Desde a crise financeira de 2008, que provocou uma parada súbita nas linhas de crédito internacionais, a dívida externa brasileira aumentou 60%, impulsionada pelo endividamento das empresas.
MARIANA CARNEIRO
MARIANA CARNEIRO
Com isso, o endividamento externo do país subiu do equivalente a 12% do PIB (Produto Interno Bruto) para 13,9% neste ano, após quatro anos de relativa estabilidade.
Diante de um cenário de abundância de recursos e juros mais baixos no exterior, as empresas aumentaram sua dívida lá fora.
A questão é que, simultaneamente, elas passaram a assumir riscos de prejuízo em caso de uma repentina desvalorização cambial.
Em 2008, a alta do dólar em decorrência da crise bancária nos EUA, levou Aracruz e Sadia a dificuldades. Ambas tinham operações com derivativos atrelados ao dólar e acabaram vendidas.
Para Teixeira, não há risco no médio prazo: "De fato a dívida aumentou, mas, quando comparada com a de outros países, é baixíssima".
Além disso, observa o economista, o prazo é longo (em média, 6,5 anos) e o montante é pouco superior ao que o Brasil arrecada com exportações --a dívida externa equivale a 1,3 vezes o auferido com as exportações, segundo cálculos de Teixeira.
Para Daniela Prates, professora da Unicamp, contudo, o enfraquecimento recente das exportações são um fator de vulnerabilidade.
"A capacidade de gerar divisas [para honrar as dívidas] se dá por meio das exportações. E o cenário pós-crise ficou mais grave nesse ponto, porque a concorrência ficou mais acirrada", afirma.
"A composição da nossa pauta de exportações faz com que sejamos mais vulneráveis ao preço das commodities e à demanda da China. Isso traz preocupação quanto à solvência da dívida", diz ela.
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