sábado, 5 de outubro de 2013

Barbárie do capital


"A mercantilização dos valores e sentimentos mais nobres e elevados da nossa civilização tais como: o amor, a fraternidade, a amizade, a solidariedade são desvirtualizados pelo capitalismo para a obtenção de lucro"

Ari Zenha
O velho morre, mas o novo não consegue nascer
Antonio Gramsci
Dinâmica destrutiva - O capital, no atual momento histórico dedesenvolvimento e apropriação da alta tecnologia, tem colocado a humanidade, isto em escala global, frente a conflitos estruturais, inerentes à sua própria existência enquanto modo de produção, estabelecendo para toda a nossa civilização não só a possibilidade real da barbárie, como a sua existência no momento atual, pois já estamos vivenciando-a em vários aspectos na nossa sociedade em nível global.
A constatação destrutiva da dinâmica capitalista tem levado não só os trabalhadores do mundo desenvolvido, como todos os trabalhadores, a perdas consecutivas de conquistas realizadas ao longo da história. Compartilho com a colocação de Edmundo Dias: “A formulação clássica na literatura fala em ‘mundo do trabalho’. Isto acaba por identificar trabalho e capital, facilitando os discursos e as práticas reformistas. Usaremos a fórmula 'mundo dos trabalhadores' para indicarmos a práxis das classes subalternas.”
O desemprego é estrutural e crônico, a violência é globalizada, a destruição da natureza e toda a sua biodiversidade estão colocando o planeta frente a uma situação quase irreversível e, em alguns casos, já completamente irrecuperáveis. A mercantilização dos valores e sentimentos mais nobres e elevados da nossa civilização, tais como o amor, a fraternidade, a amizade, a solidariedade são desvirtualizados pelo capitalismo para a obtenção de lucro, e aí é um vale tudo para que o capitalismo continue trilhando o seu caminho de desumanização e destruição, pois o que impera e determina o capital, isso é de sua gênese, é a sua máxima: lucro a qualquer preço e de qualquer forma. Surgiram os ideólogos do fim da história no auge do início dos anos de 1990 até o início do ano 2000, a produção e o consumo perdulário, o rápido e crescente esgotamento dos recursos naturais, os desastres ambientais, enfim, um processo que se não for contido e revertido, já está levando a humanidade a uma situação de ruptura desintegradora.
Hoje o capital já criou a “sociedade dos descartáveis” e isto vale para tudo, inclusive o próprio homem.
Marx
Como Karl Marx já dizia em 1845: “No desenvolvimento das forças produtivas chega um estágio em que surgem forças produtivas e meios de troca que, com as relações existentes, só causam malefícios, e não são mais forças produtivas, e sim destrutivas.”
O capital globalizado coloca, não para uma nação, mas sim, para toda a humanidade, o seu imperativo da lucratividade, englobando todo o planeta no seu ciclo de autorreprodução ampliada.
A “metamorfose” do capitalismo atual está procurando se alicerçar no desenvolvimento e apropriação da alta tecnologia, nas gigantescas corporações transnacionais, nos imperativos neoliberais, hoje já em xeque, mas mesmo assim buscando reestruturar-se num “novo” sistema mundializado de dominação político-administrativa.
Alternativa
"O capital globalizado coloca, não para uma nação, mas sim, para toda a humanidade o seu imperativo da lucratividade"
Diante da crença irrestrita dos liberais e neoliberais, dos seus ideólogos e escribas na superioridade, invencibilidade e eternidade do capitalismo, continuam afirmando: não há alternativa a não ser o capitalismo! O capital sairá mais fortalecido da atual crise em que está envolto, afirmam.
Nada mais falso, pois acreditamos que o silêncio dos subalternos e a necessidade imperiosa destes “construírem um sentido de suas ações de forma autônoma, vale dizer como construção de uma sociabilidade para além da ordem do capital.” (Dias)
Podemos afirmar concordando com Gramsci: “Quem domina não pode resolver a crise, mas tem o poder de impedir que outros a resolvam.”
No atual momento histórico que vivemos do capitalismo globalizado nada tão assertivo como a colocação de Marx no “Manifesto Comunista”: “Em lugar da exploração dissimulada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, despudorada, direta e brutal.”
Ari de Oliveira Zenha é economista

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