Análises psicanalíticas permitiram à psicóloga Sandra Aparecida Serra Zanetti perceber que pessoas que se definem como “solteiros por opção”, ainda que respaldadas por uma modernidade mais individualista e narcísica, têm acontecimentos passados que, de forma inconsciente, as influenciam a não criar vínculos amorosos.
Mariana Melo
Mariana Melo
Modelos de se relacionar: tecnológico, consumismo e o narcisismo moderno
No caso de rejeição da construção de vínculos amorosos, Sandra buscou verificar a formação da subjetividade tanto pelo contexto sociocultural quanto por análise psicanalítica. “Como conteúdos inconscientes interferem na maneira como nos comportamos?” questiona.
O que percebeu é que, apesar da maior liberdade por continuar solteiro, fatos ocorridos guiavam essa opção nos participantes, de forma inconsciente. Sandra citou, como exemplo, o divórcio tumultuado dos pais dessas pessoas, quando elas eram mais jovens.
Modernidade
Ainda assim, a pesquisadora não deixa de salientar como a modernidade transforma as formas de relacionar das pessoas. Hoje, em geral, as pessoas não se veem obrigadas a casar, ou seja, têm mais opções de escolher como querem viver, e isso, para a pesquisadora, é positivo. “No entanto”, diz, “carregamos o peso de tomar essas decisões. Estamos mais sozinhos e mais exigentes. Estamos mais suscetíveis e sem suporte”.
Ainda assim, a pesquisadora não deixa de salientar como a modernidade transforma as formas de relacionar das pessoas. Hoje, em geral, as pessoas não se veem obrigadas a casar, ou seja, têm mais opções de escolher como querem viver, e isso, para a pesquisadora, é positivo. “No entanto”, diz, “carregamos o peso de tomar essas decisões. Estamos mais sozinhos e mais exigentes. Estamos mais suscetíveis e sem suporte”.
Na estruturação narcísica, as pessoas estão tão preocupadas consigo mesmas que veem relacionamentos como um incômodo. Elas preferem, segundo a pesquisadora, se centrar em tarefas cotidianas próprias e abrir mão de vínculos que as distraíssem de alguma forma.
A formação de um vínculo exige lidar com frustrações diante da projeção de características no parceiro, que não se provam reais. “Nunca conhecemos alguém de fato. Isso é da condição humana”. Essa dificuldade diminui a capacidade de construir e manter vínculos e, nessa fragilidade narcísica, a decepção e o sofrimento se tornam um fardo supervalorizado. “É como se essas pessoas não pudessem se expor. Elas se fecham para a realidade” diz Sandra, e continua “Essa interferência [relação], mesmo que resulte numa decepção, pode ser boa, pois traz amadurecimento e desenvolvimento de recursos psíquicos para lidar com a frustração. Ou seja, um enriquecimento que dá bagagem para enfrentar dificuldades. Perde-se ao não se vincular” finaliza.
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