Em pé, no meio da rua, debaixo de chuva, sem qualquer equipamento de proteção, passando frio, dormindo nas ruas, durante os intervalos e urinando entre os carros.
Essas são as condições em que os oficiais das Forças de Segurança Interna, se encontram para realizar suas funções, nos postos de controle recentemente implantados em Haret Hreik, no Dahiyeh.
A forma vergonhosa, e desrespeitosa, com que o governo trata seus agentes de segurança, tem refletido sobre a sociedade, que se questiona como é possível que os agentes de segurança do país, sejam tratados de forma tão subdesenvolvida, e sem qualquer respaldo ou suporte mínimo, para o exercício de sua função.
Que tipo de governo não oferece aos seus agentes, cabines de proteção, e equipamentos de iluminação, para chuva e frio, e se acomoda tranquilamente, na inércia burocrática dos processos administrativos? Como estes agentes podem desenvolver um serviço eficiente de proteção e segurança em um posto de controle, dessa categoria? Que tipo de superior, responde a seu subordinado, diante de um pedido simples, de iluminação noturna, que ele busque auxílios das milícias não governamentais, como o Hezbollah e o Amal, para que lhes auxilie com o fornecimento do referido equipamento?
Quem poderia exercer sua função, de proteger e servir a sociedade, diante de tão péssimas condições de trabalho? Antes de serem policiais e agentes de segurança do governo, esses oficiais, são seres humanos, e merecem ser tratados com mais dignidade e respeito. O descaso e desrespeito com que eles vêm sendo tratados, apenas comprovam a incompetência e a incapacidade, de um Estado desqualificado em oferecer qualquer serviço de proteção, e segurança, de qualidade, à sociedade. Se os oficiais de segurança do Estado são tratados com tamanha precariedade, obviamente, a sociedade não representa nada para o governo, além de números nas eleições.
O memorando da ISF, sobre o plano de segurança, diz: "Os dirigentes deverão guarnecer os postos de controle na base, com 24 horas de trabalho, seguidas de 24 horas de licença. Cada oficial deverá servir por 4 horas contínuas no posto, seguida de 4 horas de descanso". No entanto, a mente brilhante que elaborou o plano de segurança, não descreve onde estes agentes deverão se posicionar durante as 4 horas de descanso, não forneceu sequer equipamentos mínimos, e básicos, de trabalho, de proteção, e local para descanso, obrigando esses oficiais a usarem os cafés, para descansar.
Se não fosse o bastante, eles ainda precisam buscar locais seguros e discretos para fazer suas necessidades fisiológicas, colocando-se em situações constrangedoras, como a de urinar atrás de paredes, entre veículos e árvores, como os animais de rua o fazem, porque seus superiores não tiveram a decência e a dignidade de lhes fornecer, nem uma cabine química para suas necessidades. E há ainda, o problema do transporte dos oficiais, de suas residências para os subúrbios de Beirute, uma despesa que vem sendo custeada pelos próprios oficiais, embora alguns recebam um vale de U$10,00 para o transporte, por cada dia de serviço.
Isso é absurdo, e inacreditável! Outro memorando, da Direção Geral da ISF com data de 28 de setembro, ainda orienta os oficiais a racionalizar o consumo de tinta das impressoras, por falta de recursos no orçamento, pedindo que os oficiais não usem fontes em negrito para a impressão de documentos, com exceção de frases de suma importância, que necessitem destaque.
Se o Estado não pode custear nem simples cartuchos de impressora para o departamento, obviamente não terá verba para fornecer equipamentos decentes e apropriados para seus agentes de segurança nos postos de controle. O que se subentende também, que o serviço de segurança oferecido à sociedade, será precário e ineficiente. O governo libanês precisa tratar com mais respeito e dignidade os agentes da ISF, porque deles dependem a segurança do Estado e da sociedade civil!
Claudinha Rahme
Gazeta de Beirute
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