA MESMA LIÇÃO

No Brasil, como na Turquia, ou mesmo na Tunísia, à alvorada das “primaveras árabes”, a contestação partiu de um incidente de aparência inócua. Ela surpreendeu todo o mundo e expressa um movimento social profundo, em que as instituições políticas parecem incapazes de responder.

Pierre Rousselin
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Esses bruscos impulsos de febre têm em comum surgir nos países que tem conhecido ao longo dos últimos anos um progresso econômico indiscutível. Eles são espontâneos e ocorrem fora dos canais esperados para supervisionar as reivindicações sociais. Nenhum líder, nenhuma estrutura assume o controle, o que os tornam tanto mais difícil de identificar e, portanto satisfazer.
As razões da vindicta popular são, inicialmente, muito concretas – a alta das tarifas dos ônibus, no Brasil; o destino de um parque, em Istambul; a imolação de um vendedor de frutas e legumes, em Sidi Bouzid – mas isso é rapidamente uma frustração muito mais radical que se expressa. As redes sociais ajudam à mobilização. Elas não são suficientes para explicar. O mais incrível é que esses bruscos impulsos chamuscados de raiva ocorrem nos países submissos a regimes autoritários, mas também lá onde uma democracia, certamente imperfeita, é instalada.
No Brasil e na Turquia, mas era também verdade na Tunísia, a emergência de uma classe média cada vez mais numerosa parecia deixar prever os dias seguintes que cantam. Os gestores se apóiam sobre um pacto social que os levavam à estabilidade, enquanto que eles eram os responsáveis pela melhoria das condições de vida.
Uma desaceleração do crescimento, e é esse o pacto que é posto em questão, para Ben Ali na Tunísia, para AKP d’Erdogan na Turquia, ou para o Partido dos Trabalhadores de Lula e Dilma Rousseff. Com a mundialização acelerada, as sociedades mudam muito mais rápido que as instituiçõespolíticas que são consideradas as conduzirem. Em muitos países – emergentes, mas não somente – isso é uma lição para meditar.
Tradução exclusiva para o Controvérsia:
Tereza Sandra Loiola Vasconcelos (francês)
Contato: terezavasconcelos@hotmail.com

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